29 de Junho de 2017

As batalhas de Eva pela vida

A gestação da Eva até 23 semanas era normal, sem nenhum problema. Até que dia 05 de outubro de 2014, por puro instinto, sem nenhum sintoma, achei os movimentos dela estranhos na minha barriga e fui ao hospital lá em Maceió (estava de férias visitando a família), onde foi feito uma ultrassonografia e a médica falou assim: "Não sei como ela está viva, mas ela está! Ela está grudada no seu útero, não tem líquido amniótico quase nenhum aqui". E ali, naquela maca dura ouvindo aquelas duras palavras, segurando firme a mão da minha mãe, teve início nossa batalha pela vida da Eva.

Fiquei internada em repouso absoluto. E no outro dia, com liberação médica, meu marido, minha mãe e eu voltamos para Brasília, rezando pra ouvir o coração dela quando chegássemos à maternidade. Desembarcamos do avião direto para a Maternidade Brasília! Fiz uma ultrassonografia e ela estava bem, graças a Deus! A equipe maravilhosa da maternidade nos explicou que a programação era a seguinte: repouso absoluto, ultrassonografia e exame de sangue dia sim, dia não até 34 semanas; qualquer sinal de infeção eles tirariam a Eva, porque os riscos para mim também eram grandes. Devido ao rompimento parcial da bolsa, poderia pegar um infeção séria - cheguei a pensar onde enterraria minha filha. Foi um período de muita ansiedade, muita angústia e, ao mesmo tempo, muita, mas muita oração e construção de grandes amizades.

Mas... com 27 semanas, no dia 04 de novembro, depois de um mês internada, minha cama se tornou um rio de repente: a bolsa estourou de vez. Eva nasceu dia 05 de novembro, às 22:45 , com 920g e 36cm. Me mostraram ela bem rapidinho e a levaram pra UTI, já intubada. Ali começou a segunda fase da batalha. No primeiro dia, as médicas da UTI nos disseram: "Aqui vocês viverão como numa montanha russa, um dia vão sair daqui felizes porque ela está bem, de repente vai vir outro horário no mesmo dia até e ela poderá ter tido alguma complicação e aí descerão a montanha russa, e assim vai...". Nos explicaram como seriam mais ou menos esses dias, que ela provavelmente ficaria lá mais ou menos o tempo que precisaria ficar na minha barriga pra desenvolver. E aí veio uma parte bem difícil do processo, a minha alta. Ir pra casa sem seu bebê, deixando-o na UTI é uma sensação de vazio devastador. Não está mais na barriga e nem veio para os meus braços.

Nos dividíamos entre UTI e banco de leite. A fase do banco leite, amamentar, manter a produção de leite sem o bebê sugar é uma tarefa muito dificil, mas era a única maneira de me sentir efetivamente mãe, já que era única coisa que eu poderia efetivamente fazer por ela. No banco de leite da maternidade tive toda orientação e apoio emocional necessário para conseguir, mantive meu leite, ela se alimentou dele, mamou no peito pela primeira vez com 2 meses e meio e prosseguimos com a amamentação até 8 meses.

Foram 83 dias de UTI neo! Durante esse período, vestimos a armadura da fé, usamos o poder do pensamento positivo sempre e confiamos na equipe. Foram 6 paradas respiratórias, uma parada cardiorrespiratória, 10 transfusões sanguíneas, uma exosanguíneotransfusão, inúmeras infecções e uma hemorragia pulmonar. Intercalando tudo isso, construímos grandes momentos, de encontros especiais com Deus e com a família, construímos amizades com os outros pais da UTI, nossa nova família. Até hoje somos um grupo bastante unido e continuamos nos apoiando e partilhando tudo.

Depois da alta, tivemos todos os cuidados necessários por causa da prematuridade. Hoje Eva não tem sequela nenhuma, é super saudável, muito inteligente e vive esbanjando alegria. Sempre vamos a maternidade, visitar os anjos que não só salvaram a Eva, eles construíram nossa família. Foram 120 dias ao todo morando na Maternidade Brasília. Sempre lembraremos disso como a fase mais difícil, mas também como a mais importante das nossas vidas!

Foi assim que Deus escolheu e permitiu que nos tornássemos uma família!

Somos muito gratos à Ele, às nossas famílias e à todos os papais e mamães que tivemos a oportunidade de conhecer e a toda equipe da Maternidade Brasília."

Suellen e Sylvio, pais da Eva.

(a mamãe Suellen Sátiro, nossa representante voluntária no Distrito Federal, enviado em 2017)

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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