02 de Setembro de 2018

Luísa: a história de um milagre

"Quando tive a confirmação de que estava grávida, foi um misto de felicidade e medo ao mesmo tempo. Estava com 40 anos e nem passava mais pela minha cabeça em ser mãe, já que todos os médicos que tinha passado me diziam sempre que era quase impossível devido a idade e a endometriose que tomava conta do meu útero. No começo, tive uma gravidez típica com enjôos, azias e tudo que uma grávida pode ter. Me sentia nas nuvens e especial, pois finalmente iria realizar um sonho esquecido. Mas as coisas mudaram no quarto mês de gravidez quando tive que ser internada pois minha placenta não estava desenvolvendo. Entrei em desespero. Mas, depois de alguns dias, voltei pra casa, pois meu médico conseguiu contornar a situação.

Com 26 semanas, comecei a sentir muita dor no pescoço. Fui ao hospital e ali fiquei, a minha pressão estava altíssima. Tive alta, mas no dia seguinte tive que voltar a ser internada. A pressão não baixava, tive que ser ligada à aparelhos para não ter convulsão e fiquei no oxigênio para poder respirar. No dia em que completava 27 semanas, 3 dias após internação e 5 dias antes de completar 41 anos, tiveram que interromper minha gestação. As palavras do médico foram: "Temos que interromper a gestação". Nunca me esquecerei estas palavras, naquela madrugada de uma segunda-feira. Depois, fiquei sabendo que fizeram isso pra salvar minha vida, pois, segundo dizem, a mãe é a prioridade. O que pensava era: e minha filha? O que vai acontecer com ela? Pense nisso depois, me diziam. Como se isso fosse possível...

Luísa nasceu às 16:27 daquela terça, pesando apenas 815g, vindo a pesar depois 600g. Eu mal vi minha filha. O que me lembro foi do choro quase inaudível que ela conseguiu dar. Saiu da sala de parto dentro de uma luva cirúrgica, sendo levada para a UTI Neonatal, onde ficou por mais de três meses. Foi entubada, e com quase um mês de vida, pesando 810g pegou uma infecção hospitalar, que provocou uma hemorragia nos dois pulmões e em três paradas cardíacas. No dia em que ligaram pra avisar que eu e meu marido deveríamos ir urgente para o hospital pois ela não estava bem, o meu chão se abriu. Quando chegamos a UTI, o médico veio já nos falar que não tinha mais nada a fazer, que nestes casos de prematuridade extrema era muito difícil o bebê se recuperar, ou seja, que minha filha estava praticamente morta. "Poxa, ela estava indo tão bem!" foram suas palavras. Mas ali naquele momento eu gritei, me desesperei e pedi a Deus que ele deixasse minha filha comigo. Eles a tinham até tirado da incubadora. Então, me deixaram entrar e vi minha filha tão pequena, tão frágil, mas lutando com todas as forças para sobreviver. Foi quando olhando pra aquele rostinho todo coberto por tubos, sondas, vi minha filha sorrir. Nem as enfermeiras acreditavam! Ali tive a certeza de que Deus tinha me ouvido.

Luísa foi se recuperando a passos lentos. Ficou muito tempo entubada e por isso teve retinopatia. Mais uma luta, visto que ela precisaria de uma intervenção urgente pois estava ficando cega. Mais uma vez, recorri a Deus e mais um milagre aconteceu. Quando Luísa foi transferida para fazer a cirurgia nos olhos, o médico constatou que a doença tinha revertido, não precisaria mais da intervenção. Glória a Deus! Ela nasceu em 24 de novembro e no dia 1 de março Luísa finalmente veio pra casa. Difícil descrever a emoção e o sentimento de gratidão a Deus. Hoje ela está com dois anos. Claro que foi um período de muito cuidado, principalmente no primeiro ano de vida. Tomou a vacina para os pulmões, 5 dose de palivizumabe, todas as outras. Luísa é linda e saudável. Uma criança esperta e muito carinhosa. É a minha razão de viver. Agradeço a Deus, e a equipe de médicos e enfermeiras que cuidaram tão bem de minha filha. Hoje somos os pais mais felizes do mundo."

(relato da mamãe Janaina Mauri, enviado em 2018)

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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