12 de Janeiro de 2017

O fofo prematurinho extremo Otávio Augusto

"É muito gratificante poder compartilhar a história do meu pequeno anjo com vocês, e poder de alguma forma dar forças para outras mães de UTI Neo assim como as histórias já postadas aqui me ajudaram a superar cada dia difícil que enfrentamos.

O Otávio Augusto lutava pela vida mesmo dentro do útero. Tive placenta prévia, o que aumentava o risco de um parto prematuro. Estava sempre com cólicas e sangramentos, mas nem um médico conseguia identificar o motivo. Então, na terça feira (10/06/14), quando levantei, escorreu um líquido pelas minhas pernas e o medo explodiu dentro de mim. Fui para o hospital o mais rápido possível, mas, ao ser examinada por uma médica (que depois acabou contornando seu erro), falou que era normal e pediu para que eu ficasse de repouso. Liguei na mesma hora para o meu obstetra, que me encaminhou para uma ultrassom. O resultado? Perca de líquido. O que era para estar em mais de 100mm, estava em 39mm. Logo em seguida a notícia, ocorreu a internação até ele nascer. Me assustei e me perguntei como aquilo ia ser possível se eu estava de apenas 26 semanas.

Na quinta feira (12/06/14) pela madrugada, algo inesperado: a bolsa termina de se romper. A intenção era conseguir esperar completar 28 semanas para conseguir tomar um surfactante para evitar futuras hemorragias e convulções que o bebê prematuro extremo pode vir a ter ao nascer. Só que o risco era grande, bolsa rota tem uma enorme possibilidade de contrair uma infecção e passar para o bebê. Conseguimos aguentar até o dia de completar 28 semanas. Então, ele resolveu sair, porém de bunda. Fui para uma cesárea de emergência. Foi aí que apareceram dois anjos na minha vida, Dra. Juliana e Dra. Paola, que salvaram a minha vida e a do Otávio Augusto.

O pequeno anjo nasceu no dia 21/06/14, às 23:10, com 950g. Nasceu parado, então não tive a oportunidade de conhecer ele quando nasceu. Foi a pior e a melhor sensação da minha vida. Depois de algum tempo (difícil definir tempo quando você está na mesa de cirurgia), o pediatra aparece falando que conseguiu reanimar, que havia sido entubado, levado doses de adrenalina e cafeína e levado para a UTI. Foi aí que começou a grande luta, de alguém que nos surpreendeu.

As horas seguintes foi o quadro normal de um prematuro extremo, precisando dos aparelhos, realizando quedas, em um sobe e desce. Antes de completar o segundo dia de vida (24/06), já precisei fazer uma transfusão de sangue. Mal sabíamos que iria ser a primeira de 7. No dia seguinte, os rins pararam, ele não conseguia mais fazer xixi. Foi dado vários medicamentos em muitas doses e nada resolvia. Então, os médicos decidiram partir para o método invasivo e incerto. No dia 27, foi passado o cateter para ser feita a hemodiálise peritoneal. Foi feita durante 7 dias, até que ele finalmente conseguiu fazer xixi. Ele estava enorme de tão inchado. Primeira etapa vencida!

Como foi esperado para tirarem ele e estava com a bolsa rota, ele adquiriu uma infecção generalizada que precisou tomar todos os antibióticos possíveis para que resolvesse, foi muito complicado. Também teve uma hemorragia intracraniana grau 2, por causa do inchaço, o que aumentava os riscos de sequelas. A infecção dele era algo complicado, às vezes parece que se escondia ou era camuflada por algo, pois recebemos algumas vezes a notícia de que não tinha mais infecção e depois sempre voltava. No dia 02/07, começou a receber a dieta, 1ml a cada 3 horas. No dia 03, foi retirada a hemodiálise. Foi pesado novamente, estava com 860g e medido pela primeira vez, 33 cm. No dia seguinte, foi diagnosticado com hipertensão pulmonar e com a presença do canal arterial aberto. Estava fazendo uso do óxido nítrico para auxiliar na respiração.

No primeiro mês eu só chorava, me culpava e os médicos não davam esperança alguma de vida para ele. Quando percebi que eu precisava ficar bem para ele melhorar, comecei a me manter mais forte ao lado da incubadora. Todos os dias era a mesma rotina, acordar cedo, ir para o hospital, tirar leite (fiz de tudo para ele não receber fórmula, mas na última semana dentro da UTI meu leite secou) e ficar do lado dele falando em quanta coisa ele teria para ver no mundo e em todas as pessoas que torciam por ele.

No dia 05, foi o dia do primeiro banho. No dia 12, atingiu 1,015g e, no dia 15, com menos de um mês de vida, fez uma cirurgia cardíaca para fechar o canal arterial e os anjos ajudaram mais uma vez. No dia 18, conseguiram extubar e foi para o CPAP, que ficou três dias e depois foi para a tenda. No dia 10 de agosto, pude pegar ele pela primeira vez, os médicos liberaram o canguru.

No dia 26, foi para o berço. Era até diferente ver ele de roupa e recebemos a incrível notícia de que a infecção finalmente acabou. A partir daqui, a luta era conseguir respirar sem a ajuda do oxigênio, que foi até o dia 22/09, quando finalmente ganhamos alta da UTI com 2,440kg e 43 cm.

Hoje está em casa sem nem uma sequela e até mesmo a hemorragia o corpo absorveu, está intacto. Hoje está pesando 3,100kg e está com 50 cm. Tem 4 meses de idade cronológica e 6 semanas de idade corrigida. Um menino super ativo e mesmo depois de todo o sofrimento super bonzinho. 

(relato da mamãe Amanda, enviado em 2014)

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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