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30.12.2019

Cuidados e assistência fisioterapêutica ao bebê prematuro

Os avanços científicos na área da saúde vêm ampliando perspectivas da assistência terapêutica aos bebês prematuros internados na UTI Neonatal e seus familiares, envolvendo-os cada vez mais nos processos de cuidados com seus filhos. Sempre que falo sobre a assistência ao bebê prematuro, gosto de fazer uma analogia ao bebê a termo, pois através da fisiologia da mecânica ventilatória e desenvolvimento motor do bebê a termo, poderemos nortear nossos cuidados trazendo ao bebê prematuro vivências o mais próximo possível da experiência que teriam durante as 40 semanas de gestação intra-útero.

Ao admitir um bebê na UTI Neonatal, precisamos proporcionar a eles um ambiente adequado, aparelhos para garantir uma ventilação pulmonar adequada, umidade e calor adequado não só no momento do primeiro contato do bebê com o ambiente, mas também o local (incubadora) em que ele permanecerá por um tempo para concluir seu desenvolvimento. Uma equipe multidisciplinar, que trabalhe junto em prol de um único desfecho: favorecer o desenvolvimento adequado do seu paciente. Para isso, é preciso que toda equipe realize o mesmo cuidado, mas muito mais que realizar é compreender o porquê fazer de determinada forma.

É importante treinar a equipe de enfermagem tanto na prática quanto na teoria. O fisioterapeuta precisa cuidar do desenvolvimento respiratório e motor desse bebê, mas nossa assistência é por períodos do dia. Quem realmente está à beira leito 24 horas por dia são os técnicos de enfermagem. São eles que darão continuidade ao nosso trabalho. Por isso, é preciso cuidar para que todas as informações cheguem em todos os turnos de forma homogênea, para assim dar continuidade ao cuidado.

Mas, voltando a falar um pouco das diferenças do bebê a termo e do prematuro, vou citar algumas. Bebê a termo possui padrão flexor, o que favorece o alongamento adequado da musculatura, mais ativo, consegue conciliar a atividade respiratória e não respiratórias. Já o bebê prematuro é hipoativo, hipotônico, tende a um padrão extensor, o que pode dificultar seu desenvolvimento musculoesquelético, caso não consigamos inibir esses padrões anormais de postura através de técnicas como posicionamento funcional.

Quando o bebê é admitido na UTI neonatal, os primeiros cuidados médicos e de enfermagem são realizados para adequada estabilização clinica do paciente. Após, a equipe de fisioterapia posiciona o bebê ou orienta a equipe quanto ao posicionamento para o bebê (esse cuidado é específico e varia para cada bebê). A assistência de fisioterapia em geral inicia após as primeiras 48 horas de vida do bebê, para favorecer adequada mecânica ventilatório, manter vias aéreas pérvias e auxiliar na organização motora (favorecer linha média, alongamento adequado da musculatura e posicionamento dos membros, favorecendo assim também a estabilidade da caixa torácica e consequente ventilação pulmonar adequada), e no desenvolvimento motor desse bebê (estímulo para atingir os marcos do desenvolvimento). Esse cuidado deve ser continuado pelos pais após a alta hospitalar, por isso é necessário orientar e acompanhar esses pais, preparando-os para estimular seus filhos através do brincar e saber identificar qualquer alteração no desenvolvimento.

Referências:
1. Pinto, E.B. O desenvolvimento do comportamento do bê prematuro no primeiro ano de vida. Psicologia: Reflexão e critica 22(1), 76-85. 2009
2. Fallang, B; Saugstad, O.D; Hadders-Algra, M. Postural Adjustments in Preterm Infants at 4 and 6 Months Post-Term During Voluntary Reaching in Supine Position. Pediatric Research, Vol. 54, No. 6, 2003

por Mariane Kunzler, Fisioterapeuta e Especialista em pediatria e neonatologia

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