O Método Mãe Canguru fundado pelos médicos colombianos José Sanábria e Hector Martinez, ao final dos anos 70, tinha como objetivo principal solucionar a superlotação das unidades neonatais e ausência de incubadoras. Além disso, também queriam reduzir o alto índice de desmame precoce, as altas taxas de mortalidade neonatal e o abandono materno.
Os resultados obtidos indicaram que o contato pele a pele contínuo da mãe com o bebê, além de manter o recém-nascido prematuro aquecido, também favoreceu o aleitamento materno. Entre as demais vantagens, a promoção do vínculo mãe-bebê mostrou-se muito favorável, proporcionando melhor qualidade de vida e sobrevivência do bebê.
O Método foi implantado no Brasil, décadas depois, no Hospital Guilherme Álvaro (SP) e no IMIP (PE). Diante dos resultados positivos, o Ministério da Saúde do Brasil, aprovou no ano 2000 a Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso nas unidades integrantes do SUS.
A fim de expandir a implantação nos vários estados brasileiros, organizou equipes interdisciplinares divididas em consultores (membros diretamente ligados ao Ministério da Saúde), tutores estaduais (vinculados às secretarias da saúde dos estados) e tutores institucionais (vinculados aos hospitais de cada região). Por entender a importância da família no processo de hospitalização e o papel paterno, reajusta a nomenclatura para Método Canguru, reconhecendo que o contato pele a pele pode ser realizado não apenas pela mãe, mas também pelo pai.
Além disso, o Ministério da Saúde define as diretrizes para a execução do Método, o qual tem o contato pele a pele, apenas como uma de suas etapas. Desse modo o processo é dividido em três etapas: 1) Acesso livre dos pais a unidade neonatal, estímulo ao aleitamento materno, participação nos cuidados do bebê e início do pele a pele se as condições clínicas do recém-nascido permitir; 2)Mãe e bebê permanecem em alojamento conjunto e a posição canguru é realizada a maior parte do tempo possível; 3) Alta hospitalar e acompanhamento ambulatorial. O comprometimento da família é fundamental para o segmento em três consultas, na primeira semana, duas na segunda semana e na terceira semana em diante até atingir o peso mínimo de 2500g.
Evidências científicas comprovam a eficácia do Método, visto a redução da mortalidade e morbidade infantil. Do mesmo modo, a intervenção proporciona a proteção para o bebê pré-termo e sua família, estabelecendo um vínculo afetivo mais prazeroso.
Sensibilizar sobre o Método Canguru, significa psicoeducar sobre os diversos benefícios que ele proporciona: os cuidados psicoafetivos, devido à aproximação dos pais ao bebê, cuidados neurológicos através do desenvolvimento emocional e maturação cerebral e, a prática do aleitamento materno.
Marisa Marantes Sanchez – Psicóloga, Mestre em Psicologia, Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental. Diretora da SBPH (2009-2011; 2013-2015; 2015-2017), Fundadora e Coordenadora do Núcleo SBPH-RS. Tutora Regional da Atenção ao Recém Nascido de Baixo Peso (Ministério da Saúde/ Secretaria Estadual da Saúde do RS). Diretora do ITEPSA. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Intervenção Terapêutica, atuando principalmente nos seguintes temas: psicologia hospitalar, psicologia pediátrica, psicologia perinatal, mãe-bebê, apego, cognitivo- comportamental e psicologia da saúde.