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18.04.2023

Estudo sobre prematuridade mostra que momento do parto é resultado de "duelo genético" entre mãe e bebê

Um estudo internacional feito sob o apoio da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, trouxe novas descobertas a respeito dos fatores genéticos por trás do parto prematuro e da duração da gravidez. Publicado no início de abril na revista Nature Genetics, o trabalho evidencia a complexa relação materno-fetal, indicando que, antes do nascimento, os genes da mãe e do bebê possuem efeitos antagonistas e vivem uma espécie de "duelo genético".

Para entender se a duração da gestação é determinada pela mãe ou pelo feto, os autores da pesquisa analisaram 136.833 casos, envolvendo tanto a combinação de ambos os pais e seus descendentes quanto apenas destes com a mãe, possibilitando que os genomas da mãe e da criança, respectivamente, fossem distinguidos com melhor precisão.

O embate entre mãe x bebê

"O que nós vemos é que pode existir um conflito entre os genomas da mãe e da criança antes do nascimento quando falamos na duração da gravidez. Geneticamente, os genes da mulher favorecem o início do trabalho de parto o quanto antes, para 'expulsar' o bebê, por sua própria sobrevivência, enquanto os da criança favorecem a extensão do período de gravidez para ganhar peso. Assim, eles precisam chegar em um tipo de acordo", explica Pol Solé Navais, pesquisador da Academia Sahlgrenska, da Universidade de Gotemburgo, que lidera o trabalho.

Para Bo Jacobsson, professor de obstetrícia e ginecologia da Academia Sahlgrenska, os resultados das análises sobre esse "duelo" deram mais caminhos para entender como o trabalho de parto é iniciado, tanto a termo, ou seja, a partir da 37ª semana de gravidez, quanto em partos prematuros. "Nas amostras, fomos capazes de identificar variantes genéticas previamente desconhecidas associadas ao momento do parto, e estas fornecem informações inigualáveis sobre os mecanismos biológicos subjacentes", afirma o especialista.

De acordo com a publicação, a maior parte dos partos acontece entre a 39ª ou 40ª semana. Globalmente, o nascimento antes do esperado é a causa mais frequente de morte imediata após o parto ou entre crianças até os 5 anos de idade. Quanto mais antecipado, maior o risco.

Segundo os pesquisadores, a longo prazo, o estudo possui dois objetivos: desenvolver medicamentos mais eficazes na prevenção de um parto prematuro e mitigar ou impulsionar contrações durante o trabalho de parto. Eles afirmam que os achados atuais mostram que estudar a genética humana é uma boa maneira de encontrar alvos possíveis para essas terapias medicamentosas.

Hora do parto

"Até então, já havíamos entendido o mecanismo hormonal desencadeado pela maturidade pulmonar do bebê, deflagrando o trabalho de parto no corpo materno. Esse estudo complementa essa ideia, nos permitindo entender o que regula tal desencadeamento, nos mostrando que é a genética do próprio bebê que decidirá, afinal, quando ele deve nascer naturalmente", explica Braulio Zorzella, obstetra e colunista da CRESCER. Segundo o médico, esse duelo entre mãe e bebê acaba em um 'acordo' entre eles, já que o pequeno 'decide' nascer a partir do momento que seu pulmão está maduro.

No caso dos pequenos que chegam ao mundo antes da hora, Zorzella diz que há outros fatores que podem colaborar para um parto prematuro, como as infecções — principalmente as vaginais, urinárias e respiratórias, a exemplo da covid-19. "Mas existem várias outras causas, como estresse físico ou emocional por liberação de prostaglandinas, além de uma particularidade que algumas mulheres têm que se chama Incompetência Istimo Cervical", explica. Esta última condição provoca dilatação anormal do colo do útero na metade da gravidez, dificultando a continuidade da gestação.

Fonte: Crescer 

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