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11 de Junho de 2017
Lucas: contrariando expectativas e projeções
"Quando o teste de gravidez mostra o resultado positivo acho que a primeira coisa que uma mãe começa a fazer para o resto da vida são projeções. Imaginamos tudo do nosso futuro e, inevitavelmente, idealizamos muitas coisas para o nosso futuro bebê. Comigo não foi diferente, e, assim que descobri minha gravidez, depois da tensão inicial, comecei a pensar em tudo aquilo que eu que gostaria: ter um bebê lindo, torcer pra vir muito saudável, qual seria o sexo, quando ele iria mexer, por onde começaria o enxoval, ensaios fotográficos, visitas, presentes. Até a faculdade que gostaria de vê-lo cursando me passou pela cabeça! A prematuridade não. Acho que toda mãe torce para o filho vir ao mundo saudável, mas também acho que a prematuridade não se encaixa nesse "perfil de pedidos", ou pelo menos quase ninguém lembra dela.
Às 27 semanas de gestação, e vivendo minha primeira gravidez, minha bolsa se rompeu sem nenhum motivo aparente e corremos para o hospital. Depois de seis dias internada, fui examinada e tive um prolapso de cordão umbilical. No dia 09/05/2015, ele veio. Cesárea de emergência e meu bebê foi levado às pressas pra UTI após ter nascido às 28 semanas de gestação. Contrariando todas as expectativas, nasceu com 9/9 de Apgar e ficou apenas no CPAP por 15 dias. 1,065 kg e 36cm. Sangramento intracraniano grau II, 54 dias de UTI, inúmeras apneias e transfusão de sangue, infecções tratadas, leite materno escorrendo, canguru o dia todo e estando lá a noite toda, 24h por dia vivendo uma UTI. Prematuros tem uma força interior incrível. Meu filho foi um verdadeiro herói na sua jornada na incubadora e contrariou todas as minhas expectativas e da equipe médica. Ouvi muito dizer que o quadro clínico dele era bom mesmo com exames que diziam o contrário. E cada dia que passava era lotado de surpresas e desafios. Choro, sorrisos, canções de ninar, muito carinho de mamãe, papai, avós e profissionais da saúde em geral.
Hoje, sem nenhuma sequela, agradecemos todos os dias pela incrível jornada pela qual passamos e chegamos vitoriosos ao fim (da parte da UTI é claro). A sensação que eu tinha como mãe era de que aquela rotina totalmente incoerente entre uma mãe e um bebê nunca chegaria ao fim, mas chegou. Não houve um dia em que eu não desejasse estar em casa com meu Lucas e esse dia veio. Acho que o mais difícil na vida da mãe do prematuro é finalmente parar de projetar e deixar que o nosso pequeno milagre nos mostre que a vida vai acontecer no ritmo dele, afinal, ele veio ao mundo quando ele achou que deveria. Ter um bebê prematuro é uma lição de paciência dobrada e, inevitavelmente, uma lição de amor, onde aprendemos o quão fortes podemos ser e o quão intensamente podemos nos doar a uma parte tão pequena e poderosa de nós mesmos."
(relato da mamãe Paula Trinta, enviado em 2016)