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31.05.2022

Gêmeas mais prematuras do mundo estão prestes a entrar na pré-escola

As gêmeas idênticas Kambry e Keeley Ewoldt, 3 anos, dos Estados Unidos, detêm o recorde de "gêmeos mais prematuros do mundo", segundo o Guinness World Records. Elas nasceram com apenas 22 semanas e menos de 500 gramas cada. Hoje, estão fortes e saudáveis.

Desde 24 de novembro de 2018, as irmãs idênticas Kambry e Keeley Ewoldt, dos Estados Unidos, detêm o recorde de "gêmeas mais prematuras do mundo", segundo o Guinness World Records. Elas, que nasceram em Iowa, chegaram inesperadamente 125 antes da data prevista para o parto — com apenas 22 semanas e 1 dia de gestação. Keeley pesava 490 gramas e Kambry, 449 gramas. "Cerca de 24 horas depois que minha bolsa estourou que eu fiz o parto das meninas", lembra a mãe, Jade Ewoldt. "Os riscos de perdê-las eram altos, então eu estava me preparando totalmente para o que aconteceria a seguir", continuou.

Hoje, com 3 anos, as meninas estão fortes e saudáveis, e prestes a iniciar na pré-escola. Confira, abaixo, a história de superação das irmãs.

"Eu estava grávida de 16 semanas quando fui a uma das consultas e descobri que as meninas tinham a síndrome de Transfusão Feto Fetal (STFF)", disse Jade — um distúrbio grave que ocorre em gravidez de múltiplos que compartilham uma placenta, levando um bebê a receber mais fluxo sanguíneo que o outro. "Essencialmente, o que acontece é que os dois ficam doentes", explicou a mãe. "Um bebê está ficando menor e mais doente, enquanto o outro está ficando maior e mais doente. Isso pode realmente levar à morte de um gêmeo ou de ambos", conta.

Felizmente, os Hospitais e Clínicas da Universidade de Iowa, onde elas nasceram, possui uma UTIN de nível IV — o mais alto de atendimento neonatal. "A gravidez normal vai até 40 semanas. A maioria dos lugares nos Estados Unidos e no mundo acha que bebês que nascem antes de 24 semanas de gestação realmente têm uma chance mínima de sobreviver", disse Jonathan M. Klein, neonatologista e diretor médico da UTIN do Hospital Infantil da Família Stead, da Universidade de Iowa. "Na Universidade de Iowa, desde 2006, cuidamos com muito sucesso de bebês nascidos a partir de 22 semanas, ou seja, 18 semanas antes da data prevista para o parto", completou.

Com 22 semanas de gestação, as pálpebras do bebê ainda estão formadas complemente, seu sistema nervoso está se desenvolvendo e aguçando seus sentidos. Antes mesmo de nascerem, Jade sabia que a possibilidade de suas filhas sobreviverem era muito baixa. "Já sabia o que o futuro poderia reservar para elas", disse. "Coisas como paralisia cerebral, autismo e deficiência severa eram coisas que eles tinham que compartilhar conosco", lembra.

Embora os profissionais de saúde soubessem que as prematuras enfrentariam um longo caminho para a recuperação, permaneceram esperançosos. "Ao cuidar de bebês que estão em um estado periviável, é importante não rotulá-los como um bebê extremamente prematuro que não tem chance de sobrevivência", disse o médico. "Nós olhamos para um bebê de 22 semanas da mesma forma que um adulto gravemente doente. Esperamos que esses bebês sobrevivam, esperamos que eles se saiam bem, esperamos que eles prosperem", disse o médico.

Dia do nascimento

O neonatologista Timothy G. Elgin, do Stead Family Children's Hospital, disse que sua equipe de profissionais de saúde neonatal se preparou para a chegada das gêmeas. "Quando uma nasceu, fomos capazes de intubar, colocar um tubo de respiração, garantir que tivesse uma frequência cardíaca adequada e que estivesse na temperatura adequada", disse.

Jade se lembra do dia emotivo em que sua dupla milagrosa foi recebida no mundo. "Imediatamente após o nascimento de Keeley, a equipe da UTIN já estava na sala, preparada e pronta. Ela estava em um estado tão crítico, eles tiveram que levá-la direto para a UTIN", disse ela. "E quando ela estava saindo do quarto e eu me despedindo dela, Kambry nasceu. Ela foi ressuscitada e levada para a UTIN", conta.

Alta e mais tratamentos

Nos cinco meses seguintes, Jade dividiu sua vida entre seus dois filhos mais velhos em casa, Koy e Kollins, e o Stead Family Children's Hospital, onde as meninas estavam. Até receberam alta, ela fazia uma viagem de ida e volta de duas horas quase todos os dias para passar um tempo com elas. Mas as lutas das meninas não terminaram quando elas saíram do hospital. "Quando Keeley e Kambry voltaram para casa da UTIN, em 2019, elas foram diagnosticadas com doença pulmonar crônica e DBP grave (displasia broncopulmonar), então foi um turbilhão completo porque imediatamente instalamos oxigênio e começamos com cabos e tubos em nossa casa", disse Jade. "Não tínhamos mais o apoio da equipe da UTIN. O primeiro dia foi realmente assustador", lembra.

Embora a literatura mais antiga sugira que bebês nascidos muito cedo tendem a ser neurologicamente prejudicados, Klein mencionou que desenvolver estratégias neuroprotetoras e proteger seus cérebros geralmente leva a bons resultados. "Quando acompanhamos nossos bebês nascidos com 22 semanas, mais de dois terços deles são completamente normais, com deficiências muito leves", disse.

Jade disse que "deu o melhor de si" e adaptou sua vida para garantir que suas filhas tivessem o que precisavam para crescer fortes. Hoje, as irmãs cresceram e se tornaram duas gêmeas fortes e felizes de 3 anos de idade. "Keeley é muito feminina, e ela fica com medo até de um brinquedo felpudo. Ela tem um coração muito delicado", descreveu. E Kambry, que tem autismo, traz tanta felicidade e positividade para sua família quanto sua irmã "mais velha". "Nós a amamos porque esses traços fazem quem ela é. Ela é destemida. Não há nada que impeça essa garota", declarou Jade, orgulhosa.

As suas começaram a falar há um ano e meio e, embora Kambry fosse, em grande parte, não verbal, a família começou a ensinar linguagem de sinais, que eles usam para ajudá-la a se expressar. "Foi reconfortante para ela usar a linguagem de sinais, em vez de tentar usar palavras", disse Jade. "Elas irão para a pré-escola no outono e eu, honestamente, acho que serão avançadas para a classe delas", comentou.

ade relembra os últimos três anos e meio com admiração pela força e resiliência de Keeley e Kambry. "Elas fizeram muito. Eu sei que se elas podem fazer todas essas coisas malucas, então eu definitivamente posso fazer tudo ao lado delas", disse. "Isso realmente testou minha fé, me tornou mais forte. Você aprende a apreciar a vida em níveis simples que a maioria das pessoas nunca consegue experimentar em sua vida", completou.

Jade agora dirige uma organização sem fins lucrativos, a Keeley & Kambry's Tribe, que defende a mudança da viabilidade fetal.

Fonte: Revista Crescer 

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