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21 de Fevereiro de 2013
O milagre de Caio César: 132 dias de muita luta
Obrigada, querida Bia pelo carinho e pela confiança. Muita saúde pro teu pequeno Caio César!
"Assim que meu filho nasceu, comecei a procurar tudo sobre prematuridade. E descobri o Prematuridade.com! E desde então, sempre que tenho dúvidas, procuro aqui as respostas para tudo...
Demorei para poder estar contando minha história, mas hoje vejo que devo e preciso compartilhar tudo que passamos: eu, meu marido e meu filho. Precisamos mostrar para pais que estão passando por essa batalha que DEUS FAZ MILAGRES!! E ele fez em nossas vidas...
Minha história começa aos 16 anos, quando fui à primeira vez ginecologista. Lá, o médico disse que eu tinha ovários policísticos e que não era nada grave, apenas que, quando fosse engravidar, teria que fazer tratamento por haver uma pequena dificuldade. Naquela época não liguei para o que ele disse e achava que quando quisesse engravidar, poderia tomar alguns remédios e engravidar. Pura ilusão.
Já com 29 anos e 4 de casada, resolvi que tinha chegado a hora. Procurei meu médico e ele pediu que eu parasse com o anticoncepcional e esperasse 6 meses. Foi o que fiz e nada aconteceu. Mudei de médico, falei que queria ser mãe, e mais uma vez tive que esperar 6 meses. Eu sabia que havia alguma coisa errada em mim, já que eu não menstruava regularmente.
Foi então que resolvi procurar uma clínica de fertilização. Levei meus exames e eles confirmaram meu diagnóstico. Pediram mais alguns exames para mim e meu marido. Estava tudo pronto para iniciar o tratamento. Assim, em julho de 2010 fiz uma fertilização in vitro e tive um resultado negativo. Fiquei muito mal, arrasada. Era nova, minhas chances eram boas, e mesmo assim, não aconteceu. Mas eu não desisti! Me refiz, procurei ajuda e mais uma vez, em novembro de 2010, fiz a segunda fertilização em vitro. E deu certo! Finalmente meu sonho se realizou e eu estava grávida. No começo foi só alegria. Nossas famílias estavam radiantes à espera do nosso bebê. Não tive enjoos, mal estar. Sentia-me ótima! Fiz o pré-natal e todas as ultrassonografias que me pediam. Tudo corria bem! Meu filhote era um menino e se chamaria Caio César.
Com 24 semanas de gestação, dia 24 de abril de 2011, um domingo de páscoa, acordei a noite para fazer xixi e percebi uma gota de sangue. Não estava sentindo nada, mas fui para o hospital e avisei a minha médica. Chegando lá, a médica de plantão me examinou e disse seu colo do útero está super baixo e que eu precisaria ficar internada. Meu mundo ali desabou! Como assim? O que aconteceu, o que eu fiz de errado? Chorando muito, fui para o quarto aguardar minha médica chegar. Ao chegar, ela diz que suspeita de eu ter Incompetência Istmo Cervical, quando o colo do útero não aguenta o peso do bebê. Não havia muito que se fazer. Após descoberto o ICC, eu poderia fazer uma cerclagem, só que aos 6 meses, meu tempo de gestação, há riscos de infecções.
Assim, eu poderia apenas ficar em repouso absoluto e esperar até o 8ª mês. Decidi que, pelo bem do meu bebê, ficaria de repousa absoluto no hospital, o tempo que precisasse.
Entrei na 25° semana de gestação bem, o Caio também estava. Ele crescia dia após dia, se mexia sem parar, até que, após 5 dias internada, acordei a noite e vi a cama cheia de sangue. Chamei a enfermeira, que disse ser um sangramento normal. Fiz outra ultrassonografia e, para minha felicidade, o Caio estava bem.
Fiquei aliviada. Minha preocupação sempre foi ele, e se ele estava bem eu também estava. Neste dia o sangramento parou e eu fui dormir. No outro dia, sábado (30 de abril), acordei pela manhã, meu marido estava comigo, tomei café e esperei minha médica. Eu estava bem.
Mas, por volta das 10h, comecei a sentir umas dores parecidas com uma cólica que vinham e voltavam. Eu estava em trabalho de parto por isso tomei medicação para parar. O problema é que não adiantou. As dores eram fortíssimas e frequentes. Não dava mais para esperar, o CAIO iria nascer!
Minha médica veio e já me preparou para o que iria acontecer. Disse que, provavelmente, eu não o veria, por ele nasceria muito pequeno e a equipe médica faria de tudo para salvá-lo. Eu assustada, chorando, não acreditava em tudo aquilo. Fui para sala de cirurgia já totalmente dilatada e, às 13h 51 minutos o CAIO nasceu com 715gr e 31cm. Levaram ele correndo, não ouvi ele chorar e alguns minutos depois, trouxeram meu bebê já dentro de uma incubadora para eu ver. Ele estava todo vermelho, mas mesmo assim, levantou a cabeça e abriu os olhos. Eu o vi rapidamente antes que o levassem para a para a UTI.
Ali começava uma luta pela vida e nasciam também um pai e uma mãe de UTI. Eu só pude vê-lo à noite por volta das 22h e quando o vi senti uma sensação tão estranha! Era um misto de felicidade e tristeza ao mesmo tempo. Felicidade por ele estar vivo e por ser mãe, e tristeza por ele estar cheio de aparelhos. Eu não sabia o que iria acontecer a partir daquele momento.
Após isso, os médicos vieram e nos explicaram tudo. Disseram que ele estava bem e a partir de agora, tudo dependia dele. O Caio estava entubado, com cateter e diversos aparelhos em volta dele. Eu não sabia o que era nada daquilo, não entendia nada e estava totalmente perdida.
No começo foi bem difícil para eu aceitar tudo. Eu só chorava, me cobrava muito o tempo todo e me perguntava: por quê? Por que comigo? Após 4 dias de soro e ele lá, firme e resistente, chegou a hora da prova do leite. Ele pode tomar 1 ml pela manhã. Tudo correu bem, mas a tarde sua barriguinha começou a distender e ficar inchada, fazendo com que os médicos ficassem observando para ver o que era. No dia seguinte estava mais inchado e ainda não tinha evacuado. Mesmo assim, médicos pediram para esperar, já que é normal um recém-nascido demorar em evacuar. Logo após isso, pediram um raio-X e aí veio a suspeita de perfuração intestinal. Com 7 dias de vida, o Caio precisou ser operado para saber o que havia o seu intestino.Meu coração estava desesperado e eu pedia com todas as minhas forças para Deus não tirar meu filho de mim. Ele, se quisesse, poderia levar a mim, mas não tirasse a vida do meu filho.
Foi uma cirurgia delicada e de grande porte para um bebê. Quase 2 horas depois, o cirurgião veio e nos falou o intestino do Caio tava com perfurações. Por isso, eles tiraram uma parte perfurada (enterocolite necrosante), restando agora, aguardar para ver se tudo tinha corrido bem. Quando o vi, ele estava tão fraquinho, magrinho com 590g e cheio de aparelhos. Como foi difícil ver meu filho assim. Só quem passa, sabe o que é.
Após a cirurgia, ele ficou em jejum e depois começou a dieta parenteral. Estava bem, mas para ter certeza que a cirurgia tinha dado certo ele precisava evacuar. Passaram-se mais 7 dias e nada! A barriguinha dele tava inchada de novo e nada de evacuar. Foi então que, em um domingo, dia das mães, nos ligaram pedindo para ir ao hospital. Fomos correndo, pensando no pior. Chegamos lá e os médicos disseram que ele precisaria passar por mais uma cirurgia para ver o que estava acontecendo em seu intestino. Era sua única chance de sobreviver.
Assim, com 605 g e 14 dias de vida, o Caio partia para a sua 2° cirurgia. Depois, de 1h de cirurgia, a médica nos informou que o intestino dele estava muito ruim, cheio de perfurações e que colocaram um dreno para não fazer outra cirurgia. Esse dreno era, no momento, a única solução para ele.
Eu meu marido estávamos desesperados, mas confiávamos muito em Deus e colocamos a vida do nosso bebê em suas mãos, sempre pedimos para o Senhor fazer o melhor para Ele. Naquele dia fomos à igreja e rezamos com todas as nossas forças, pedindo para Deus dar saúde ao nosso filho. Passaram se mais 3 dias e, enfim, ele fez suas primeiras fezes pela colostomia (dreno). Foi uma alegria só! A cirurgia tinha dado certo! Foi então que ele começou a comer direito e agora sim poderia comer e evacuar sem problemas.
Todos os dias, íamos ao hospital acompanhar seu desenvolvimento em durante esse período. Vi diversas coisas na UTI Neonatal. Várias histórias, muitas chegadas e saídas, muitas apneias do CAIO. O tempo foi passando e, com 45 dias de vida, fizemos o 1° canguru. Foi uma alegria! Tudo era comemorado, cada grama ganha era motivo de festa.
Com 49 dias de vida, ele foi extubado e partiu para o CPAP. Nosso guerreiro demorou a começar a pegar peso devido às cirurgias e a pouca absorção de nutrientes. Mesmo assim, ele estava bem, até que pode respirar sem ajuda de cateter. Que alegria!Ele era um guerreiro! Assim, após 3 meses, era chegada a hora de fechar a colostomia, pois ele tava demorando muito à engordar e seu intestino já estava bem. Foi então que, no dia 2 de agosto, foi feita a 3° cirurgia para fechar a colostomia. Tudo foi um sucesso. Agora só faltava se recuperar e aprender a mamar na mamadeira.
Porém, em um exame de rotina, a oftamologista, que acompanhava ele constatou alterações em seu exame de fundo de olho. As veias dos olhos estavam nascendo tortas e ele precisaria passar por uma cirurgia de retinopatia. E, com 104 dias de vida, ele foi para a 4° cirurgia que também foi um sucesso. Eu falava para ele na UTI: agora chega né, Caio? Chega de cirurgias e vamos para casa! Eu estava exausta já, afinal, fazia 4 meses que o Caio tava internado eu ali, todos os dias ao seu lado.
Agora ele já estava no peso ideal, respirava, mamava sozinho e já estava no berço. Mas, na semana que ele ganharia alta, em outro exame de rotina, descobriu-se uma hérnia inguinal bilateral. E lá foi o Caio foi para a sua 5°cirurgia. Assim, 3 dias depois, dia 9 de setembro de 2011, ele finalmente foi para casa.
Ao total foram 132 dias de internação, 4 meses e 12 dias, 10 transfusões de sangue, vários dias de jejum, 5 cirurgias, hemorragia intracraniana grau 4, várias apneias e muita, muita,muita luta!
Em maio desse ano, o Caio teve descolamento da retina do olho esquerdo e fez mais uma cirurgia para colocar a retina no lugar e tirar o cristalino do olho. Ele usa óculos com grau no olho esquerdo, já que o não sofreu nada.
Hoje, o Caio está com 1 ano e 7 meses, está bem, mas devido a prematuridade extrema, possui sequelas em seu desenvolvimento. Ele ainda não anda e faz acompanhamentos com vários especialistas para verificar seu desenvolvimento. Sabemos que nossa luta não acabou no dia da alta, pelo contrário.
Agora é a vez do Papai e da Mamãe darem continuidade ao trabalho que foi feito no Hospital para o melhor crescimento do nosso guerreiro. Apesar de tudo que passou, ele sempre nos dava muita, muita, muita força. Por muitas vezes estávamos cansados e ele abria um sorriso para nós, como se dissesse: mamãe e papai eu estou aqui! E era isso que nos dava uma força incondicional para lutar por ele!
Gostaria de agradecer ao Hospital e Maternidade Santa Joana em São Paulo por tudo que fizeram e, principalmente, a equipe médica da UTI Neonatal, que foi o tempo todo Maravilhosa conosco. Aqui vai o nosso muito obrigado!"
Bia, mãe do Caio.