03 de Junho de 2013

Um milagre chamado Heitor Lucas – A vitória de um anjo

"Renascimento de mãe e filho.

Milagre. Fé. Esperança. Dor. Sofrimento. Felicidade. Perseverança. Misericórdia. Amor. Compaixão. Piedade. Sorrisos. Lágrimas. Desespero. Caridade. Gratidão. Ansiedade. Tensão. Solidão. Medo. Pavor. Provação. Coragem. Angústia. Turbulência. Paciência. Força. Vida. Vitória. Deus. Jesus Cristo. Maria. Anjos.

Traduzir a história do nascimento do meu filho – Heitor Lucas – é falar, sentir e reviver muitos sentimentos e emoções... é, simplesmente, me revirar do avesso e adentrar bem no fundo do meu coração e da minha alma, e em um universo escrito por Deus.

Então vamos lá: sempre quis ser mãe. Porém, eu queria tudo certinho, um marido, casamento, uma casa, para assim constituir família. As coisas não ocorreram bem assim na minha vida, o que de alguma forma me deixa muito frustrada, mas de uma coisa tenho certeza: Deus escreve certo por linhas tortas.

Em fevereiro de 2010, conheci um belo rapaz e nos envolvemos. Me apaixonei completamente e lá se vão quatro anos que eu o amo. Era tudo muito incerto e eu sofria muito, ele sempre cheio de dúvidas.

Aconteceu, inesperadamente eu engravidei. Fiquei paralisada com a notícia e demorei a acreditar que estava grávida, mesmo com o teste em mãos. Foi um susto, um choque, foi muito difícil. E agora? Como falar com a minha família, os meus amigos, e no meu trabalho? Como eu iria olhar para as pessoas que sempre me admiraram pela minha dignidade e integridade? Eu só sabia chorar, era um misto de alegria e de decepção comigo mesma por permitir que as coisas ocorressem dessa maneira. O desespero tomou conta de mim. Sempre rezei e pedi a Maria que me permitisse um dia gerar uma criança, que me concedesse a chance de ser mãe. Mas dessa maneira? Por quê? Por que logo comigo?

Pois bem, graças a Deus minha família me acolheu, já o pai do bebê demorou um pouco para administrar bem essa nova situação. Alguns “amigos” simplesmente sumiram e me abandonaram porque eu seria mãe solteira, como se isso fosse um crime ou uma doença. Não compreendo por que fizeram isso. Algumas pessoas da “família” me criticaram duramente. Fui tentada pelo mal.

Os meus planos não eram os planos de Deus. Eu estava muito ferida e magoada, ultrajada nos meus valores e princípios. Parecia que tudo que eu acreditava havia caído por terra. Sentia-me perdida, sem rumo e sem direção.

A dor psicológica era gigantesca, eu sentia na pele o preconceito, a discriminação e a rejeição. Durante esse período - muito atribulada, triste e confusa devido a tudo que eu estava passando – eu nem conseguia curtir minha gravidez. Passava muito mal e minha gestação foi considerada de alto risco. Certo dia, fui fazer uma ultrassonografia e eu e minha mãe passamos na Livraria Bom Pastor, em Campo Grande. Lá conheci uma anjinha chamada Aurora, uma pessoa linda, especial, generosa e de uma fé inabalável e admirável, que se tornou imensamente importante na minha vida e na vida do meu filho. Minha mãe, em outra oportunidade, já a havia conhecido e mencionado parte da minha história. Ela conversou bastante comigo e me deu uma oração de Madre Assunta que, a partir daquele dia, eu nunca mais deixei de fazer. Foi um passo grande para contribuir na minha superação como mulher, como ser humano.

Aos trancos e barrancos fui levando a minha gestação. Sempre chorava muito. A dor, além de psicológica, era física também. Aos três meses de gravidez precisei ficar internada tomando soro durante alguns dias, pois eu estava muito fraca e com muitas dores. Os dias foram passando e minha barriga crescendo. O Heitor estava se desenvolvendo direitinho e aprontando muito dentro da barriga da mamãe. Aproximadamente aos quatro meses, segundo o exame de ultrassonografia, ele já havia virado, o que me levava a dores intensas e contínuas.

No dia 24 de maio tive o primeiro susto: um sangramento no meu serviço. Corri para a maternidade e fiz um exame que constatou estar tudo bem com o bebê. Porém, após exatos sete dias, no dia 31 de maio minha bolsa rompeu. Foi um momento de muita tensão, afinal, eu continuava trabalhando para pagar a minha cesárea. Minha sorte é que um amigo, Felipe Chiesa, foi me buscar e me levou para casa. Deus colocou mais esse anjo no meu caminho. Ligamos para o médico que acompanhou o meu pré-natal e, além de ter sido muito estúpido, não nos orientou direito e simplesmente fez como Pilatos: lavou as mãos. Queríamos apenas orientações de como proceder.

Fomos para a primeira maternidade, onde verificaram e disseram que o líquido não era da bolsa e que lá somente se fazia parto de 37 semanas. Fui para casa, as contrações só aumentaram e tive sangramento. Fomos então para a segunda maternidade e, após ser examinada, não ficaram comigo pois só atendiam gestante de médio risco - e minha gestação era de alto risco. Lá havia UTIN para o bebê, mas não havia UTI para a mãe.

Rodamos mais um pouquinho e fomos para a terceira maternidade. Lá eles me analisaram e, como não havia vagas, as médicas inexperientes queriam que eu ficasse internada sentada em uma cadeira de plástico, mesmo sabendo da gravidade da situação. O neném se contorcia em meu ventre e a dor aumentava a cada segundo. Fomos em frente e chegamos à quarta maternidade onde, mesmo sem vagas, me internaram no Centro Obstétrico (o temido C.O.). Assim que entrei no C.O., solicitaram que eu tirasse todas as jóias e bijuterias, mas permitiram que eu ficasse com o terço que estava em meu braço. Isso já era dia 1o de junho, às 3h da madrugada.

Deus abençoou e, no mesmo dia, saiu uma vaga na maternidade para mim. A noite havia sido muito exaustiva, complicada e difícil. Os médicos me avaliaram e decidiram manter o bebê em minha barriga por 20 dias, com medicação na veia 24h e injeções de corticóide de 8 em 8 horas. Eu era uma TPP – Trabalho de Parto Prematuro.

No dia 3 de junho, o médico (Dr. Alexandre) conversou comigo e com minha mãe e disse que haviam decidido tirar o neném, já que eu e o Heitor corríamos risco de morte. Foi um baque. Quando tudo parecia estar sob total domínio, aconteceu isso. Era um domingo e não havia profissionais para fazer uma ultrassonografia, então o médico decidiu realizar o exame no outro dia, para assim marcar a data do parto.

Mas o destino já estava traçado e, no dia 3 de junho, por volta de 22h, comecei a passar ainda mais mal do que já estava passando. Fui examinada e a médica pediu para que eu retornasse para o meu quarto e tentasse dormir. Me garantiu que o bebê não nasceria naquele dia, que eu apenas estava nervosa e precisava descansar.

Ledo engano. Eu bem que tentei dormir, e nesse meio tempo minha irmã Vanessa foi me visitar. Quando ela se retirou ocorreu algo inexplicável e difícil de descrever. Fechei meus olhos e senti alguém puxando delicadamente um dos meus pés - o esquerdo, mais precisamente. Perguntei à minha amiga que estava de acompanhante se ela havia me tocado e ela disse que não. Achei estranho. Fiquei apreensiva e pensativa, mas não conseguia relaxar. Rezei. Era um pouco mais de 23h e precisei retornar para o C.O., pois minhas dores se intensificaram. Fui atendida por outra médica (a Dra. Sônia), que resolveu me deixar em observação.

As dores foram se tornando insuportáveis e eu gemia de tanta dor. Orava, orava, mas iniciava uma oração e não conseguia concluir, pois a dor me dominava. Pedi ajuda e, após algum tempo, veio outra médica super ignorante. Ela me tratou muito mal e disse que eu ia ter o bebê, mas apenas após se encerrar o plantão dela, que acabaria às 7h da manhã. Desesperei-me e pensei que não suportaria. Eu delirava de dor, suava frio, sentia que estava perdendo líquido.

Nesse momento, mais uma vez senti alguém tocando em mim, na minha perna esquerda. Abri os olhos e não vi ninguém. Clamava por socorro. Após algumas horas, mais consciente de tudo, tenho certeza de que recebi a visita da Virgem Maria, da Virgem Mãe dos Céus, pela segunda vez naquela noite. Ela me cobriu com o seu manto sagrado de amor e me deu forças para continuar a lutar por minha vida e pela vida do Heitor.

Após algum tempo, novamente veio a mesma médica grossa, que notou que eu não aguentaria tamanho sofrimento e decidiu chamar um anestesista para me aplicar uma analgesia. O médico chegou com uma imensa paciência, eu não estava suportando mais e pedia auxílio. Ele dizia que não podia acabar com a minha dor, mas que poderia amenizá-la. Realizou os toques com algodão molhado no álcool e estranhou eu continuar gemendo de dor. Segundo o médico, depois do procedimento, eu não deveria estar ainda naquele estado, e pediu para que eu mostrasse o local em que eu sentia as dores. Mostrei e ele me disse que nunca viu dores de parto naquele lugar. Informou-me que estava mudando de plantão e que iria chamar outra anestesista. Realmente a médica veio, mas disse que, infelizmente, já não dava para fazer mais nada. Naquele momento não entendi bem o que ela quis dizer.

Meu corpo tremia todo e eu me retorcia, doía demais. De repente vi um vulto se aproximando e era a Dra. Sônia para me examinar. Ela constatou que o bebê iria nascer e chamou a equipe, que veio prontamente devido à gravidade da situação. Foi um corre-corre. Eu, que estava tão apreensiva quanto ao parto normal, já não me importava mais com nada, apenas queria que aquele martírio se encerrasse o mais rápido possível. Eu estava completamente sem forças.

Fui levada às pressas para a mesa de parto. Lá, enquanto me preparavam, as enfermeiras ficavam me reanimando para que eu permanecesse acordada. Dra. Sônia apresentou a equipe, que de repente se multiplicou. Na hora eu não compreendi exatamente por que, mas, alguns dias depois, as enfermeiras me disseram que foi uma cirurgia delicada devido ao risco de morte para a mãe e para o bebê. Eu via tudo escuro e a Dra. Sônia ficava conversando comigo para me manter consciente e acordada. Foram momentos tensos e cruciais.

Foi exatamente no dia 04 de junho – dia do meu aniversário de 34 anos - às 8h30 da manhã, que nasceu o meu prematurinho guerreiro, admirável e lindo: Heitor Lucas. Veio como um milagre, como um presente dos céus. Realmente uma dádiva. Imaginem, o meu anjo chegou bem no dia do aniversário da mamãe!


A comoção foi geral entre a equipe médica. Porém, vieram mais desafios: o bebê nasceu, mas não chorou. Continuou ali a luta aguerrida por sobrevivência. Saíram correndo com ele da sala de parto e demoraram a trazê-lo para eu dar um cheiro. Precisaram usar o “ressuscitador” (o desfibrilador), pois o bebê não reagia. O Apgar dele foi nota 4 no primeiro minuto de vida. Os médicos estavam nervosos, preocupados e apreensivos. Eu não entendia ao certo tudo que estava acontecendo e ainda estava por vir. Deus operou nas mãos dos médicos e fez com que meu filho conseguisse sobreviver.

Ele foi levado para a UTIN de alto risco para ficar no oxigênio e foi entubado, o momento ainda era muito delicado. Além disto, eu estava na mesa de parto com a Dra. Sônia fazendo curetagem. Nesse momento, a médica pediatra que acompanhou o parto chegou e me disse que o Heitor estava no oxigênio e que eu precisaria ser forte e firme para agüentar. Ele iria precisar de uma cirurgia com urgência no esôfago, tinha sopro no coração, problemas sérios respiratórios (que ele quase não conseguiu escapar), tinha um problema no rim, sua avaliação ao nascer foi ruim e talvez ele fosse transferido de hospital. Além de muitas outras coisas. Santo Deus! Eram tantas informações e eu, muito frágil, tonta e fraca, precisando de cuidados especiais. Até hoje não sei como consegui resistir naquele momento.

Daí iniciou-se mais uma peregrinação. Além disso, ocorreu um verdadeiro milagre: as cirurgias que a médica disse que o Heitor precisaria foram aos poucos descartadas. A princípio, não conseguiriam passar a sonda na garganta dele, o que revelava que ele necessitaria de uma cirurgia no esôfago, mas, graças a Nossa Senhora, os médicos conseguiram realizar o procedimento nas tentativas seguintes. Foram exatos 24 intermináveis, incontáveis e dolorosos dias em uma UTIN.

A vida naquele lugar não é nada fácil. É viver um dia de cada vez, é matar um leão por dia, é conviver em meio a dúvidas, incertezas, angústias, tensões, vazio, culpa, solidão e prantos e prantos de dor; é temer o futuro, é  a incerteza do presente, é conviver com a vida, mas também com a morte. E como lidar com tudo isso?

Uma coisa é certa: sentia a presença de Maria a cada instante dentro daquela UTIN, nas mãos dos profissionais de saúde, nos olhos que clamavam por socorro, nas lágrimas de cada mamãe e nos sorrisos pela evolução de cada criança. A previsão era de que o Heitor ficasse por, no mínimo, 40 dias, mas a recuperação dele impressionou todos da UTIN. Os profissionais daquele lugarzinho de esperança, fé, aprendizado, misericórdia, compaixão e lágrimas são verdadeiros anjos abençoados. Deus impera piedosamente naquele ambiente. Deus, de fato, ama todas as criancinhas e envia legião de anjos para a UTIN.

Mais um momento difícil: tive alta, mas precisei deixar o neném na UTIN. Parecia que estavam tirando um pedaço de mim. Sentia-me mutilada, dilacerada. A dor foi terrível, tive medo, muito medo. Fui embora naquele dia com uma sensação de impotência, de incapacidade, de tristeza infinita. Fiquei muito mal. Durante dois dias só vi meu anjinho na parte da tarde, ia visitar e ia embora. Isso foi muito difícil para mim. Quanto sofrimento.

Após dois dias, conseguiram uma vaga na tal “casinha” para mim – era um quarto perto da UTIN onde ficavam as mãezinhas do interior que tinham seus bebês internados. Cabiam apenas quatro mães. Foi sombrio, mas foi bom, pois fiquei pertinho novamente do meu príncipe. Fiquei na “casinha” por aproximadamente duas longas semanas. Nós, mãezinhas de UTIN, já não suportávamos tanta turbulência, provação e aflição. A comida não tinha sabor, mas era necessária para nos manter de pé. Ali, vivenciei muitas experiências: pessoas desconhecidas, mas que conheciam e entendiam como ninguém a minha dor. Uma dava força para a outra poder continuar na caminhada. Uma era o ânimo da outra. Quando uma estava triste, a outra tentava alegrar, muitas vezes eram choros coletivos.

Eu pensava: quantas mulheres guerreiras, nobres, admiráveis! Nós só queríamos nossos filhos vivos e saudáveis para sair daquele lugar e poder levá-los para a nossa casa. Formamos uma “família” e levo cada uma delas e seus bebês em meu coração. Maria, nossa mãe, sempre nos amparava, cada uma na sua crença. A mãe do céu estava cuidando de nós e protegendo nossos nenéns.

Convivi com alegrias, mas convivi com perdas. Absorvia tudo. Era impossível não absorver e, por isso, a Viviane – psicóloga – estava lá. É muito comum as mãezinhas da UTIN terem depressão pós-parto. Conviver com a insegurança não é nada fácil. As enfermeiras me mandavam sair de dentro da UTIN para que fosse dormir, pois o dia passava e eu não comia direito, não dormia direito, não tomava água direito. Fiquei completamente alienada, perdi a noção do tempo, das horas e temia pelo pior. Vibrava a cada progresso, a cada conquista, a cada vitória das outras mãezinhas e seus bebês e, claro, do meu batalhador Heitor Lucas. No dia que recebi a notícia que o Heitor sairia naquela semana eu nem acreditei. Ele ainda teria que passar por avaliações e uma bateria de exames para saber se estava tudo bem.

Conseguimos sobreviver a isso tudo, rezando e perseverando. Exemplo disso foi a visita da minha mãezinha do céu por duas vezes durante o meu trabalho de parto e sentir a presença dela a cada pulsar do meu coração. Saber que Nossa Mãe esteve ao lado do bercinho do Heitor Lucas na UTIN a todo segundo e enviou os anjinhos para tomar conta do meu neném e de todos os nenéns que lá se encontravam, me encoraja a continuar a minha trajetória.

Finalmente, chegou o grande dia: 28 de junho de 2012. Inesquecível. A médica dele, a Dra. Sueli, fez a avaliação e liberou. Meu Deus, indescritível tudo o que senti naquele instante: um misto de dor, realização e vitória. Um filme se passou pela minha cabeça. Parecia mentira, eu iria sair do hospital e levar o Heitor.

Separar-me da equipe médica também foi um momento delicado, afinal, foram tantos dias convivendo com pessoas boas e que torceram por mim e pelo meu amor. O corredor da UTIN me pareceu infinito e a emoção foi gigante.  A despedida dos outros anjinhos, o até breve, os abraços nas meninas que iriam ficar com a esperança renovada, pois eu estava saindo, mas logo seriam elas. Vou me lembrar sempre de cada detalhe, cada gesto, cada sorriso, cada lágrima, cada abraço, cada carinho, cada palavra, cada sentimento que vivi naquele momento, naquele lugar, que lição de vida! Eu estava totalmente moída, um caco, mas imensamente feliz. Todo o momento que permaneci no hospital, quando eu podia, lia o livro Ágape do Padre Marcelo, e também o livro que eu ganhei de presente de aniversário da minha madrinha querida Antônia Bortolotti - Maria: Passa na Frente. Eles me ajudavam a não desanimar.

Chegamos em casa, que momento importante para nós. Tudo parecia tão diferente, tão estranho, tão especial. Parecia mudado, mas estava tudo ali. Foi muito tempo longe de casa. Após alguns dias, mais problema: Heitor teve um engasgo complicado. Liguei para o SAMU, os operadores passaram os procedimentos via telefone e o bebê conseguiu reagir. Foi difícil, eu rezava muito!

Passaram em média sete dias e, mais uma vez, o neném engasgou, dessa vez bem mais sério. Quando eu vi ele no berço já não havia reação e, enquanto eu ligava para o SAMU vir socorrer, a Vanessa (minha irmã) fazia as manobras nele, que não conseguia reagir. Já havia perdido os reflexos, não voltava. Ele estava todo roxo, com o olhar parado e não respirava direito. Entrei em desespero. Por que tudo aquilo estava acontecendo comigo??? Não bastava tudo que já havíamos passado??? Orava para que ele agüentasse e sobrevivesse.

O SAMU não demorou muito. Porém, o médico disse que, se Vanessa não tivesse feito a ressuscitação, o bebê provavelmente não teria sobrevivido, pois foram minutos decisivos para que ele conseguisse voltar à vida. Levaram-no às pressas para o hospital. Depois, para o Hospital Infantil de Vila Velha. Fizeram uma radiografia nele e o medicaram. Ali viriam mais meses difíceis.

Devido ao fato de o Heitor ter nascido de sete meses e não ser ainda bem formadinho, de acordo com a médica, ele ainda estava “verde” e não tinha força suficiente para jogar o leitinho para fora quando golfava e engasgava com gravidade. A médica disse que isso só melhoraria com o passar da idade. Foram meses revezando, dormindo com ele no colo, já que ele não ficava no bebê conforto nem no carrinho. Além disso, nós estávamos com muito medo de acontecer de novo. Realmente aconteceram mais vezes, mas com os cuidados não foram tão graves.

Conseguimos reverter o quadro. A pediatra mudou o leitinho dele para leite de soja (mais leve), o que também ajudou bastante. Até hoje ele toma remédios para o refluxo, graças a Deus, agora controlado.

Hoje o Heitor está ótimo. Somos alegria, paz, amor, fé e gratidão. Dia 04 de junho de 2013 meu príncipe completa um ano de vida e triunfo. Ele já passou por tanta coisa, e um dia eu irei contar para ele toda a nossa história. Sei que ele será um homem de fé. Dia 18 de novembro de 2012 foi o batizado do meu pequeno. Foi divinal, o Frei Salim caprichou. Nunca vi um batismo tão lindo, querido e emocionante. O pai do bebê compareceu e assistiu toda a missa. Ao final, conversou com meus pais e decidiu registrar o filhote. Fiquei muito feliz. Após duas semanas ele cumpriu o prometido.

Confesso que a culpa do Heitor ter nascido prematuro ainda me invade, toda a dor que passei não dá para esquecer. Mas também foram muitas conquistas. Apesar do abandono e da covardia de alguns, conheci anjos celestiais nessa estrada de combates. Creio que as feridas, ainda abertas, só serão cicatrizadas com o tempo. Sei que deve haver algum motivo para que eu tenha passado por isso tudo, mas só irei entender com o passar dos anos.

De uma coisa tenho certeza: todos nós temos uma missão aqui na terra, e o meu belo guerreiro Heitor terá uma linda história de vida para contar. Sua trajetória será de muita paz, luz, prosperidade, sucesso e alegrias. A sua missão, abençoada por Deus, iniciou-se muito cedinho, ainda no ventre da mamãe. O meu pequenino já passou por tantas coisas ruins com tão pouco tempo de vida e, corajosamente, venceu todas elas. Meu filho é mesmo imensamente iluminado, um verdadeiro presente dos céus. Deus sempre sabe o que faz e ele sempre esteve e está no controle. DEUS SEJA LOUVADO!

Levo também a certeza de que tudo isso valeu a pena e que talvez tenha sido necessário para eu atingir a plenitude da realização da maternidade. Além disto, ter um filho prematuro é um grande aprendizado, uma experiência que te deixa no limite de suas forças, uma verdadeira lição de vida.

Maria, Minha Mãe, obrigada. Sem ti nada disso seria possível. Sou profundamente grata a Deus, a Maria e a todos que estiveram ao meu lado nessa fase difícil do meu viver. Continuo a rezar a oração da Madre Assunta e sei que ela intercedeu por mim. Como diz a oração que o próprio Cristo nos ensinou: Pai Nosso que estais no céu. Santificado seja o vosso nome (...) Livrai-nos de todo o mal: Amém! Eu creio! Eu confio! Eu acredito!"

Claudete, mãe do Heitor Lucas 

 

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

Compartilhe esta história

Tem uma história de prematuridade para compartilhar?

Envie seu relato para gente e faça a diferença para quem precisa de palavras de força e esperança nesse momento.

envie sua história

Conheça outras histórias

Veja histórias por:

    Últimas Notícias

    Receba as novidades

    Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que acontece no universo da prematuridade.