14 de Fevereiro de 2013

O milagre de Carol


Lindo e comovente o relato da Renata, sobre o nascimento de 3 bebês prematuros. Obrigada pela história e pelo carinho, Renata. Muita saúde pros teus pequenos, sempre!

"Há um tempo que planejo escrever minha história para o site e hoje tomei coragem.

Em 2008, em meio a exames pra começar um tratamento para engravidar, me descobri grávida de 12 semanas. Foi uma grande alegria! Mas, com 22 semanas comecei a sentir uma dor insuportável no estômago. Fui até minha médica e tentamos repouso e remédios para suportar dor, que foi controlada.

Após isso, fiz o ultrassom morfológico e não consegui saber o sexo e, 3 dias depois, com muita dor, fui ao plantão da minha médica. Lá descobrimos que minha pressão estava alta e que o parto teria que ser feito. Eu estava com 24 semanas. Assim, nasceu a Fernanda que ficou viva por 1 hora. Eu não cheguei a ver seu rostinho, não acompanhei seu enterro. Estava na UTI todo esse tempo. Depois descobrimos que as dores não eram da pressão, e sim pedras na vesícula. E que a alta da pressão podia ser pela dor.

Recuperada do susto, 3 anos depois de muitas tentativas, engravidei novamente. Já havia trocado de médico e foi uma gravidez tranquila, porém regada de muitos cuidados.

Foi então que nasceu o Caio, de 36 semanas, magrinho, mas muito bem de saúde.

Durante as primeiras férias do Caio, comecei a passar mal. Voltei de viagem e me descobri grávida de novo. Fiquei desesperada, com um bebê de 8 meses e grávida. Chorei muito e quando me recuperei do susto, descobri que seria uma menina. Aí sim minha preocupação aumentou. Desde que descobri que estava grávida sabia que não ia ser tão tranquila como a do Caio. Instinto de mãe, que não falha. Durante a gravidez assisti a uma reportagem sobre mães de UTI e chorei muito. Pensava que se acontece comigo não daria conta.

Fiz o chá de fraldas da Carol junto com o aniversário de 1 ano do Caio. Me perguntavam o porquê de fazer o chá tão cedo se ainda faltavam 3 meses pra Carol nascer. Eu não sabia responder, só sabia que tinha de ser. A minha pressão já dava sinais que as coisas não iam bem. Eu já não podia carregar o Caio e ficava mais calma e deitada sempre que podia. Assim, 3 dias depois do aniversário,  fui ao posto de saúde vacinar o Caio e medi minha pressão. Estava com 20/10.

O médico do posto queria me mandar para o hospital, mas eu não fui. Eu recusei atendimento e fiz um BO. O médico me alertou que eu iria morrer, mas mesmo assim recusei o atendimento e fui ao meu médico. Lá a pressão já tinha se normalizado. Voltei pra casa e, 3 dias depois, fiz um ultrassom. Nele vimos que a Carol já não se desenvolvia há 2 semanas. Fui correndo ao hospital para tomar um remédio em duas doses para o pulmão da Carol amadurecer.

Sabia que as coisas eram piores do que o médico me falava. No outro dia pela manhã, ele me avisou que eu não poderia esperar mais. Ele aguardaria o sangue que tinha pedido para mim chegar, e partiríamos para o parto. Minhas plaquetas estavam abaixo de 40000, o sangue não chegou e ele não quis esperar mais. Durante o parto apaguei 2 vezes. Só pensava que iria morrer e a Carol também. Por sorte, na hora do parto o sangue chegou! A Carol nasceu de 27 semanas, com 610 gramas e 33 cm. Cabia na palma da mão. A primeira vez que a vi, chorei muito. Era tão pequena, tão frágil...

Depois disso, veio a notícia e que ela precisaria de uma cirurgia no coração. E assim, no dia da minha alta tive que sair de novo do hospital sem meu bebê. Ela passou por uma cirurgia no coração, pelo respirador e por 2 infecções. Saiu e voltou do respirador por 2 vezes. Fui lá vê-la todos os dias de internação, que somaram ao total, 85 dias. Meu coração disparava cada vez que o telefone tocava.

Um dia resolvi levar o Caio pra visitá-la e foi lindo! Ele olhava e chamava: ‘Col, Col’. Até hoje chama ela assim. Todo dia eu chegava exausta da UTI Neonatal e ainda tinha um neném em casa pra cuidar. Houve dias que pensei não ser forte o suficiente para dar conta. Mas tudo passou, graças a Deus.

Fomos indo um dia de cada vez e acho que esse é o segredo. A primeira chuquinha, o primeiro banho, a primeira roupinha... Fui ver seu rosto limpinho após quase 2 meses de vida.

Hoje, estamos completando 7 meses de vida. A Carol é uma guerreira e tanto. Não são comuns os casos de bebês prematuros extremos que sobrevivem. E o melhor: sem sequela alguma. Por isso digo: a única coisa que explica isso é a força dela em querer viver e a presença de Deus em nossa vida."

Renata, mãe da Carol (e do príncipe Caio).

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Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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