Um dia para ficar para a História da causa da prematuridade!
Hoje a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), em sua 137a Reunião Ordinária, trouxe como recomendação final a incorporação do Nirsevimabe, a "vacina da bronquiolite", que na realidade é um medicamento imunobiológico de dose única que previne infecções pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), causador de cerca de 70% dos casos de bronquiolite em crianças pequenas.
O documento traz a recomendação: "nirsevimabe para a prevenção de infecção do trato respiratório inferior associada ao vírus sincicial respiratório para todos os bebês prematuros e/ou portadores de comorbidades".
Estamos radiantes de felicidade e gratos aos membros Comissão por essa grande conquista, que é de toda a sociedade!
A ONG Prematuridade.com acompanhou de perto e pôde participar ativamente em algumas fases da análise da incorporação Nirsevimabe, tanto no SUS, quanto junto à Comissão de Atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar (Cosaúde) da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que rege os convênios.
A ANS foi a primeira a incorporar o medicamento para todos os bebês prematuros, sem critérios de idade gestacional ao nascimento. Mas, infelizmente, não contemplou crianças com comorbidades importantes, como Síndrome de Down, fibrose cística, doença neuromuscular, anomalias congênitas das vias aéreas e imunocomprometidos. Pelos convênios, ficaram definidos os seguintes critérios de aplicação do Nirsevimabe:
- Prematuros com idade gestacional < 37 semanas (36 semanas e 6 dias) e com idade inferior a 1 ano (até 11 meses e 29 dias) entrando ou durante sua primeira temporada do VSR e;
- Crianças com idade inferior a 2 anos (até 1 ano, 11 meses e 29 dias) com a presença de doença pulmonar crônica da prematuridade (displasia broncopulmonar) ou doença cardíaca congênita com repercussão hemodinâmica demonstrada.
Uma excelente notícia para os prematuros, já que hoje a cobertura do Palivizumabe, imunobiológico disponível para a mesma finalidade, é válida somente para bebês que nascem com menos de 29 semanas de gestação na maioria dos Estados. O Distrito Federal, o Paraná, o Maranhão, a Bahia e a Paraíba têm o chamado "protocolo estendido", garantindo o acesso de todos os prematuros menores de 32 semanas.
Já a Conitec trouxe a boa nova de que, além dos prematuros, crianças com comorbidades, que apresentam evolução mais grave quando acometidas por infecções, também terão direito ao Nirsevimabe. Ainda não sabemos quais são as comorbidades contempladas, estamos aguardando o Ministério da Saúde publicar essa informação.
Em dezembro de 2024, nossa Associação, juntamente com a Associação Brasileira de Asma Grave (ASBAG), a Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA), a Associação Brasileira de Pacientes com Doenças Raras e Seus Cuidadores, a Casa Hunter, a Crônicos do Dia a Dia, a Federação Brasileira de Associações de Síndrome de Down, a Fundação Pro AR, o Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS) e o Movimento Down, havíamos enviado um posicionamento conjunto ao Ministério da Saúde, clamando por essa decisão. E em novembro, havíamos convocado a população para participar da consulta pública sobre a incorporação do Nirsevimabe.
Não sabemos quando o Nirsevimabe estará de fato disponível pelo SUS, mas reforçamos que sua aplicação já é obrigatória pelo convênios para TODOS os prematuros. Não deixe de solicitar ao pediatra do seu filho.
Acesse o documento na íntegra: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/reuniao_conitec/2025/pauta-da-137a-reuniao-ordinaria-da-conitec-comite-de-medicamentos-12-e-13-02-2025
Sobre o Nirsevimabe
O Nirsevimabe não é uma vacina, é um medicamento preventivo de dose única que protege os bebês das infecções pelo VSR. O VSR é responsável por cerca de 75% dos casos de bronquiolite e 40% dos casos de pneumonia em crianças menores de 2 anos. Ele é a principal causa de internação e óbitos em crianças pequenas no Brasil. Em prematuros com menos de 1 ano, o risco de desenvolver bronquiolite como consequência do VSR é o dobro do que nos demais bebês e o risco de hospitalização por VSR em prematuros menores de 32 semanas é 16 vezes maior do que em bebês nascidos a termo.
Sazonalidade e aplicação do medicamento disponível hoje
O período de maior circulação do VSR no Brasil, também chamado de "sazonalidade", acontece de janeiro a agosto. A sazonalidade não está ligada a estações frias, porém, no Sul e Sudeste acontece próximo ao outono e inverno e, no Norte, coincide com a estação das chuvas. Veja, abaixo a sazonalidade do VSR por região e a recomendação atual de aplicações do Palivizumabe, profilaxia disponível até hoje no país pelo SUS:
- Região Norte: com a sazonalidade de fevereiro a junho, o período de aplicação deve começar em janeiro.
- Região Nordeste Centro-Oeste e Sudeste: com a sazonalidade de março a julho, o período de aplicação deve começar em fevereiro.
- Região Sul: com a sazonalidade de abril a agosto, o período de aplicação deve ser começar em março.
Ah! Importante lembrar que a aplicação dos imunizantes e vacinas do prematuro devem ser sempre de acordo com a idade cronológica e podem - e devem - ser aplicados mesmo que o bebê ainda esteja internado, de acordo com a avaliação da equipe de saúde. Pergunte ao pediatra sobre as vacinas do seu bebê.
Prevenindo o VSR
Além dos medicamentos preventivos como o Palivizumabe e o Nirsevimabe, algumas atitudes simples também ajudam a prevenir a infecção pelo VSR, como por exemplo:
- Lavar as mãos com frequência, principalmente antes de tocar no bebê
- Usar máscara de proteção sempre que necessário
- Usar álcool gel sempre que possível
- Evitar contato com pessoas doentes
- Manter objetos limpos
- Evitar aglomerações e fumaça de cigarro
- Para a saúde plena do seu pequeno, mantenha o calendário vacinal dele e de toda a família em dia.
Converse sempre com o pediatra e tire todas suas dúvidas!
Texto atualizado em 13/02/2025 às 23h