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09.05.2014

Prematuros em situação preocupante em hospital da Paraíba


Notícia original publicada em 08 de maio de 2014.

Wagner Lima
Do G1 PB

A prematuridade extrema foi a causa da morte de 41,4% dos 41 bebês que morreram recém nascidos no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), em Campina Grande, entre janeiro e março deste ano. Em 29,2% dos casos, o parto prematuro foi motivado por infecção urinária das grávidas, identificada tardiamente pela equipe médica. O Conselho Regional de Medicina (CRM) disse não ter conhecimento dos dados, mas reforçou que iria avaliar por considerá-los preocupantes.

Outros 24,3% morreram devido à sepse tardia, um tipo de infecção hospitalar, segundo dados contidos no relatório elaborado pelo Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea).

[caption id="attachment_13803" align="aligncenter" width="620" caption="De acordo com dados do Isea, um terço dos bebês morreu depois de parto prematuro por conta da infecção urinária da mãe. (Foto: Nicolau de Castro/G1 PB)"][/caption]

A diretora do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), Marta Albuquerque, relacionou os dados sobre as mortes neonatais à realização do pré-natal feito pelas gestantes de forma precária nos municípios de origem. “A grande maioria dos nascimentos prematuros extremos vieram de gestantes com infecção urinária, o que mostra que houve falha no pré-natal dessas gestantes”, afirmou.

Dados do Isea revelam que 73,1% das grávidas que se submeteram aos partos prematuros no primeiro trimestre de 2014 eram de outras cidades da Paraíba e apenas 26,9% estavam referenciadas pela rede de atenção básica de saúde da cidade. O Isea é a referência para mais de cem municípios do Agreste e Sertão paraibanos e, por isso, muitas das gestantes chegam à unidade para o trabalho de parto, segundo a diretora Marta Albuquerque, com o pré-natal feito precariamente.

O número expressivo, segundo Marta Albuquerque, se deve ao fato da unidade ter-se tornado referência para a população de mais de cem municípios das regiões do Agreste e do Sertão paraibanos, especialmente no atendimento a gestações de alto risco.

As gestantes que chegam ao Isea, vindas de outros municípios, segundo Marta Albuquerque, muitas vezes chegam sem ter feito exames básicos como os de urina, VDRL (solicitado para a identificação da sífilis) e HIV. “Muitas grávidas quando chegam para o parto é que a gente faz o dignóstico da infecção urinária e solicita os exames básicos como VRDL e HIV. A maioria tem feito o pré-natal, mas muitas de forma bem precária, sem ter acesso ao básico que é a requisição de coleta de urina”, disse.

CRM vai avaliar o relatório

[caption id="attachment_13804" align="alignright" width="300" caption="Presidente do CRM diz que vai questionar as condições do Isea. (Foto: Inaê Teles/G1)"][/caption]

O número de mortes neonatais registradas este ano no Isea é considerado preocupante por estar acima da média aceitável no Brasil e no mundo, segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-PB), João Gonçalves de Medeiros Filho. Ele afirmou desconhecer os dados resultantes da análise da patologia das mães e a causa das mortes dos bebês.

João Gonçalves de Medeiros Filho enfatizou que a entidade vai avaliar os dados para cobrar explicação da direção da unidade. “Nós estamos questionando as condições da unidade e das mortes e percebemos alguns avanços como a ampliação de leitos e a criação da casa da gestante, mas essa alta incidência de prematuros precisa ser investigada. Vamos apurar e acionar os responsáveis”, disse.

A alta incidência de partos prematuros e as mortes relacionadas à infecção urinária, segundo João Gonçalves Medeiros Filho, serão investigadas para descobrir se houve falta de atendimento às grávidas ou se ele foi feito de forma inadequada nos municípios. “Vamos avaliar os dados, analisar os prontuários. Na verdade, uma das nossas metas é fiscalizar e encaminhar os relatórios aos gestores e acionar o Ministério Público da Paraíba”, frisou.

Sepse tardia provocou morte de dez bebês
A outra causa de mortes dos bebês prematuros registrada pelo Isea foi a sepse tardia com mais de 72 horas. Por conta da infecção, dez prematuros morreram, o que equivaleu a 24,3%.

O presidente do CRM e médico, João Gonçalves Medeiros Filhos, reforçou que a sepse é uma infecção hospitalar. “Os bebês, por serem prematuros extremos, têm as defesas deprimidas porque são submetidos a muitos procedimentos invasivos. Por isso, o risco de infecção de origem hospitalar”, frisou.

O presidente do CRM na Paraíba ressaltou que a migração de gestantes de várias cidades para Campina Grande e João Pessoa é reflexo da falta de uma rede de atendimento à obstetrícia no estado. “Esse é um problema muito sério, mas não é isolado. O estado não dispõe de uma rede de obstetrícia como também não tem de urgência e emergência. É preciso criar uma rede qualificada e eficiente que proporcione atendimento à população nos vários níveis”, afirmou.

MS determina obrigatoriedade de exames no pré-natal
Ministério da Saúde estabeleceu, por meio do Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN), o mínimo de seis consultas durante o pré-natal distribuídas uma no primeiro trimeste de gravidez, duas no segundo e outras três no terceiro trimestre da gestação.

Durante o pré-natal, o médico deve verificar a pressão arterial, o tamanho da barriga e o peso da grávida, bem como escutar o coração do bebê.

O acompanhamento feito com o pré-natal se baseia também no resultado dos exames indicados para a gestante: os testes de sangue, glicemia, urina, sorologia anti-HIV (que identifica a presença do vírus causador da Aids), sífilis, hepatites B e C, toxoplasmose, rubéola e estreptococo.

Após avaliação, o médico pode recomendar que a gestante tome vacinas contra hepatite, gripe e dT (dupla adulto contra difteria e tétano), além de realizar exames de sange para monitorar os níveis dos hormônios da tireoide, responsáveis pela regularização do organismo da mãe e o desenvolvimento do feto em gestação. Durante o acompanhamento, a grávida recebe informações sobre os cuidados com a alimentação balanceada, a prática de exercícios físicos e a importância do aleitamento materno.

Fonte: G1

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