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16.02.2013

Pai canguru: peito depilado sem problema


Texto do jornalista Ricardo Brandt, pai das prematurinhas de 31 semanas Beatriz e Helena. Em seu blog, ele escreve sobre as ‘(in)experiências de pais de primeira viagem’, contando sobre a rotina da família após a chegada das meninas.

Fátima Bernardes e o peito depilado sem problema

"Ainda não assisti o programa da Fátima Bernardes, uma das coisas mais comentadas nos últimos dias na internet. Só alguns pedaços dele. Aliás, como faço com quase todo programa que tento assistir desde que as gêmeas nasceram, há mais de dez meses. Com nenê em dose dupla em casa, não tem sossego para essas coisas (mesmo com gente para ajudar a olhar).

Só sei que num desses dias, sentei para assistir um bloco inteiro: o assunto era depilação masculina. Entrevistados (atores da própria emissora) eram questionados se tinham o hábito de depilar o peito e o que pensavam sobre o tema (aparentemente tabu). Enfim, não cheguei ao segundo bloco.

Eu já depilei o peito. Não por vontade própria. Mas fiz sem grilos.

As gêmeas tinham pouco mais de 15 dias, quando a médica da UTI neonatal do primeiro mês de vida, disse que elas tinham sido promovidas para o semi-intensivo. Com isso, mamãe poderia fazer pele-a-pele com a Beatriz e a Helena. Ia poder tirar os bebês das suas barrigas artificiais de fibra transparente para ficar com elas só de fraldas deitadas no peito pelado da gente. Uma de cada vez, é claro.

- Mas papai não pode? – foi o que quis saber.

- Claro que pode. Só tem uma coisa chata. Vai ter que depilar o peito – disse.

Sem pestanejar, passei numa farmácia, gilete nova, fui para casa depilar pela primeira vez os poucos pelos do peito nada malhado. É uma sensação estranha, no começo dá um pouco de vergonha de tirar a camisa na frente dos outros. Mas aí, a gente vai para o hospital, e colocam aquela fração de gente agarrada no seu peito, e tudo faz sentido. Ou melhor, todo resto deixa de fazer sentido. É um momento de redenção.

Pela primeira vez, a pele do corpo (não a da palma da mão) do papai sente a pele do minicorpo das gêmeas, que visivelmente ainda não estavam prontas para o mundo, mas foram postas ali chorando, loucas para irem para o colo. Depois de tanta aflição, da distância fria e diária de ver o bebê chorar dentro da incubadora e só poder colocar as palmas das mãos nele, é sem dúvida uma sensação que coloca em suspenso todo resto de coisas que existem em sua vida.

O que sei é que os pelos, depois, acabam crescendo com o passar do tempo, rápido, rápido, como as duas pirralhas."

Fonte: O Papai, as Gêmeas e a Mamãe

 

Outros textos do papai Ricardo:

‘Olhos nos olhos do bebê: mais que muitas palavras’

 

 

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