Bebês que chegam antes do previsto podem apresentar dificuldade para respirar. Controlar essa situação nos primeiros 60 segundos é essencial. Entenda
Quando falamos em nascimento de um bebê, sempre pensamos num momento muito esperado, desejado e que requer muitos cuidados.
Mesmo com toda a atenção, podemos nos deparar com dificuldades durante a gestação, levando a um parto antecipado. O Novembro Roxo é o mês lembrado mundialmente em prol da conscientização da prematuridade.
O tema é amplo e complexo, mas, hoje, vamos falar da importância do minuto de ouro na assistência ao prematuro no seu nascimento.
É fundamental para qualquer bebê respirar bem ao nascer. E um em cada dez nascidos, ou seja, 10%, precisa de ajuda para executar essa função logo após chegar ao mundo. Mas,entre os prematuros, esse número salta para 60%. Ou seja, de cada 10 bebês que chegam antes do previsto, seis necessitam de auxílio para respirar, com base nos dados da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em torno de 10,6% dos nascimentos são de recém-nascidos prematuros – isto é, menores que 37 semanas de idade gestacional. Além disso, o Brasil é o 9° país do mundo em número absoluto de prematuros, de acordo com as Diretrizes 2022 de Reanimação Neonatal da SBP.
Por que eles demandam cuidados especiais
Devido à imaturidade do pulmão, da caixa torácica e do sistema nervoso que controla o ritmo da respiração, esses recém-nascidos apresentam uma respiração pouco efetiva.
Além disso, os prematuros têm mais risco de perda de calor ao nascer, pois possuem pele fina e pouco queratinizada, o tecido adiposo é escasso e a resposta ao frio é insuficiente. Eles ainda podem perder calor pela fontanela anterior, a conhecida moleira.
O sistema cardiocirculatório também apresenta dificuldade em manter a pressão sanguínea normal, tendendo à baixa pressão (hipotensão) e fragilidade capilar, que favorecem a ocorrência de sangramentos.
E se um bebê prematuro não respirar bem no primeiro minuto de vida?
Nesse caso, aumentam os riscos de alterações no recém-nascido – de pequenas deficiências no aprendizado escolar até sequelas neurológicas graves e até mesmo perigo de morte.Dentro do período neonatal, que vai até 28 dias de vida, a causa mais frequente de óbito é a asfixia – falta de oxigenação nos tecidos do corpo. Para que ela seja evitada, temos o chamado Minuto de Ouro, que pode promover mais qualidade para toda a vida, com melhor evolução após o nascimento, na infância e fase adulta.
No Brasil, a falta de oxigênio ao nascer contribui para a morte precoce, que ocorre até sete dias de vida.
Por isso, é tão importante que a respiração se estabeleça rapidamente. Além disso, trabalhos em prol da diminuição da mortalidade neonatal, como o Programa de Reanimação Neonatal, criado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, tem ajudado a mudar esses dados e contribuído para melhorar a vida de muitos recém-nascidos, tanto os que nascem a termo (a partir de 37 semanas de gestação) quanto os prematuros.
No primeiro minuto de vida, a respiração inicial deve ser associada com cuidados para manter a temperatura corporal e as funções cardiocirculatórias.
Dessa forma, é fundamental uma assistência neonatal qualificada composta por uma equipe multiprofissional e altamente treinada e capacitada para atender o prematuro nesse primeiro momento.
O cuidado da gestante e do feto deve ser realizado desde a concepção, e é muito importante que haja uma preocupação e atenção para a hora do nascimento, que deverá acontecer em uma instituição que esteja preparada para promover atendimento qualificado à parturiente e ao bebê.
Afinal, o Minuto de Ouro é essencial à sobrevida do recém-nascido com dignidade, assegurando uma vida plena de saúde.
Edinéia Vaciloto Lima é neonatologista e chefe responsável pela UTI Neonatal do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista.
Fonte: Veja