Agradeço de coração à querida Rosi, mãe do Miguel, pelo carinho, pela história e por ter esperado pacientemente a publicação do seu relato. Um beijo bem especial em toda família!
"Em 2009 estava tentando engravidar, eu já tinha um casal de filhos do primeiro casamento, o Luiz Felipe que na época estava com 21 anos, e a Daniele com 20 anos.
Eu já estava com meu atual marido há 16 anos, e ainda não tínhamos filhos. Minha gravidez era considerada de risco, eu estava com 37 anos e por ser hipertensa, e ainda tive diabetes gestacional, por esse motivo tive três internações, sendo que na terceira a minha obstetra que foi uma anjo em minha vida, me disse que teria que adiantar o parto, senão eu perderia meu bebê, pois ele não estava ganhando peso e poderia ter sofrimento fetal.
Então no dia 29 de novembro de 2009, depois do almoço recebi a notícia que, meu parto seria feito às 20:00.
Fiquei muito nervosa, pois não imaginava que um bebê pudesse nascer tão pequeno, esperei meu marido chegar e pedi para que eleacompanhasse o nascimento do nosso filho.
E assim foi feito, às 20:08 o Miguel nasceu resmungando, de 27 semanas, pesando 820 gramas e medindo 35 cm.
Naquele momento só sabia dizer "obrigada, meu Deus", e apesar de tudo, talvez pela emoção eu vi um bebê grande e perfeito.
O Miguel foi levado para a UTI Neonatal do Hospital Santa Joana, e só pude vê-lo no dia seguinte, e foi um dos piores dias da minha vida.
Quando o vi naquela incubadora, com banho de luz, tão pequeno, tão frágil, me deu um desespero, e uma sensação que hoje descrevo como sensação de morte, pois achei que ele não iria resistir, e se algo acontecesse com ele, eu tabém não iria aguentar.
Mas o tempo foi passando, e fui aprendendo até com outras mães de UTI, que, não era pra eu desistir, pois ele estava lutando pela vida, e que eu devia está sempre do lado dele com bons pensamentos, rezando, conversando, cantando...e percebi que ele respondia do jeitinho dele, de uma forma como se fosse um código só nosso, que só eu como mãe poderia entender e sentir.
Um dia, cheguei fora do meu horário habitual, e as enfermeiras me disseram que, o Miguel estava achando que eu não ia visitá-lo naquele dia, mas quando cheguei bem pertinho da incubadora, mesmo com os olhinhos fechados, o Miguel deu um lindo sorriso e isso me marcou muito.
Outro momento marcante foi que, na véspera de Natal, a médica que cuidadva do Miguel, disse que eu poderia pegá-lo nos braços... como meu marido estava trabalhando, esperei que ele chegasse para fazer uma surpresa, foi maravilhoso poder pegar meu filho nos braços, apesar de todos os aparelhos que ajudavam ele respirar, foi um momento único, era como se, só existisse eu e ele, não lembro do que a médica falava no momento, só queria sentir meu filho nos meus braços.
Várias intercorrências, sustos e alegrias aconteceram, durante os três meses em que o Miguel ficou na UTI Neonatal. Depois desse período ele foi transferido para o 1º andar que era a UTI Semi-intensiva, que é a promoção quando os bebês estão quase prontos para irem pra casa, onde ficou por mais um mês e meio.
Nesse tempo em que ficamos iternados, passamos Natal, Ano Novo, Carnaval e Páscoa, sempre juntos!!!
Um semana antes da alta porém, foi preciso, fazer um cirurgia de hérnia inguinal bilateral, mas GRAÇAS a DEUS, tudo deu certo.
Estava tudo bem com o Miguel, mas acharam melhor ele vir para casa com HOME CARE, mas foi por pouco tempo... GRAÇAS a DEUS, então DIA 16 DE ABRIL DE 2010, o meu filho muito amado e esperado, teve alta e veio para nossa casa, onde até nossa cachorrinha já o esperava, pois eu a acostumei com o cheirinho das roupas que o Miguel usava no hospital. Ele teve alta pesando 4205 gramas e media 50 cm.
Hoje o Miguel está com 2 anos e sete meses, e recentemente descobri que ele é autista. No começo quando notei o comportamento diferente do Miguel, comentei com meu marido minha suspeita, e ele chegou a dizer que, quem precisava de médico era eu, e que eu estava procurando doença para meu filho.
Mas o tempo é o melhor remédio pra tudo nessa vida... e o mais importante está comigo, aqui ao meu lado, enquanto escrevo um pouquinho da história dele, o MEU PEQUENO HERÓI MIGUEL, que já está na escolinha e até faz aulas de judô, mas no momento está curtindo as férias.
Quero deixar aqui o meu agradecimento a toda equipe médica, técnicas de enfermagem, enfermeiras, fisioterapeutas e psicóloga do Hospital e Maternidade Santa Joana, que cuidaram e cuidam dos bebês prematuros ou não, com tanto carinho, e também a minha médica Dra.Daniela Cardoso, DEUS os abençoe!!!
Rosimere, mãe do Miguel.