14 de Abril de 2018
A princesinha Helena e o anjinho Noah
"Helena e Noah nasceram dia 09 de janeiro de 2017, numa cesária de urgência, ela com 780 gramas e 32 centímetros, ele com 782 gramas e 33 centímetros, prematuros extremos de 25 semanas. Ambos foram entubados e internados após o parto na UTI Neo Natal do Hospital São Lucas da PUC, e foi ali que começou nossa batalha. Fomos avisados de que o caso deles era difícil, porque a prematuridade foi agravada devido ao fato de serem gêmeos, nasceram muito pequenos, os órgãos muito imaturos, e devido a perda de peso que ocorre após o nascimento chegaram a pesar pouco mais de 500 gramas.
No dia 23 de janeiro, com 14 dias de vida, perdemos o Noah devido a um enfisema, síndrome da angustia respiratória. Aquilo me dilacerou, toda vez que lembro daquele momento sinto a mesma dor, a mesma angustia, a impotência. Enquanto tentávamos ficar um pouco com o Noah, a Helena também começou a ter complicações, estava com sangramento pulmonar e as quedas de saturação estavam no limite. Tentei pegar o Noah por três vezes aquele dia, era a última vez que ia poder segurar meu filho, mas, toda vez que eu o segurava, a Helena tinha uma queda e precisava de ajuda para voltar. Era como se ela tivesse nos pedindo pra não nos entregar, pra lembrar que ela estava ali e precisava de nós. E foi o que fizemos: seguramos nosso choro, guardamos nossa dor e ficamos do lado da nosso filha.
Foram 109 dias, do dia 9 de janeiro ao dia 27 de abril, foram tantas idas de vindas pelos corredores daquela UTI, tantas horas sentadas naquele sofazinho acompanhado cada gotinha de vida tua minha filha. Foi realmente uma montanha russa, foi uma batalha, dias bons, dias ruins, perdas e conquistas. Vi mães chegarem, vi mães partirem, dividi minha história com elas, e levarei a história delas sempre comigo. Chorei, me desesperei, perdi um pouco de mim, mas vi mães perderem o "tudo" delas, e então percebi que o que tinha era tanto. Torci por cada bebê que passou por ali no período em que estivemos, e continuarei torcendo aqui de fora por todos. Chorei por cada mãe que perdeu seu pequeno e fiquei imensamente feliz por cada bebê que recebia alta. Te vimos lutar dia após dia, quantas vezes tivemos que aguardar do lado de fora implorando que você aguentasse firme e você aguentou.
Helena hoje, 27 de março de 2017, está com 5 meses, sem uso de nenhuma medicação, fora as consultas de acompanhamento de rotina, esta apenas sendo acompanhada pelo oftalmo devido a retinopatia da prematuridade, mas tem evoluído bem.
Obrigado a equipe médica e de enfermagem que acompanhou nosso filha, nossa gratidão será eterna. Aos meus anjos da guarda, técnicas e enfermeiras, quero que saibam que vocês são o coração dessa UTI, obrigado por tratarem cada bebê daquela UTI como se fossem seus próprios filhos, vou guardar vocês sempre comigo.
Aos pais que estão passando por uma situação parecida, peço que tenham fé, que acreditem, que nunca percam a esperança. Tudo vai dar certo, Deus sabe o faz.
Nossa Helena venceu! #PrematuraExtrema #25semanas
(relato dos papais Neila Oliveira e Leonardo Colvara, enviado em 2017)