Cuidar da saúde é importante em qualquer fase da vida. No entanto, durante a gestação, alguns hábitos podem prejudicar não apenas o seu corpo, mas também o do seu filho. Saiba o que evitar.
Carregar uma nova vida é um privilégio, mas também vem com responsabilidades – e das grandes. Ao longo de 40 semanas, alguns dos erros ou negligências que cometemos contra a nossa saúde não afetam apenas o nosso corpo, mas também o do bebê em formação. Não é preciso entrar em neura, já que o estresse também pode ser prejudicial. O ideal, no entanto, é manter o pré-natal em dia, conversar com seu médico para tirar as dúvidas e evitar ações que podem prejudicar seu pequeno. Selecionamos algumas atitudes importantes que devem ser evitadas na sua rotina, sobretudo durante a gravidez. Confira:
1. Consumo de álcool
Fique longe das bebidas alcoólicas durante a gestação. Um estudo realizado pela Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha, com 1.264 mulheres apontou que, mesmo em doses baixas, o álcool pode elevar o risco de o bebê nascer prematuro ou com peso inferior ao esperado. O maior problema é que a substância passa livremente pela placenta até o feto e permanece lá por mais tempo do que em você, já que o fígado em formação do bebê metaboliza a substância duas vezes mais lentamente do que o fígado da mãe. Além disso, dependendo do grau de exposição, o álcool pode afetar o crescimento do cérebro e dos órgãos da criança, o que fará diferença no jeito que ela pensa, age e aprende no futuro.
2. Fumo passivo
Há muitos estudos que mostram que as mais de quatro mil substâncias nocivas do cigarro prejudicam o desenvolvimento do bebê e aumentam os riscos de aborto e parto prematuro. Se você for fumante, não basta interromper o seu hábito, mas também ficar longe de ambientes com fumaça. Uma pesquisa realizada com mais de 80 mil mulheres apontou que a gestante exposta ao fumo passivo tem de 22% a 55% mais chance de dar à luz um bebê natimorto, dependendo do tempo da exposição à fumaça. A conclusão veio da Stanford University Medical Center, na Califórnia. Os pesquisadores estão estudando mais detalhadamente as causas, mas reforçam que os malefícios em fumantes passivas são tão altos quanto em ativas.
3. Comer por dois
Nada de dobrar a ingestão calórica, com a desculpa de “comer por dois”. Um estudo realizado com mulheres grávidas dos Emirados Árabes Unidos apontou que o ganho de peso gestacional excessivo pode trazer riscos para a saúde do bebê e da mãe. “Os primeiros mil dias, incluindo dias passados no útero, são considerados críticos e sensíveis na vida. Assim, as exposições ambientais têm um impacto duradouro no crescimento e na saúde futura do bebê”, afirmam os pesquisadores. Publicado na revista acadêmica, The Journal of Nutrition, o estudo analisou dados de 242 grávidas, coletados entre 2015 a 2017. Desse grupo de mulheres, 57,4 % tiveram ganho de peso excessivo. Os pesquisadores identificaram basicamente dois padrões de hábitos alimentares: “Diversificado” — caracterizado por alta ingestão de frutas, vegetais, pratos mistos, carnes, laticínios, grãos, legumes e nozes — e "Ocidental" — composto pela ingestão de doces, bebidas adocicadas e fast food. Os resultados do estudo mostraram que as mulheres grávidas nos Emirados Árabes Unidos, adeptas ao padrão ocidental tiveram mais chances de ganhar peso excessivamente. Outros estudos já mostraram que o aumento de peso da gestante pode aumentar as chances de nascimento de bebês muito grandes (macrossomia fetal). Há também o risco da criança desenvolver doenças cardiometábólicas e obesidade.
4. Não cuidar direito dos dentes
Manter bons hábitos de saúde e higiene bucal é importante sempre, mas, na gravidez, ganha um peso ainda maior. Um estudo da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que processos inflamatórios na gengiva estimulam o aumento de um hormônio chamado prostaglandina, que pode induzir o parto prematuro do bebê. De acordo com a obstetra Carolina Ambrogini, colunista da CRESCER, as doenças periodontais (da boca) são silenciosas e, por isso, todo cuidado é pouco. “A grávida tem mais propensão ao tártaro e ao sangramento na gengiva. Uma higiene bucal adequada é fundamental, com direito a fio dental, escova e antissépticos bucais. É importante também consultar um dentista para ver se está tudo em ordem”, explica.
5. Sedentarismo
Além de ajudar a mãe a manter o peso e a melhorar a própria saúde, a prática de exercícios na gravidez traz vantagens para o bebê. Estudos já mostraram que atividades físicas realizadas pela grávida podem contribuir para prevenir a obesidade na infância e até para melhorar a saúde respiratória do pequeno. O movimento também aumenta a circulação do sangue, melhorando a saúde cardiovascular. “Reduz nos níveis de pressão arterial, diminui os níveis de açúcar no sangue e mantém níveis baixos de colesterol”, destaca Guilherme Renke, endocrinologista, médico do esporte e mestre em cardiologia. Tudo isso reduz as chances da grávida desenvolver diabetes gestacional – que pode levar, por exemplo, a um parto prematuro, entre outros riscos. Mas atenção: é importante consultar o obstetra para saber a partir de quando e quais modalidades estão liberadas no seu caso.
6. Automedicação
A gravidez é uma fase da vida em que as preocupações são redobradas. Se antes, ao ficar resfriada, você passava na farmácia e comprava um antigripal sem pensar duas vezes, agora, tudo ganha um peso maior. Será que aquele medicamento, vendido sem necessidade de prescrição médica, vai prejudicar seu filho? Esse receio faz todo o sentido e o correto é repensar mesmo. “Na verdade, ninguém deveria se automedicar. Na gestação, então, essa recomendação é ainda mais importante, já que o uso de alguns medicamentos, dependendo do tipo, da dosagem e do tempo de administração podem oferecer sérios riscos ao bebê, como malformação fetal, prematuridade, aborto e restrição de crescimento, entre outros”, explica o ginecologista e obstetra Lucas Olivotti, do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista (SP).
Fonte: Crescer