"Com planos frustrados, descobria eu, da pior maneira possível, que não me cabe escolher a data do parto, se vai ser ou não doloroso, que pouco importa o enfeite da porta da maternidade, as roupinhas caprichadamente escolhidas, as lembrancinhas... O vazio de não ter o filho nos braços é tão doído que derruba qualquer fortaleza"
Lendo este lindo depoimento das gêmeas Sofia e Lara, fiquei pensando nas palavras acima....
Nós, mães de prematuros, somos privadas de momentos tão lindos, tão mágicos, tão sonhados... mas como a Aracely disse, pouco importa o enfeite da porta da maternidade, pouco importam as lembrancinhas...
Para nós, mães de prematuros, a maternidade é diferente. Valorizamos algumas coisas que para outras mães passam despercebidas e tem coisas que ouvimos que nos machucam.
"Fiquei toda a minha recuperação longe dele". Nós"só" queríamos sair com eles nos braços junto com a nossa alta.
"Tomara que tenha o olho azul". Nós "só"queremos que enxerguem.
"Coitadinho, teve que fazer uma vacina quando nasceu". Esta dói fundo na alma. Nós "só" queremos contar algum fio a menos.
"Agora tem que vir o menino". Nós "só"queremos que viva.
Realmente, nós, mães prematuras, somos mães em outra dimensão, em um nível diferenciado do resto dos mortais.
Para nós, ser mãe não é simplesmente ter um filho. Ser mãe é lutar pela vida, é querer dar a nossa vida por eles, é rezar e pedir muito a Deus para que eles "simplesmente" vivam. E depois, agradecer muito, sempre pela vida e pela lição que eles nos trazem."
por Vanessa Gottert, mãe dos prematurinhos Matheus e Thiago.
Leia outra excelente crônica da Vanessa: "Não pergunte 'por quê'. Entenda 'para que'"