Para minimizar o ócio e a ansiedade de mães de prematuros (bebês nascidos antes de completar 37 semanas) ou com algum problema de saúde, a equipe de neonatal do Hospital Regional de Taguatinga resolveu criar fantasias de carnaval para os pequeninos. Assim, as salas foram tomadas por nenéns vestidos de joaninha, tartaruga, Wolverine, bailarina, Mulher Maravilha, Batman e Harry Potter.
Os trajes foram confeccionados pelas próprias mães, nas reuniões de grupos terapêuticos que ocorrem semanalmente. Além dos trabalhos manuais, os encontros orientam as mulheres quanto aos cuidados com as crianças. “Ter um filho prematuro é uma surpresa e um despreparo. Depois disso a gente passa muito tempo aqui e acaba criando um vínculo”, diz Raelem Santos Aguiar, de 22 anos. Mãe da pequena Lara, nascida com 33 semanas, ela escolheu a fantasia de Branca de Neve para comemorar o carnaval da primeira filha, que completa 2 meses em março.
As peças são feitas com feltro, testado previamente para não prejudicar a saúde dos recém-nascidos. Todo o material utilizado foi doado pela equipe do hospital. Fotografias dos pequenos foliões foram tiradas para que as mamães recebam uma cópia impressa e outras componham o mural da unidade de saúde.
A supervisora de enfermagem da unidade neonatal, Kaisa Raiane, conta que esse tipo de atividade já existe há alguns anos, mas a primeira vez que fizeram roupinhas temáticas foi no Natal de 2016. “Para a gente é realmente uma terapia, nós ficamos sozinhas aqui praticamente o dia todo. Essa ideia serve para ocupar a cabeça”, diz a recepcionista Francisca Camila, de 22 anos, mãe do primogênito Isaac, de 2 meses, nascido com 26 semanas e fantasiado de Harry Potter.
Com vasta experiência no ramo, a terapeuta ocupacional Mchilanny Bussinguer trouxe para o HRT o conhecimento adquirido sobre atendimento humanizado, com base nas diretrizes nacionais desse tipo de prática. Segundo ela, a terapia ocupacional proporciona a criação de um vínculo maior entre os bebês e a família, o que melhora o desenvolvimento da criança. “Esse projeto das fantasias, dos brinquedos e das decorações serve tanto para a aproximar a mulher do filho, quanto para a distraí-la nessa fase difícil.”
O acolhimento aos recém-nascidos é feito até que eles não ofereçam mais riscos e possam receber alta ou sejam transferidos para outra unidade — como em casos cirúrgicos. “Para ser liberado é preciso ter toda a parte clínica em dia, pesar cerca de 1,8 quilo, não precisar de aparelhos e estar com a amamentação em dia”, explica Kaisa. Segundo ela, a regional de Taguatinga é referência nesse tipo nascimento. Em média, 70% dos partos do hospital são de prematuros.
Tipos de unidades neonatais
A neonatologia funciona com três tipos de assistência: unidade de cuidados intermediários canguru, em que a mãe fica hospedada com o bebê, que necessita de menos cuidados médicos; unidade de cuidados intermediários convencional, na qual os nenéns precisam de algum tipo de cuidado especial e do uso de aparelhos; e unidade de terapia intensiva, onde ficam casos mais graves que requerem maior atenção da equipe. Juntos, os três setores têm 24 leitos.
Fonte da notícia: Agência Brasília (notícia original publicada em 28/02/17)
(Fotos: Tony Winston/Agência Brasília)