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08.09.2011

O prematuro e a luta pela sobrevivência


     Jornal "O Pioneiro" (07/09/11)

     "Os quilos perdem a importância, o que importa agora é o aumento diário dos gramas. Os imprevistos reforçam o medo dos pais, a esperança vai e vem, a tristeza mistura-se com a alegria. Quem tem filhos prematuros conhece bem o drama de deixar os pequenos em uma incubadora rodeada de aparelhos. O bebê costuma ter alta do hospital somente após atingir os dois quilos.


     Há 16 anos trabalhando com crianças, a intensivista pediátrica Marizete Molon explica que quanto mais prematura nascer a criança, maior a chance de ocorrerem complicações.

     — Algumas dicas podem auxiliar na recuperação dos recém-nascidos: lavar as mãos antes de tocar na criança e, ao visitar os bebês no hospital, não atender ao celular a menos de um metro de distância das incubadoras — relata Marizete.
     Conforme o obstetra Eduardo Vanni, que trabalha na área há mais de 20 anos, o sistema de UTI neonatal melhorou muito com o passar dos anos. Ele explica que o pré-natal é o que faz diferença, pois há um acompanhamento médico durante toda a gestação. Porém, há fatores que geram riscos.
     — Ter infecções, bolsa rota (quando ela rompe antes do tempo), diabetes, hipertensão, idade superior a 35 anos, utilizar drogas ou cigarros, estresse no trabalho e pré-eclâmpsia (pode causar convulsões) comprometem esse período — ressalta Vanni.
     O médico acrescenta que, em alguns casos, o bebê começa a sofrer ainda dentro da barriga, e o melhor é retirá-lo. Porém, se a mãe e a criança estiverem bem, é importante esperar o tempo certo para nascer, isto é, a partir da 38ª semana.
     — O bebê é considerado prematuro abaixo de 37 semanas. Outro dado relevante é que, se a mãe já teve um filho prematuro, a probabilidade de que tenha mais filhos antes do tempo é grande — ressalta Vanni.



"O bebê prematuro é um guerreiro"

     O desejo de auxiliar pessoas a desenvolver tanto o lado emocional como espiritual fez com que Leticia Pieruccini, 36, escolhesse a psicologia clínica como profissão. Dos 11 anos de atuação na área, seis foram dedicados aos bebês prematuros em um hospital público de Caxias do Sul. Confira abaixo um pouco da experiência da profissional:




:: É feito algum tipo de acompanhamento com os pais que tiveram seus filhos antes do tempo?

Leticia Pieruccini: Não é muito comum os pais procurarem ajuda psicológica antes do nascimento para se preparar, até porque os médicos não têm como ter um diagnóstico preciso. O normal é os atendimentos acontecerem no próprio hospital, depois do nascimento. O acompanhamento, principalmente com a mãe, se deve ao fato de que esse bebê precisa de cuidados especiais. Ajudamos a lidar com a frustração de que, na maioria dos casos, os prematuros precisam de cuidados hospitalares dentro de uma UTI neonatal, e que a família não levará o bebê para casa. Ou seja, não irá cuidá-lo de acordo com as expectativas criadas durante a gravidez.

:: Nota-se algo diferente nas crianças que nasceram antes do tempo?


Leticia: Desde que a criança não tenha sofrido nenhuma sequela neurológica, não há nada diferente que possa impedi-la de ter um aprendizado normal. O bebê prematuro é um guerreiro que já começou a vida extrauterina lutando pela sobrevivência. Mostra que mesmo pequenino, tem força para lidar com as adversidades da vida fora do útero, como respirar e se alimentar de forma diferente, estando separado e ao mesmo tempo ainda junto daquele ser (a mãe) que fazia tudo por ele.

:: Os pais acabam protegendo mais os filhos prematuros?


Leticia: Sim, eles têm uma forte tendência de se exceder nos cuidados e proteger mais do que se o bebê tivesse nascido no tempo normal. Mesmo nos prematuros que se desenvolvem bem, há o temor da perda, pois os pais correram riscos reais de perdê-los logo após o nascimento. Isso marca. Eles devem ser trabalhados, pois rotulam os filhos e têm a tendência a criá-los muito dependentes. As próprias crianças passam a se ver e a se comportar como seres frágeis. Essas crianças seriam os eternos bebezões, dependentes e inseguros."




Fonte: http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/bem-estar/19,0,3476530,Prematuros-lutam-para-atingir-dois-quilos-e-ter-alta-do-hospital.html?utm_source=redes_sociais&utm_medium=facebook&utm_campaign=clicfacebook



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