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11.11.2021

Observatório da Prematuridade traz dados alarmantes sobre o parto prematuro no país

Em mês de alerta, ONG Prematuridade.com lança documento que mostra falta de leitos de UTI neonatal, os impactos das cesáreas eletivas, entre outros panoramas.

A prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil antes dos 5 anos de idade, no mundo todo. O Brasil é o 10º país em números absolutos de partos prematuros, os quais ocasionam 10 vezes mais óbitos de crianças do que o câncer e, em 2021, já representaram 11,8% do total de nascimentos, segundo dados das altas hospitalares codificadas na plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil®. Essa e outras informações – coletadas também pelos indicadores Numb3rs Analytics – integram o Observatório da Prematuridade, lançado pela Associação Brasileira de Pais e Familiares de Bebês Prematuros (ONG Prematuridade.com) neste mês, em que ocorre a campanha Novembro Roxo, para alertar sobre as causas e consequências do parto prematuro.

O material completo está disponível para dowload gratuito no link https://drive.google.com/file/d/1sVZvOOQDMqnxRozheEk2YVZO6gxtrqnn/view?usp=sharing (é um documento pesado, pode demorar um pouco para baixar).

O documento foi desenvolvido com base nos dados coletados pela Numb3rs Analytics e nas altas hospitalares codificadas pela plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil® no período de 1º de janeiro de 2019 a 30 de setembro de 2021. Essa última análise constituiu uma população de aproximadamente 300.000 partos ocorridos em regime de internação hospitalar, tanto em instituições vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) quanto à Saúde Suplementar, distribuídas nas 5 regiões brasileiras, com concentração nas regiões sudeste, sul e centro-oeste.

O Observatório da Prematuridade reúne diversos cenários de todo o país, como números de partos por tipo (vaginal ou cesareana); quantidade de leitos de UTI neonatal; número de consultas de pré-natal realizadas; quantidade de pediatras por estado; faixa etária das mães (uma vez que complicações gestacionais e no parto representam a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos mundialmente, pois existe maior risco de problemas – entre os quais a prematuridade -, segundo a Organização Mundial da Saúde), entre outros.

“O Observatório da Prematuridade tem como objetivo chamar a atenção sobre as causas e consequências do parto prematuro e a necessidade de que a questão receba olhar especial da sociedade e políticas públicas para prevenção, atendimento adequado às gestantes e estrutura para os cuidados dos bebês prematuros”, fala a fundadora e diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Denise Leão Suguitani. A organização sem fins lucrativos é a única dedicada, em âmbito nacional, à prevenção da prematuridade e à defesa dos direitos dos bebês prematuros e de suas famílias.

O bebê é considerado prematuro quando nasce antes da 37ª semana de gravidez - uma gestação completa varia entre 37 e 42 semanas. Dados mais recentes do Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos, do DataSUS, mostram que, de janeiro a maio deste ano, 99.800 crianças nasceram antes da hora.

A prematuridade exige uma série de cuidados multiprofissionais e pode oferecer alguns riscos à saúde do recém-nascido, que normalmente precisa ficar internado por um período para que possa receber o suporte necessário para crescer e se desenvolver.

Um levantamento feito pela ONG Prematuridade.com, em 2019, com mais de 4 mil famílias, identificou que o tempo médio de permanência do bebê prematuro na UTI neonatal, após o nascimento, é de 51 dias. “É uma situação que impacta significativamente nos sistemas de saúde e nos cofres públicos, sem contar os danos emocionais e físicos que a prematuridade causa. Por isso, fica cada vez mais evidente a necessidade de grandes campanhas de conscientização e educação que visem à redução do número de partos prematuros, incluindo programas de planejamento familiar, identificação precoce de fatores de risco e acompanhamento pré-natal de qualidade”, salienta Denise.

Os impactos do nascimento “termo precoce”

Outra situação preocupante envolve os bebês chamados “termo precoce”, nascidos entre a 37ª e a 38ª semanas gestacionais, muitos deles de cesáreas eletivas - quando não há indicação técnica para esse tipo de parto. Pesquisas na área apontam que os nascidos nesse perfil podem apresentar resultados de saúde mais semelhantes aos nascidos prematuros do que aos nascidos no período “a termo”, com mais de 39 semanas de gestação.

De acordo com os dados analisados pela plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil®️ e que constam no Observatório da Prematuridade, dos recém-nascidos “termo precoce”, 29% necessitaram de internação hospitalar para tratamento de complicações perinatais, sendo que 21% foram admitidos em UTI, com tempo médio de permanência na unidade de 8,2 dias.

O “termo precoce” trata-se de uma perda média superior a 10 dias de gestação em relação à média esperada de 280 dias, refletindo em altas taxas de cesárea. “Essa situação mostra o impacto que as cesáreas eletivas têm nas taxas de internação neonatal de recém-nascidos e isso ocorre também em locais onde há déficit de leitos”, pontua a fundadora da ONG Prematuridade.com.

Dados levantados para o Observatório da Prematuridade indicam que o Brasil tem 9.560 leitos de UTI neonatal, divididos entre tipo I, II e III, porém, nem todas as localidades possuem essa última (para bebês que necessitam de nível de atenção muito alto), como os estados do Acre, Amapá, Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Tocantins. “Com o observatório, é possível verificar onde há déficit de leitos, regiões cujas demandas populacionais justificariam a implantação de leitos obstétricos e neonatais”, fala Denise.

No estudo do DRG Brasil®️, foi apontado que, dos bebês “termo precoce” que necessitaram de cuidados da Unidade de Terapia Intensiva, 49% precisaram ser entubados e colocados em ventilação mecânica (VM) e, 20% destes, demandaram tempo de suporte ventilatório maior que 4 dias.

Ainda de acordo com o levantamento, esses bebês utilizaram 12% do total de dias das internações registradas por toda população neonatal nas UTIs. A taxa de mortalidade intrahospitalar foi de 3% e, dos que internaram em UTI neonatal, 6%.

A diretora executiva da ONG Prematuridade.com pontua que o impacto do nascimento de um bebê prematuro vai muito além das sequelas de saúde que a situação pode causar para essa criança e do trauma psicológico que ela deixa para as famílias. “O parto que acontece antes das 37 semanas de gestação desencadeia um ciclo de eventos que afeta tanto o individual quanto o coletivo de uma sociedade, incluindo desde o vínculo afetivo entre mãe e filho, até os setores da Economia, da Saúde, da Cidadania e o mercado de trabalho”, lembra.

Prematuridade e pandemia

A pandemia da Covid-19 trouxe diversos outros impactos à saúde que atingiram gestantes e bebês prematuros. “Quem está na linha de frente nos hospitais observou um aumento de partos prematuros. Também foi notável a diminuição do comparecimento das gestantes em consultas pré-natais e a busca pelas vacinas para as crianças, algo muito prejudicial para os prematurinhos. Além disso, a preocupante restrição da entrada dos pais nas UTIs neonatais”, lista Denise.

Essa problemática do distanciamento entre pais e filhos, inclusive, é o tema mundial da campanha Novembro Roxo de 2021 - “Separação zero: aja agora! Mantenha pais e bebês prematuros juntos!” e que, no Brasil, é encabeçada pela ONG Prematuridade.com.

“O tema da campanha desse ano é de extrema relevância, pois, no mundo todo, a pandemia ocasionou a separação de pais e seus bebês prematuros em algumas UTIs, impactando negativamente o prognóstico desses bebês e a saúde emocional de mães e pais”, fala Denise.

Principalmente no período mais crítico da Covid-19, Denise conta que a Organização recebeu diversos relatos de mães que não puderam estar perto dos seus bebês durante a internação. “A restrição da presença dos pais dentro das UTIs não fere somente o direito familiar, mas também interfere na recuperação do bebê e até mesmo em um possível último contato entre pais e filhos. Abraçamos essa ação global porque acreditamos que pai e mãe não são visitas, e, sim, fazem parte do processo do cuidado dos seus filhos”, ressalta.

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