Amamentar um filho é um momento cheio de emoções, aprendizados e, também, dificuldades. No entanto, quando um bebê nasce prematuro ou, por alguma razão, precisa seguir na UT neonatal, nem sempre é possível que a mãe o amamente ou realize a extração do leite para alimentá-lo. Nesses casos, a doação de leite materno é essencial e pode salvar vidas: ele contribui para o fortalecimento da imunidade da criança, favorece o ganho de peso e curvas de crescimento adequadas, além de proporcionar uma recuperação mais rápida e um menor período de internação.
Pensando em todos esses benefícios que o leite materno pode trazer para os recém-nascidos, Daniela Brito Harzer, 35, decidiu se tornar doadora. Após engravidar pela segunda vez — na primeira, ela infelizmente sofreu uma perda gestacional — a mãe deu à luz uma menina no dia 25 de março e, por conta de uma pré-eclâmpsia, precisou passar por um parto de emergência. Daniela estava com 26 semanas e 4 dias de gestação e, desde então, a bebê está sob os cuidados da UTI neonatal da maternidade São Luiz Star, em São Paulo. Lá, a pequena tem sido alimentada com o leite da própria mãe, que realiza a extração com a ajuda de bombas fornecidas pela unidade de saúde.
Ainda sem previsão de alta do hospital, agora Daniela também poderá ajudar outros bebês. Isso porque, a partir desta sexta-feira (19), data em que se celebra o Dia Mundial de Doação de Leite Humano, a maternidade São Luiz Star amplia a atuação do seu Banco de Leite, que é integrado à Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR). Com isso, mães que estejam em atendimento na instituição poderão optar por fazer a doação de seu leite materno, durante o período de internação.
“Até o momento, o leite era destinado apenas para alimentação do bebê daquela mãe, agora as doações serão direcionadas internamente para os bebês de outras mães, que por diferentes motivos não conseguem amamentar, priorizando os recém-nascidos mais vulneráveis, como prematuros e com patologias cirúrgicas", explica Daniela Fiorenzano, médica da maternidade São Luiz Star. “Com a ampliação do serviço, vamos intensificar as ações de sensibilização de novas doadoras, para aumentar a produção do Banco de Leite ao longo do tempo”, acrescenta a especialista.
Para a médica, o principal benefício desta ampliação do Banco de Leite é a redução do uso de fórmulas infantis para atendimento dos bebês. “Embora os fabricantes tentem reunir nas fórmulas infantis componentes presentes no leite humano, este último é imensamente superior. A biodisponibilidade dos macro e micronutriente é maior, ele contém fatores imunológicos que protegem contra infecções, tem melhor digestibilidade que as fórmulas infantis e promove um crescimento mais saudável do bebê”, ressalta.
De mãe para mãe
Como mãe de UTI, Daniela Harzer acredita que a possibilidade de doar seu leite para que seja utilizado por outros recém-nascidos é extremamente gratificante. "Acredito que todo leite que é produzido de cada mãe é feito com muito amor para o seu filho. [Com a doação], o leite será passado também com muito amor para o filho de outra mãe", afirma Daniela em entrevista exclusiva à CRESCER. "É um ato de amor tanto de quem doa, quanto de quem recebe. Me sinto muito feliz, uma mãe completa, de saber que meu leite também está ajudando não só a minha filha, mas também o bebê de outra mãe que não tem essa possibilidade", finaliza.
Leite humano x leite materno
Considerado “padrão ouro”, o leite materno é primeira e principal fonte de nutrição dos recém-nascidos. É um alimento completo, que garante nutrição e hidratação, além de fatores imunológicos. Mas sabia que há uma diferença entre ele e o leite humano? “Leite materno é aquele que a mãe oferta ao próprio filho. Para que o leite seja doado a outro bebê, é necessário realizar um processo de pasteurização e o resultado chamamos de leite humano pasteurizado”, explica Camila Andrade Pereira, supervisora de Nutrição da maternidade São Luiz Star.
O processo de pasteurização é um tratamento térmico ao qual leite humano ordenhado deve ser submetido para inativar microrganismos maléficos à saúde dos bebês, auxiliando também na conservação. Vale ressaltar que, depois de refrigerado, o leite materno pode ser guardado por no máximo 12 horas, e no congelador, por 15 dias. Já após a pasteurização, a validade aumenta para seis meses.
Fonte: Crescer