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22.09.2012

Vitória da vida: quando o impossível acontece.


Nada é impossível quando a gente acredita! Prova disso é a pequena Vitória, filha do Fagundes e da Foquinha. Ela veio ao mundo prematura e sua mãe faleceu 3 dias após o parto, em decorrência de um tumor cerebral. A fé fez com que o pai não perdesse as forças para lutar pela vida da pequena e estivesse lá com ela o tempo todo. Leiam e se emocionem!!!


A Gazeta - 22/09/12


"Vitória nasceu medindo apenas 37 centímetros, no dia 27 de agosto deste ano. Está na UTI neonatal de um hospital, na Serra, desde então.


Divulgação


Alex e Priscila durante o tratamento do câncer no cérebro (fotos: divulgação, mesma fonte da matéria)


Sua mãe, a professora de Educação Física Priscila Charpinel, carinhosamente chamada de Foquinha, morreu no dia 30 do mesmo mês, depois de enfrentar, pela segunda vez, um câncer no cérebro.


Manteve-se firme até o sexto mês de gestão para dar vida a Vitorinha. Com a ausência dela, é o pai da menina, o designer gráfico e estudante de Publicidade Alex Fagundes, 35, quem lhe dá, literalmente, o colo. Alex atua como "pai canguru", mantendo o bebê coladinho a seu corpo por algumas horas, diariamente.


Cristão, não tem dúvidas de que a história que ele e Priscila viveram, e da qual agora Vitória faz parte, é fruto da fé. Ele criou no Facebook a página Vitorinhavix, na qual narra as conquistas diárias do bebê. Até a última sexta-feira, quase 5 mil pessoas já haviam curtido a página e outras 3,5 mil falavam sobre o assunto na internet. Abaixo, ele conta como está enfrentando o desafio de ser pai sozinho.


Encontro


"Em 2003, trabalhava com dança de rua e artes gráficas, em Uberlândia, Minas Gerais, quando a líder do grupo de dança da igreja evangélica da qual a Priscila fazia parte, aqui em Vitória, foi até lá e viu meu trabalho, ligado ao hip hop. Em julho daquele mesmo ano, eu e a Priscila começamos a paquerar. Em dezembro, em Vitória, comunicamos aos pais dela que queríamos ficar juntos. Era  o que Deus queria para as nossas vidas. Namoramos dois anos e meio e casamos.


Priscila tinha muita vontade de divulgar o evangelho. Além do trabalho que desenvolvíamos na igreja, era professora de Educação Física em escola particular. Quando mudei para Vitória, trabalhei como office boy, depois desenvolvi projetos sociais, e comecei a dar aula de grafite. Desde 2010, atuo na área de Publicidade  na Igreja Evangélica Batista de Vitória. E faço faculdade.


Rap nupcial


Nosso casamento foi bem diferente. Até o pessoal da TV Gazeta cobriu (risos). Foi no estilo hip hop, numa igreja evangélica. Teve dança, Dj. A marcha nupcial foi com batida de rap.


Lá em casa, fui o primeiro a ir a uma igreja evangélica. Sabe, tive um passado triste. A morte do meu melhor amigo, por causa de um assalto, me fez repensar a vida. Era um cara muito próximo a mim – fui reconhecê-lo no necrotério. Nunca me envolvi com droga, nunca assaltei, sempre fui centrado, mas me envolvi em bagunças. Parei de estudar. Quando meu amigo morreu, vi que não tinha nada, que se morresse, não deixaria legado. Voltei para a escola.


Com a morte dele, passei a andar armado. Um dia, um cara tentou me agredir, e eu ia tentar  matá-lo quando Deus falou comigo: 'Não, você é meu, tem uma história melhor para contar'. Ali, éramos só eu e o cara... Fui embora, vendi o revólver, participei de um retiro de igreja. Tinha 20 anos, e não precisei ir ao fundo do poço para ser resgatado. Como já era dançarino, resolvi dançar para Deus.


Minha mãe sempre foi muito trabalhadora. Meu pai era ausente, desde os meus 10 anos. Acho que fui parar naquela vida para ser conhecido como alguém violento. Meu irmão foi mais fundo. Ficou 11 anos preso. Quando a mulher dele engravidou, mudou tudo na vida dele. Hoje sei o que um filho é capaz de fazer na vida da gente.


A doença


A descoberta da doença, em setembro de 2010, foi um baque para Priscila, que eu só chamava deFoquinha – sua pele clara, o nariz, os olhos, lembram uma foquinha (risos). Ela sempre teve enxaqueca, mas as dores foram ficando mais fortes, de julho para frente.


Os exames identificaram, primeiro, um cisto. Na cirurgia, viram que era um tumor, e que ele estava enraizado. Após a remoção do tumor, o tratamento com radioterapia durou até março de 2011. Nesse período, perdi minha mãe.


DivulgaçãoMas eu e Foquinha recebemos muito apoio: além da própria família e da igreja, de amigos, grafiteiros, dançarinos de rua, do pessoal da  prefeitura. De pobre a milionário, de intelectual a analfabeto.


Usamos o Facebook para manter amigos que estavam fora, até em outros países, informados sobre a situação, mas a coisa tomou uma proporção muito maior.


Nunca perdemos a esperança. Sabe, a fé é fundamental. Se eu tivesse levado tudo só na lógica, na razão, com base nos laudos, pensaria: 'Ah, não tem jeito...'. Mas a fé nos fez lutar. Priscila chegou a ser desenganada pelos médicos, mas aconteceu o improvável, o que a Medicina não diria que seria possível. A  pressão craniana, que tem média normal de 10 –  nela chegou a  42.


Gravidez


Ela tinha auto-estima elevada, e muita fé. Os médicos removeram o que era possível do tumor, para não comprometer a área motora. A equipe teve conduta inquestionável. Sou muito grato a eles. Findo o tratamento, Priscila ficou curada. Tanto que, quando ela adoeceu de novo, o tumor era outro, não tinha nada a ver com o primeiro. O que Deus fez...


Em fevereiro, precisou colocar uma   prótese em parte do crânio, e, logo após, ela engravidou. A gravidez não foi programada, mas a gente sempre pensou em ter filhos. Só que, com a doença, achávamos que era improvável... Nunca perguntamos aos médicos se ela podia engravidar.


'Foi tão rápido...'


Foi uma felicidade. Mudou nossa vida de novo. Mas, no final de junho, ela teve uma crise de dor de cabeça, e durante o mês de julho as dores ficaram mais fortes. Exames mostravam outro tumor.


Em agosto, Priscila passou muito mal. Os médicos decidiram que o parto seria feito no dia 27. Foi tudo tão rápido...


A primeira vez que a Foquinha superou a doença me deu força para enfrentar a segunda. A gente escolheu Vitória como nome da nossa filha pela conquista maravilhosa que ela representa.


Priscila faleceu no dia 30 de agosto. Aconteceu o que Deus quis, e a gente aceitou. Naquele dia, tive que lidar com a perda e com o ganho, que era muito grande. Hoje, minha vida é voltada totalmente para a minha filha.


Na UTI do hospital, ela me toca com aquelas mãozinhas tão pequenininas, ainda na encubadora. Ela fica coladinha no meu corpo. Ouço o coraçãozinho dela; ela sente minha respiração.


A força


Eu e Priscila sempre optamos pela vida. E a vida é a Vitória. Quando ela nasceu, fiquei como criança. Foi a melhor sensação do mundo. Vitorinha é tão forte quanto foi a mãe dela. Já tem reflexo da sucção. O leite ela recebe por sonda. Toma 18ml, de duas em duas horas. Começou com 1 ml a cada seis horas. Ah, eu tenho que agradecer muito por esse alimento que vem do Banco de Leite público – o pessoal é maravilhoso!


Na última quinta-feira, com 23 dias, pesando 1,225 quilo, pela primeira vez, pôde ficar sem o equipamento para respiração, e respirou normalmente. Para sair da encubadora  tem que ter 1,6 quilo. É muita felicidade! A perda, deixa  que o tempo resolve.


Já estou preparando o quarto para receber minha filha, na casa nova onde a Foquinha não conseguiu morar – mudei na semana em que ela foi internada. Estou também recebendo ajuda psicológica, que considero importante para lidar com tudo isso.


Sabe, a gente não sabe nada dessa vida. Quando é preciso, tiramos força de onde não temos. Eu penso de forma positiva. Com fé, podemos acreditar que o impossível pode mesmo acontecer".


Fonte: por Claudia Feliz para A Gazeta


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