Olá, mães e pais! Vamos conversar sobre colostroterapia, mas antes precisamos entender um pouco mais sobre o que é imunidade, sistema imune e resposta inflamatória.
Imunidade é a defesa do corpo contra agentes que podem causar doenças, como as bactérias e vírus. Sistema imune é o conjunto de elementos do corpo que interagem entre si e com esses agentes, com a intenção de combatê-los. A resposta inflamatória é justamente a reação do corpo diante desse “invasor”. Esclarecida essa parte, podemos começar.
O que é o colostro?
O colostro é uma secreção que a glândula mamária da mãe produz nos primeiros dias após o parto, é muito conhecido como “primeiro leite produzido” ou “ouro líquido”. Ele contém uma grande quantidade de substâncias que têm papel fundamental no fortalecimento da imunidade do recém-nascido. Pode-se dizer que o colostro ajuda a construir uma barreira contra doenças. Quando o colostro entra em contato com a mucosa da boca do bebê, ele inicia uma série de reações que influenciam as chamadas respostas inflamatórias, que protegem o corpo do seu bebê.
E o colostro de mães de prematuros?
Você sabia que o colostro de mães de prematuros possui uma quantidade maior e mais específica de fatores imunológicos protetores para o recém-nascido? Privar o bebê prematuro do colostro pode atrapalhar essa resposta. Na maioria das vezes, o sistema digestivo do prematuro ainda não está maduro o suficiente e ele não consegue iniciar a dieta pela boca de forma precoce. Em alguns casos, nem o colostro, nem o leite materno são fornecidos. Quando o bebê prematuro não recebe o colostro, a criança pode ficar mais vulnerável a infecções.
O que é colostroterapia?
A Colostroterapia é uma terapia indolor e segura. Ela consiste na exposição da mucosa da boca do bebê a pequenas quantidades de colostro cru. Apesar do que se pode pensar, a colostroterapia não tem objetivo nutricional, ou seja, de alimentar o bebê, mas apenas de possibilitar o contato da mucosa com essa secreção. Essa terapia auxilia não só na absorção de fatores imunes, mas também estimula o próprio sistema imunológico da criança a se desenvolver.
Quando é feita?
Geralmente em recém-nascidos de muito baixo peso, mas pode ser feita em qualquer bebê que vai ficar um longo período de tempo sem poder mamar pela boca.
Como é feita?
A terapia pode começar assim que a mãe produz e coleta o colostro. A coleta é feita através da ordenha, da mesma forma que é realizada para a retirada do leite. Uma pequena quantidade de colostro é colocado na parte interna da bochecha do bebê com o auxílio de uma seringa. Dessa forma, a mucosa oral o absorve e inicia uma reação em cadeia, estimulando todo o sistema imune do bebê.
Por quanto tempo?
O colostro pode ser produzido até os 7 dias após o parto, mas a terapia pode ser mantida por até 30 dias, pois o leite de mães de prematuros é imunologicamente enriquecido nesse período. O ideal é que seja feita até que o bebê possa começar a se alimentar pelo seio materno.
Por quem?
Normalmente são os enfermeiros que fazem a colostroterapia, mas os pais também podem aplicá-la com a ajuda de um profissional. Inclusive, há serviços em que esse momento tem sido oferecido ao pai, como uma oportunidade de aproximação e vínculo durante a internação na UTI neonatal.
Sendo assim, a colostroterapia é uma excelente forma de estimular o sistema imune, especialmente em situações de prematuridade. Além disso, é um meio de estabelecer um vínculo entre os pais e o bebê, facilitando a amamentação e atuando na saúde do recém-nascido.
por Victória Porcher Simioni, Tatiane Andressa Gasparetto, Fernanda Silva dos Santos, Raquel dos Santos Ramos, acadêmicas do Curso de Medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e Mariana González de Oliveira, professora de Neonatologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Neonatologista do Hospital Moinhos de Vento