A cabeleireira, que passou pela experiência de ter um bebê prematuro, resolveu oferecer seus serviços para ajudar pais e mães a relaxarem por alguns minutos, em meio a todo o estresse da situação.
Só quem já viveu a realidade de ser uma mãe ou pai de UTI Neonatal, ou seja, com bebês em condição de alto risco, lutando pela vida a cada dia, conhece todo o estresse que isso desencadeia. A vida fica suspensa, enquanto você espera por pequenos milagres a cada dia. Sarah Pulley, 34, uma mãe de Indiana, nos Estados Unidos, que viveu isso com a própria filha, prematura, decidiu tentar levar um pouco de alívio às famílias que enfrentam esta situação. Por isso, em parceria com uma ONG, montou, voluntariamente, um salão de beleza dentro do Hospital Riley Children's Health.
Sarah conhece bem a UTI Neonatal – há quatro anos, Amelia, a filha dela, nasceu prematura e teve de ficar quatro meses sob cuidados intensivos. "Quando Amelia contraiu um vírus, ela foi transferida para a Riley Children's Health", disse a mãe, que é dona de um salão de cabeleireiro em Carmel, Indiana, ao Today Parents.
Por isso, no ano passado, ela se ofereceu para ser voluntária de um programa da ONG Ronald McDonald, que oferece ajuda, como hospedagem próxima aos hospitais e quartos para descansar, tomar banho e se alimentar, a pais com filhos internados. Sarah, então, resolveu tomar a frente de uma iniciativa e criou um salão de beleza dentro do hospital. Ela doou uma cadeira de seu salão, o Three Seventeen Hair Design, e entrou em contato com um de seus fornecedores, que concordou em oferecer US$ 150 em produtos gratuitos para cuidados com os cabelos. Ela, é claro, ofereceu suas habilidades de cabeleireira.
Em 14 de setembro, o “Beauty Bar” abriu as portas no terceiro andar da Ala de Maternidade do Hospital. Lá, os pais podem relaxar em uma cadeira de hidromassagem, descansar em uma cápsula de cochilo e petiscar frutas e barras de granola. A mãe também se esforça para mimar e estilizar mães no período de pós-parto e pais privados de sono, tudo sem nenhum custo.
“Nós lavamos, secamos e massageamos o couro cabeludo na segunda quarta-feira de cada mês”, explicou ela. O serviço é oferecido a todos os pacientes que têm bebês no hospital. “A maioria das mães que dão à luz lá tem gestações de alto risco ou bebês que precisam de apoio médico imediato”, disse Adam Lowe, gerente de marketing e comunicação da Ronald McDonald House Charities, de Indiana.
Sarah lembra como o autocuidado, em momentos tão difíceis, pode ajudar a aliviar a carga emocional. “Você perde completamente o senso de si mesmo quando tem um bebê na UTIN”, lembra ela. “A primeira mãe que atendi aqui apenas fechou os olhos e respirou. A segunda estava completamente exausta”, relata.
Para a mãe, os cuidados de beleza são especiais. “Há algo sobre a conexão entre as mães e o poder do toque”. Além disso, a ideia é que os pais parem por um momento e pensem: “Vai dar tudo certo, está tudo sob controle!”
A saúde mental de pais e mães de UTI
A vivência de ter um bebê internado, em alto risco, mexe com a saúde mental de pais e mães de UTI, segundo pesquisa da ONG britânica Bliss. Das 589 pessoas ouvidas, 23% desenvolveram ansiedade, 16% transtorno de estresse pós-traumático, e 14% depressão pós-parto. “Os pais têm de entender que isso é uma fase e não podem deixar de ter um projeto de vida com a criança, pois essa relação é construída com o convívio”, diz a psicóloga Angelita Wisnieski da Silva, do Hospital Pequeno Príncipe (PR). Trocar fralda na UTI, dar banho, pegar no colo, contar sua história para o bebê ajudam nessa ligação.
Contudo, se as visitas à UTI não estiverem fazendo bem, é preciso se respeitar. “Dar um tempo para assimilar e aceitar que aquele não é o bebê ideal exige uma reelaboração. Cobrança e julgamento atrapalham”, orienta.
Fonte: Crescer