Notícias

Notícias

10.04.2013

Prematuro | Ah, as comparações...


"Ah, as comparações....

Infelizmente as pessoas não pensam antes de falar. Aquelas perguntas básicas que sempre são feitas quando a gente vê um bebê, para nós, mães de prematuros, às vezes machucam.

"Quantos meses ele tem?" (ele já tem um ano e pouco!)... "Ele já tem um aninho?" (e o meu tinha completado 2!!!).

Um dia, no limite da minha paciência, uma mãe com um bebê de 1 ano e pouco, gordo, grande, me perguntou a idade do meu. Pensei, falo a verdade ou invento? Falei a verdade. O meu era uns 3 meses mais velho e metade do tamanho do dela. "Nooosssa, o meu tem um ano e meio!!!" - com aquele ar de espanto. Contei até 10, mas não resolveu. Olhei pra ela e perguntei: "o teu nasceu vivo?? Porque o meu nasceu morto!" Virei e saí. Quem fala o que quer, ouve o que não quer.

Aprendi a não perguntar tudo o que tenho vontade. Temos que aprender a não comparar. Como isso é difícil! Mas acho que é super necessário.

Estes dias no consultório da fono, um bebê que parecia ter 1 mês estava esperando a consulta com sua mãe. Olhei pra ele e aqueles olhos de prematuro não me enganaram. Calei-me. Na consulta, soube que ele tinha 6 meses. A mãe fala para todos que ele tem 2, para evitar ouvir bobagens e uma longa explicação. Para uma mãe de prematuro, a simples pergunta "quantos meses ele tem?" já provoca um turbilhão de conflitos até que é dada a resposta (seja ela verdadeira ou não).

Agora, noto que realmente cada bebê tem o seu tempo. Cabe a nós, com toda a paciência que fomos obrigadas a adquirir no período da UTI, esperar este tempo, fechar os ouvidos para os outros e escutar apenas o nosso coração. Só a gente sabe o que estes guerreiros passaram e o simples fato de estarem vivos já nos enche de orgulho e gratidão.

Repito, temos que aprender a não comparar. A ficar feliz com cada conquista dos nossos sem nos importar se o fulano é mais novo e já faz isso há tempos. A ver que para eles tudo pode ter sido mais difícil, mais lento, mais frágil, mas isso fará deles pessoas batalhadoras, guerreiras, que lutam por suas conquistas e que saberão, com certeza, viver com as diferenças e evitar comparações."

por Vanessa Gottert, mãe dos prematurinhos Matheus e Thiago.

Leia outras crônicas da Vanessa:

"Prematuro | Não pergunte ‘por quê’. Entenda ‘para que’"

"Prematuro | Mães de outra dimensão"

 

    Compartilhe esta notícia

    Histórias Reais

    Veja histórias por:

    Receba as novidades

    Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que acontece no universo da prematuridade.