13 de Maio de 2023
Simplicidade Paterna
Eu nasci com 7 meses, com 1,6 kg no dia 03 de janeiro (era para nascer em março), não tinha berço, roupas, carrinho, etc… Nós morávamos em uma cidade pequena em 1962, o médico, segundo meu pai, era o único e clínico geral por conveniência e amigo de todo mundo. Como nasci logo após o Ano Novo, foi uma correria danada pois ninguém esperava, ainda mais por ser primogênito por parte da família do meu pai. Era de madrugada, minha mãe estava mal na enfermaria com hemorragia e eu fui levado à incubadora, que na época era uma caixa de madeira branca com uma tampa de vidro com uma lâmpada incandescente. Meu pai foi ao encontro do médico Dr. Ney e perguntou se era menino ou menina, que respondeu que era menino, mas não recomendava ir ver porque era muito pequeno, debilitado e que meu pai ficaria impressionado porque provavelmente eu sobreviveria apenas alguns dias, mas mesmo assim ele foi me ver e voltou realmente convicto que o médico tinha razão, ainda perguntou se haveria a necessidade de fazer o Registro de Nascimento e o médico respondeu que também o Atestado de Óbito, velório etc. Foi aí que o meu pai, sem maldade, questionou o Dr. Ney se a hospital não daria um jeito sem precisar de toda a burocracia. Mas como todo prematuro tem, na minha opinião, uma fibra diferenciada porque já nasce quebrando paradigmas, estou com 61 anos, casado, com um casal de filhos graduados, escrevi um livro e plantei árvores, sem mágoa do meu querido pai já falecido e nem do Dr. Ney que foi meu pediatra e continuou cuidando de mim. Grande abraço a todos e me coloco à disposição da ONG prematuridade.