Os ftalatos são compostos químicos encontrados em muitos produtos de consumo diário, como embalagens plásticas de alimentos, artigos de cloreto de polivinila (PVC) e produtos de limpeza ou cosméticos. São considerados desreguladores endócrinos e metabólicos e seu uso em brinquedos, dispositivos eletrônicos, embalagens de alimentos, dispositivos médicos e cosméticos é regulamentado. Alguns ftalatos são classificados como tóxicos para a reprodução. A exposição pré-natal pode prejudicar o desenvolvimento de certos tecidos ou órgãos, promovendo assim potenciais consequências para a saúde na idade adulta que podem persistir ao longo de várias gerações por meio de mecanismos epigenéticos.
Diversos estudos também sugeriram que os ftalatos influenciam a evolução da gestação e podem levar ao parto prematuro. Contudo, o risco de parto prematuro atribuível a esses compostos químicos ainda não havia sido quantificado.
Aumento significativo no risco
É por isso que um estudo prospectivo foi realizado nos Estados Unidos, com mais de 5 mil mulheres nas quais foram encontrados metabólitos de ftalato em amostras de urina. As concentrações de metabólitos de ftalato eram aproximadamente as mesmas, independentemente da idade gestacional. Os dados confirmaram a associação entre a concentração de ftalatos na urina e o risco de parto prematuro.
O ftalato de bis(2-etilhexil) (DEHP) era o ftalato mais amplamente utilizado em objetos de PVC antes de ser regulamentado. O DEHP está associado a um aumento de 45% no risco de parto prematuro. O aumento mais significativo no risco está associado aos níveis urinários de ácido ftálico, ftalato de diisodecil, ftalato de di-n-octil e ftalato de diisononil. Estes compostos substituíram o DEHP após o estabelecimento de normas limitando o seu uso.
Nascimentos prematuros, custos substanciais
A contribuição dos ftalatos para a ocorrência de nascimentos prematuros está longe de ser negligenciável. Quase 57.000 nascimentos prematuros evitáveis ocorrem todos os anos nos Estados Unidos, com um custo associado de 3,84 bilhões de dólares.
Existem alternativas mais seguras, mas a barreira à sua utilização parece ser o custo. Portanto, os autores tentaram estimar o impacto ambiental e o custo para a saúde do uso de ftalatos, incluindo não apenas as consequências a curto e médio prazo dos nascimentos prematuros, mas também a obesidade infantil e as doenças crônicas relacionadas com os ftalatos, como a obesidade e o diabetes mellitus em adultos, a endometriose, a infertilidade masculina e a mortalidade cardiovascular. Eles estimaram que, para os Estados Unidos, esse custo total ascende a aproximadamente 100 bilhões de dólares anuais, além do custo do impacto ambiental do plástico no país, que foi recentemente estimado em 250 bilhões de dólares por ano.
Os autores encorajaram iniciativas individuais para reduzir a exposição aos ftalatos. Eles recomendaram particularmente a escolha de cosméticos cujos rótulos indiquem a ausência de ftalatos e a substituição de alimentos embalados em plástico por produtos frescos.
Esse artigo foi traduzido do francês para o inglês com o uso de uma série de ferramentas editoriais, inclusive inteligência artificial (AI), como parte do processo. Editores humanos revisaram seu conteúdo antes da publicação. A versão em inglês foi, a seguir, traduzida para o português brasileiro.
Fonte: Medscape