VSR e bronqueolite

Texto atualizado em 27/04/2023.

O que é VSR e por que é importante prevenir?

O tão temido VSR

O Vírus Sincicial Respirtatório (VSR) é uma das principais causas de infecção aguda nas vias respiratórias, que pode afetar os brônquios e os pulmões. Na maioria dos casos, é responsável pelo aparecimento da bronquiolite aguda e da pneumonia, especialmente no primeiro ano de vida. Embora seja mais grave em prematuros, todos os bebês e crianças pequenas são vulneráveis a esse vírus.

Os principais sintomas da infecção por VSR são cansaço, falta de ar e dificuldade para respirar.

Como acontece a transmissão?

Sendo um vírus respiratório, como o vírus influenza da gripe e o da SARS-CoV-2 (COVID-19), é transmitido de pessoa em pessoa através da tosse, do espirro, da fala, e ainda por superfícies contaminadas. Dr. Renato Kfouri, membro do Conselho Científico da ONG Prematuridade.com, médico infectologista, pediatra e membro da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), alerta: “100% das crianças são expostas já nos primeiros anos de vida. Até o segundo ano de vida, praticamente todo mundo, já se expôs. Não necessariamente vão desenvolver a doença, uma parte das crianças se expõe e se defende, mas algumas desenvolvem a doença clínica, e a apresentação mais comum é a bronquiolite.”

O preocupante do VSR é que a infecção não leva a uma imunidade permanente. Ao longo da vida podem surgir as reinfecções: as primeiras costumam ser mais graves, e, as demais, quando o vírus retorna, funciona como um resfriado comum. “Não tem doença grave praticamente no adulto ou na criança mais velha. A doença em sua forma mais grave é no bebê pequeno. Mas esses adultos quando tem reinfecções, são transmissores, então existe a chance de se contaminar e também transmitir. E também pode ser causa de morte e hospitalização entre os idosos.’’

Existem três grupos de crianças que se destacam com uma chance muito maior de hospitalização por causa do VSR, podendo levar até a morte: os prematuros, aqueles que têm doenças cardíacas congênitas e os que têm doenças pulmonares crônicas. “Os prematuros, os displásicos e os cardiopatas são os mais vulneráveis, com risco até 16 vezes maior de hospitalização pelo VSR do que um bebê de termo, por exemplo”, afirma Kfouri.

A famosa bronquiolite

A bronquiolite, inflamação dos bronquíolos (parte final dos brônquios), atinge principalmente os bebês menores de 2 anos, e é mais comum no inverno.

Nos primeiros anos de vida da criança, o sistema imunológico ainda é imaturo, o que as torna mais vulneráveis ao VSR o principal causador da doença. Segundo o Ministério da Saúde, o VSR pode ser responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias no primeiro ano de vida das crianças. Além dele, o adenovírus, o rinovírus e o metapneumovírus também são transmissores.

A principal forma de contaminação é por meio de secreções respiratórias ou por contato. Ou seja: crianças que passam o dia em locais fechados com outras pessoas, como em creches, estão mais suscetíveis.

A prematuridade é o principal fator de risco para hospitalização por bronquiolite. Os prematuros geralmente apresentam imunidade mais baixa, em função da menor transferência de anticorpos maternos para o bebê. Por serem pequenos, suas vias aéreas (brônquios, bronquíolos) são menores, o que eleva ainda mais o risco. Somado a isso, a baixa reserva de energia (pelo baixo peso), as infecções recorrentes e uso de alguns medicamentos também contribuem para que eles estejam entre os mais afetados pela doença.

Os sintomas iniciais são bem parecidos com os da gripe: febre, não necessariamente alta, tosse seca e nariz escorrendo. No terceiro e quarto dias, há o pico da doença, quando o estado geral do seu filho pode piorar e ele pode apresentar falta de ar, por exemplo. Diante desses sinais procure o pediatra. “Quanto mais nova for a criança, maiores serão os riscos de um agravamento da infecção”, alerta Fátima Rodrigues Fernandes, pediatra e diretora do Centro de Ensino e Pesquisa do Hospital e Pronto-Socorro Infantil Sabará (SP).

Nos casos mais leves, quando não há desconforto respiratório (tosse com chiado ou falta de ar), você pode cuidar de seu filho em casa, controlando a febre e mantendo-o sempre hidratado, com mamadeira ou leite materno. A internação só é necessária quando a criança precisa de cuidados mais específicos no hospital, como hidratação (receber soro por via venosa), oxigenoterapia (aplicação médica de oxigênio, que pode ocorrer por inalação, por exemplo) e de fisioterapia respiratória (exercícios que ajudam a eliminar secreções), para que o desconforto seja atenuado.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da infecção por VSR normalmente é clínico. Em caso de suspeita, são solicitados exames onde consta a confirmação da bronquiolite com o diagnóstico de VSR envolvido. O risco maior da doença é a falta de ar, insuficiência respiratória, internação e risco morte, o que praticamente não existe no bebê a termo em comparação.

Grupos de risco

Há uma série de casos em que os bebês são considerados grupo de risco para desenvolver a forma grave de infecção pelo VSR. Veja as situações que fazem com que um bebê seja do grupo de risco:

  • Ser prematuro com idade gestacional menor que 35 semanas;
  • Ser portador de cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica
  • Ser portador de doença pulmonar crônica da prematuridade.

Tratamento

Infelizmente, não existe um tratamento específico para o vírus. O tratamento é o controle dos sintomas, realizado com suporte de oxigênio, hidratação e ainda a possibilidade de fisioterapia respiratória

Prevenção

Nos meses mais frios ou chuvosos, (em especial de abril a agosto) grande parte das crianças até 2 anos é infectada pelo VSR sem grandes consequências. Porém para os cardiopatas e prematuros, isso pode até significar um retorno à UTI. O número de reinternações, inclusive com uso de oxigênio, é alto entre cardiopatas infectados pelo VSR, e pode deixar sequelas, como chiados no peito.

Para prevenir a infecção pelo VSR, recomenda-se práticas comuns para evitar gripes e resfriados, como usar máscaras, lavar as mãos com frequência e evitar aglomerações. Veja outras recomendações a seguir.

  • O cuidado é importante não somente na UTI usando as máscaras, mas também em casa com a higienização das mãos, lavando-as bem com sabonete e utilizar ácool gel sempre que for tocar o bebê porque o vírus permanece vivo nas mãos por 30 minutos;
  • Sempre higienizar os objetos do bebê (em superfícies não porosas, o VSR pode sobreviver por mais de 24h);
  • Evitar o contato com pessoas com sintomas respiratórios;
  • Arejar o ambiente, facilitando a troca de ar no mesmo;
  • Manter o calendário de vacinação da criança - e da família - em dia;
  • Evitar frequentar ambientes fechados e com aglomerados de pessoas, principalmente durante o período de maior circulação do vírus, em lugares como supermercados, shopping centers, praças, etc.;
  • Sempre que possível, priorizar o aleitamento materno, deixando seu pequeno mais protegido e saudável;
  • Evitar o contato do bebê com crianças mais velhas, adultos com sintomas de resfriados ou gripes, com fumantes e com ambientes poluídos;
  • Creches e escolas devem ter políticas para evitar a transmissão dentro do estabelecimento de ensino, como, por exemplo, com o incentivo a higienização de mãos e também para desinfecção de brinquedos e todos os outros materiais;
  • Considerar atrasar no início de frequência em escolas e creches, se possível. 

Além disso, existe uma imunização erroneamente difundida como a “vacina do prematuro”, mas que trata-se de um imunobiológico, um "anticorpo monoclonal direcionado contra a glicoproteína de fusão de superfície do VSR", chamado de palivizumabe, que fornece imunidade de forma passiva.

O benefício do uso desse anticorpo em prematuros, segundo as recomendações do Ministério da Saúde, são especialmente importantes para bebês de 3 grupos:

  • Crianças prematuras nascidas com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas ( até 28 semanas e seis dias), com idade inferior a um ano (até 11 meses e 29 dias);
  • Crianças com idade inferior a dois anos (até um ano, 11 meses e 29 dias) com cardiopatia congênita e que permaneçam com repercussão hemodinâmica, com uso de medicamentos específicos;
  • Crianças com idade inferior a dois anos (até um ano, 11 meses e 29 dias) com doença pulmonar crônica da prematuridade (displasia pulmonar) e que continuem necessitando de tratamento de suporte, tais como o uso de corticoíde, diurético, broncodilatador ou suplemento de oxigênio, durante os seis últimos meses anteriores ao cadastramento.

A gravidade de manifestação da doença e redução dos dias de hospitalizações nas unidades de terapia intensiva pela infecção do VSR em crianças que receberam essa imunização foi apresentada em inúmeros artigos científicos com grande poder de confiabilidade nos últimos anos.

Onde encontrar o imunobiológico?

O palivizumabe, mediante prescrição médica, é fornecido gratuitamente pelo SUS (conforme o calendário de cada região) e também faz parte do rol de procedimentos estabelecidos pela ANS para planos de saúde. Todos os bebês prematuros com menos de 28 semanas de idade gestacional tem direito a esse anticorpo monoclonal, gratuitamente. Caso a criança tenha seguro saúde, todos os convênios e as seguradoras tem obrigação de viabilizar o anticorpo para as crianças prematuras abaixo de 28 semanas de idade gestacional.

Essas e outras vacinas para prematuros estão disponíveis na rede particular ou pública, via Unidade Básica de Saúde (UBS) e, dependendo do imunizante, nas unidades do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), rede destinada ao atendimento de indivíduos portadores de quadros clínicos especiais, como os prematurinhos.

Cada Estado brasileiro possui um protocolo diferente de distribuição do palivizumabe. E, infelizmente, nem todos seguem a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que é de vacinar também os prematuros nascidos entre 29 e 31 semanas e 6 dias de idade gestacional.

Outra informação importante presente nas diretrizes da SBP, é de que bebês hospitalizados durante a estação sazonal do vírus e que preencham critérios para receber o medicamento devem ser imunizados ainda no hospital, sendo que isso pode ser feito após 7 dias de vida do bebê desde que ele esteja clinicamente estável.

Sazonalidade do VSR

Sazonalidade nada mais é do que o período do ano no qual o vírus mais circula entre a população. O VSR tem sazonalidade bastante estabelecida em muitas partes do mundo e aqui em nosso país também. Nos meses de maior circulação do vírus é quando realmente precisa-se fazer a prevenção.

Entre os meses de janeiro a agosto, o VSR circula pelo Brasil, variando um pouco a época, de região por região. O VSR ocorre o ano inteiro pelo país, mas nesse periodo tem o seu pico de sazonalidade. Esse vírus não está ligado a estações frias, porém no Sul e Sudeste acontece próximo ao outono e inverno e no Norte ocorre coincidindo com a estação das chuvas.

De acordo com a nota técnica do Ministério da Saúde (2022), os períodos de maior circulação do vírus sincicial respiratório (VSR) e de aplicação do palivizumabe, por região, são:

Região Norte: sazonalidade de fevereiro a junho; aplicação de janeiro a junho.

Região Nordeste: sazonalidade de março a julho; aplicação de fevereiro a julho.

Região Centro-Oeste: sazonalidade de março a julho; aplicação de fevereiro a julho.

Região Sudeste: sazonalidade de março a julho; aplicação de fevereiro a julho.

Região Sul: sazonalidade abril a agosto; aplicação de março a agosto.

Veja, abaixo, nosso mapa de Estados do Brasil com a sazonalidade do VSR.

Texto atualizado em outubro de 2022

Sazonalidade do VSR

nas regiões

Confirano mapa os períodos de maior circulação do vírus na rua região.

Região Sul

De abril a agosto

Região Sudeste

De março a julho

Região Centro-oeste

De março a julho

Região Nordeste

De março a julho

Região Norte

De fevereiro a junho