O Método Canguru faz parte de um conjunto de políticas públicas que vem contribuindo fortemente para a redução da morbimortalidade neonatal pois é um modelo de assistência voltado para a melhoria do cuidado perinatal. Conta com estratégias de intervenção biopsicossocial, de uma ambiência consonante com cada etapa de desenvolvimento do recém-nascido e de cuidados com a equipe cuidadora. É desenvolvido em três etapas de “cuidado progressivo”, promovendo a continuidade do cuidado e com base na humanização, no favorecimento do vinculo familiar e na qualificação do atendimento neonatal.
A primeira etapa tem início no pré-natal quando se identifica uma gestação de risco ou no parto/nascimento em que exista a necessidade de internação na unidade de tratamento intensivo neonatal ou unidade de cuidado intermediário neonatal convencional. É prioridade neste momento a recepção e a aproximação da família com o recém-nascido, favorecendo a formação de vínculo, a participação dos pais no cuidado e a posição canguru assim que possível. Nesta etapa os cuidados com a ambiência são primordiais para proteger neurodesenvolvimento destes bebês.
A segunda etapa tem início na unidade de cuidados intermediários neonatais canguru, onde a mãe deve permanecer o maior tempo possível para que com o apoio da equipe possa assumir os cuidados integrais com o recém-nascido. É nesta etapa que se consolidam o aleitamento materno, a posição canguru e o protagonismo dos pais no cuidado com seu filho. A equipe deve contribuir para solucionar as dúvidas e para que os pais estejam aptos para alta hospitalar e os cuidados domiciliares.
Após a alta hospitalar inicia a terceira etapa que tem como função proteger a adaptação da família ambiente extra-hospitalar. O cuidado compartilhado entre a atenção básica e a unidade hospitalar de origem é essencial para garantir a continuidade do cuidado.
Os benefícios do método canguru são fortemente evidenciados pela comunidade científica e entre eles estão: o fortalecimento do vínculo mãe/pai-filho e redução do tempo de separação entre eles; o estímulo ao aleitamento materno; diminuição do risco de infecção hospitalar e do período de internação; possibilita adequado controle térmico ao recém-nascido; promove estimulação sensorial protetora; desenvolvimento neuropsicomotor de qualidade; redução do estresse e da dor; melhora o relacionamento da família com a equipe de saúde além de ser uma intervenção com boa relação custo-benefício.
É dever da equipe construir um plano de cuidados individualizados para cada recém-nascido e sua família para que possamos elevar cada vez mais a qualidade da assistência que prestamos ao recém-nascido.
Por Enf Denise Schauren | Membro do Conselho Científico da ONG Prematuridade.com. Possui graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2010). Atualmente é enfermeira da neonatologia e coordenadora do Comitê do Método Canguru do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Tem experiência na área de Enfermagem, atuando principalmente nos seguintes temas: neonatologia, método canguru, atenção humanizada ao recém nascido de baixo peso, rede cegonha e recém nascido.
Referências:
1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Método Canguru: diretrizes do cuidado. 1. ed. rev. Brasília: [s. n.], 2019. 80 p. ISBN 978-85-334-2619-1. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/metodo_canguru_diretrizes_cuidado_revisada.pdf. Acesso em: 24 maio 2021.
2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Atenção Humanizada ao Recém-Nascido: método canguru: manual técnico. 3. ed. Brasília: [s. n.], 2017. 340 p. ISBN 978-85-334-2525-5.
*Agradecimento à AMIL pelo apoio às ações da ONG Prematuridade.com