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04 de Fevereiro de 2018
Thales, eterno anjo
"25 semanas de gestação, medindo 28 cm e pesando 700 gramas nasceu Thales em 06/01/2017. Uma gravidez não planejada, mas um filho muito amado desde o instante em que o vi pela primeira vez, tão pequeno e frágil.
Durante a internação, teve meningite, convulsionou e teve outras infecções. Ficou 47 dias entubado e 14 dias em CPAP. Recebemos alta da UTI para a enfermaria após dois meses e meio. Precisamos de mais um mês e meio para que ele aprendesse a mamar e ganhasse um pouco mais de peso. Tudo ocorreu bem! Dia 05/05, faltando um dia para completar 4 meses, recebeu alta. Que alegria poder levar meu pequeno milagre pra casa depois de tanto tempo!
Porém, desenvolveu doenças comuns da prematuridade, dentre elas displasia broncopulmonar e um PCA. Fazia controle com pediatra, neurologista, cardiologista, pneumologista, nutricionista, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Estava em uso de diversas medicações para o coração, pulmão, anticonvulsivo e para refluxo. Mas, contrariando todas as expectativas médicas, estava se desenvolvendo super bem. Quando completou um mês em casa, teve uma infecção de urina, uma hidronefrose leve no rim esquerdo e uma crise de bronquite que foi tratado apenas com salbutamol. Ficou uma semana internado e recebeu alta novamente para fazer controle com nefrologista.
Após duas semanas notei um certo cansaço, e uma frequência respiratória mais acelerada. Voltei a usar bombinha e no dia seguinte levei na UPA. Outra internação. Foi tranferido para a Santa Casa, e lá me deram o diagnóstico de bronquiolite. Teve uma piora, estava com insuficiência respiratória, precisava novamente de aparelhos para respirar, precisou ser internado na UTI. A princípio, pensei que precisaria apenas de um apoio, não me dei conta da gravidade. Era uma doença simples, só que para um prematuro com o histórico de internação, doença no pulmão e um PCA, era considerado grave. Fui para casa e só me deixaram vê-lo no dia seguinte. Quando cheguei para a visita, meu filho estava sendo entubado novamente. Continuei acreditando que ele se sairia bem, afinal já tinha passado por aquilo uma vez, e esse seria só mais um obstáculo que tínhamos que enfrentar. Os dias foram passando e não havia melhora. Desenvolveu uma infecção no pulmão, no sangue, pneumotoráx e um derrame na pleura. Estava muito fraco, parâmetros de oxigenação no máximo e ainda assim não conseguia saturar bem. Os médicos me explicavam que, por conta dos problemas passados, entubações anteriores e um pulmão que se formou de um jeito diferente, fazia o quadro dele se agravar.
Na quinta-feira, 20/06, teve quedas de pressão, o coração começou a enfraquecer e iniciou adrenalina, não aguentava nenhum tipo de manipulação. Tinha quedas de saturação de 20 e demorava voltar, a médica me chamou dizendo que ele estava em estado muito grave. Para minha surpresa, no dia seguinte ele teve uma melhora. Conseguiu cair o oxigênio para 60%, fiquei radiante. No sábado, piorou novamente. A médica disse que não conseguiu saturar 80 durante a noite, e que estavam muito preocupados com o estado dele. Durante o dia, as quedas persistiram. Decidiram ligar óxido nítrico para auxiliar, já que não tinha mais como aumentar a ventilação. Como ele tinha um PCA, talvez ele estivesse exercendo pressão no pulmão dele. A saturação subiu imediatamente. Novamente, meu coração se encheu de esperança, mas, durante a madrugada, voltou a ter quedas de saturação e a pressão caiu novamente. Iniciou outra medicação para o coração e entraram com mais um antibiótico. Ainda não tinha terminado de tratar a infecção e já estava com outra. Os órgãos começaram a falir, o rim já não funcionava bem. A médica disse que provavelmente ele já tinha alguma sequela neurológica, explicou que o primeiro que começa a sofrer com essa má oxigenação é o cérebro, que se saísse dessa talvez necessitaria de traqueostomia e oxigênio em casa. Eu não me importei, queria meu filho de qualquer jeito, pedia a Deus que fosse feita a vontade dele.
Infelizmente, a vontade Dele nem sempre é a mesma que a nossa. Thales teve uma parada cardíaca por volta das 13:00 do dia 23/06, voltou, e, em seguida, teve outra, mas não resistiu. Deus recolheu meu anjo, acabou com seu sofrimento aqui na Terra. Hoje, sei que ele brilha lá no céu. Meu filho está todos os dias em meus pensamentos e minhas orações, jamais vou esquecer aquele sorriso e os momentos bons que vivemos. O meu grande amor, meu pequeno guerreiro e o meu grande milagre. O que me restou é a saudade, a lembrança dos bons momentos que vivemos e a esperança de um dia reencontrá-lo e matar essa saudade que machuca bem no fundo do peito. Teve uma passagem breve na Terra, mas me ensinou grandes lições. Meu eterno anjo, Thales: eu te amo e vou te amar pra sempre!"
(relato da mamãe Daniela Dias, enviado em 2017)