VSR e bronquiolite - Prematuro: proteção é o melhor caminho

VSR e bronquiolite

Texto atualizado em 30/06/2025.

O que é VSR e por que é importante prevenir?

O tão temido VSR

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) pertence ao gênero Pneumovirus e é um dos principais causadores de infecção aguda nas vias respiratórias, que pode afetar os brônquios e os pulmões. Na maioria dos casos, é responsável pelo aparecimento da bronquiolite aguda e da pneumonia, especialmente no primeiro ano de vida do bebê. Todos os bebês e crianças pequenas são vulneráveis a esse vírus, mas ele pode ser potencialmente mais grave em prematuros. Os principais sintomas da infecção por VSR em bebês são cansaço, falta de ar, febre baixa e dificuldade para respirar.

Como acontece a transmissão?

A infecção pelo VSR é altamente contagiosa. O contágio se dá pelo contato direto com as secreções eliminadas pela pessoa infectada quando tosse, espirra ou fala e, de forma indireta, pelo contato com superfícies e objetos contaminados (brinquedos e maçanetas de portas, por exemplo), nos quais o vírus pode sobreviver por várias horas. O vírus penetra no organismo saudável através das mucosas da boca, do nariz ou dos olhos, e nele pode permanecer por semanas. O período de transmissão começa 2 dias antes de aparecerem os sintomas e só termina quando a infecção está completamente controlada.

O Dr. Renato Kfouri, pediatra, infectologista e membro do Conselho Científico da ONG Prematuridade.com, alerta: “100% das crianças são expostas ao VSR já nos primeiros anos de vida. Até o segundo ano de vida, praticamente todo mundo já se expôs. Não necessariamente vão desenvolver a doença: uma parte das crianças se expõe e se defende, mas algumas desenvolvem a doença clínica, e a apresentação mais comum é a bronquiolite.”

O preocupante do VSR é que a infecção não leva a uma imunidade permanente. Ao longo da vida podem surgir as reinfecções: as primeiras costumam ser mais graves, e, as demais, quando o vírus retorna, funciona como um resfriado comum. “Não há praticamente doença grave no adulto ou na criança mais velha. A doença, em sua forma mais grave, é no bebê pequeno. Mas esses adultos quando tem reinfecções, são transmissores do vírus, então existe a chance de se contaminar e também de transmitir.’’

Existem três grupos de crianças mais susceptíveis ao agravamento, potencialmente fatal, da infecção pelo VSR: os prematuros, os bebês que têm doenças cardíacas congênitas e os que têm doenças pulmonares crônicas. Esses bebês são os mais vulneráveis, "com risco até 16 vezes maior de hospitalização pelo VSR do que um bebê de termo, por exemplo”, afirma Kfouri.

O diagnóstico da infecção por VSR normalmente é clínico, ou seja, com base na análise de sintomas, histórico médico e exame físico. Em caso de suspeita, são solicitados exames onde consta a confirmação da bronquiolite com o diagnóstico de VSR envolvido.

A "famosa" bronquiolite

A bronquiolite, inflamação dos bronquíolos, parte final dos brônquios pulmonares, atinge principalmente os bebês menores de 2 anos, e é mais comum no inverno. Nos primeiros anos de vida da criança, o sistema imunológico ainda é imaturo, o que as torna mais vulneráveis ao VSR, o principal causador da doença. Estudos indicam que o VSR pode ser responsável por cerca de 75% dos casos de bronquiolites e 40% dos casos de pneumonias nos primeiros 2 anos de vida das crianças.

A prematuridade é o principal fator de risco para hospitalização por bronquiolite. Os prematuros geralmente apresentam imunidade mais baixa, em função da menor transferência de anticorpos maternos para o bebê. Por serem pequenos, suas vias aéreas são menores, o que eleva ainda mais o risco. Somado a isso, a baixa reserva de energia, pelo baixo peso, as infecções recorrentes e uso de alguns medicamentos também contribuem para que eles estejam entre os mais afetados pela doença.

Sintomas da bronquiolite

Os sintomas iniciais da bronquiolite são bem parecidos com os de um resfriado comum: cansaço, febre, não necessariamente alta, tosse seca e nariz escorrendo. No terceiro e quarto dias, há o pico da doença, quando o estado geral da criança pode piorar e ele pode apresentar falta de ar, por exemplo. Diante desses sinais, procure atendimento médico.

Grupos de risco

Alguns bebês são considerados grupo de risco para desenvolver a forma grave de infecção pelo VSR:

  • Prematuros com idade gestacional menor que 35 semanas;
  • Crianças com cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica;
  • Crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade.

Tratamento

Infelizmente, não existe um tratamento específico para o vírus. Na maioria dos casos, o pediatra indica medicamentos para alívio dos sintomas, fazer repouso e manter o aleitamento materno e a hidratação do bebê. Às vezes faz-se necessário suporte de oxigênio e fisioterapia respiratória. Casos mais graves necessitam de internação hospitalar.

Prevenção

Veja algumas medidas que ajudam a proteger o seu bebê da infecção pelo VSR:

  • Higienização frequente das mãos;
  • Uso de máscaras de proteção;
  • Manter o aleitamento materno;
  • Evitar tabagismo passivo;
  • Higienizar os objetos do bebê - em superfícies não porosas, o VSR pode sobreviver por mais de 24h;
  • Evitar o contato com pessoas gripadas ou com sintomas respiratórios;
  • Manter o ambiente ventilado;
  • Manter o calendário de vacinação da criança em dia, bem como o dos adultos que convivem com ela;
  • Evitar frequentar ambientes fechados e com aglomerados de pessoas, como supermercados, shopping centers, etc., principalmente durante o período de maior circulação do vírus.

Recomenda-se que creches e escolas tenham políticas para evitar a transmissão do VSR dentro do estabelecimento como, por exemplo, práticas de incentivo à higienização de mãos e o controle da desinfecção periódica de brinquedos e outros materiais.

Palivizumabe

Há mais de 10 anos, o palivizumabe tem salvado vidas de bebês prematuros no Brasil. Ele começou a ser aplicado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2013 e, até os dias de hoje, 2025, ainda é um importante aliado para a sobrevivência e a qualidade de vida dos nossos pequenos.

Até completarem um ano de vida, os prematuros que nascem antes de 29 semanas de gestação, além dos bebês com cardiopatias e doenças pulmonares crônicas, recebem, pelo SUS, cinco aplicações mensais do Palivizumabe, durante os meses de maior circulação do VSR, dependendo da região onde o bebê vive. Os planos de saúde devem cobrir a aplicação das doses do palivizumabe para esses grupos.

No Distrito Federal, na Bahia, no Paraná, no Maranhão e na Paraíba, prematuros menores de 32 semanas têm direito a essas aplicações, o que tem um impacto muito positivo para a população destes estados. Estudos demonstram que, da mesma forma que bebês nascidos com menos de 29 semanas, os prematuros menores de 32 semanas são muito beneficiados pelo uso do medicamento. Garantir que ainda mais bebês estejam protegidos diminui as sequelas respiratórias e o número de internações e evita a sobrecarga dos sistemas de saúde.

Para garantir a aplicação do palivizumabe no seu prematuro após a alta do hospital, em geral, são necessários documentos com RG e CPF do responsável, além de cópias dos documentos do bebê, como certidão de nascimento, Caderneta de Saúde da Criança, Cartão do SUS e relatório de alta. A prescrição e o formulário de solicitação do palivizumabe ficam por conta do médico. Converse com o pediatra ou profissional que acompanha o bebê e peça orientações quanto ao encaminhamento desses documentos. Nos municípios onde não há um Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE), que faz a dispensação destes produtos, basta procurar o Programa Municipal de Imunizações da Secretaria Municipal de Saúde, que intermediará o contato com o CRIE de referência e, assim, você poderá ter acesso ao palivizumabe.

Clique aqui e descubra a época do ano em que o VSR circula com mais força na sua região.

Nirsevimabe

Em fevereiro de 2025, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) trouxe como recomendação final a incorporação do Nirsevimabe, uma nova tecnologia para proteção da saúde respiratória de todos os bebês prematuros, independentemente da idade gestacional de nascimento, e crianças com comorbidades.

Assim como o Palivizumabe, o Nirsevimabe não é uma vacina, é uma imunização passiva, que protege bebês contra infecções respiratórias causadas pelo VSR, só que, diferentemente do Palivizumabe, o Nirsevimabe é aplicado em dose única. Há evidências científicas robustas de eficácia esegurança do seu uso, assim como o do Palivizumabe.

Desde maio de 2025, as operadoras de saúde estão obrigadas a cobrir a aplicação do Nirsevimabe para prematuros. Se você tem plano de saúde, fale com o pediatra do bebê sobre como proceder. A previsão é de que o Nirsevimabe esteja disponível pelo SUS para todos os prematuros a partir de 2026.

Saiba tudo sobre a incorporação, o acesso e as atualizações sobre a aplicação do Nirsevimabe aqui.

Atenção: enquanto o Nirsevimabe não está disponível, é importantíssimo seguir com as doses mensais do Palivizumabe para garantir que seu filho esteja protegido!

Sazonalidade do VSR

Sazonalidade nada mais é do que o período do ano no qual o vírus mais circula entre a população. E nos meses de maior circulação do vírus - sazonalidade - é quando realmente precisa-se fazer a prevenção.

De acordo com a nota técnica do Ministério da Saúde (2022), os períodos de maior circulação do VSR, por região, são:

  • Região Norte: sazonalidade de fevereiro a junho; 
  • Região Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste: sazonalidade de março a julho;
  • Região Sul: sazonalidade abril a agosto.

Referências:

Confira no mapa abaixo a sazonalidade do VSR no Brasil:

Sazonalidade do VSR

nas regiões

Confira no mapa os períodos de maior circulação do vírus na rua região.

Região Sul

De abril a agosto

Região Sudeste

De março a julho

Região Centro-oeste

De março a julho

Região Nordeste

De março a julho

Região Norte

De fevereiro a junho