![](static/images/stories-page-entry-detail.png)
![](static/images/bulma/1by1.png)
03 de Setembro de 2014
Manu, nosso milagre
“Tudo começou no dia 11 de novembro de 2012, que veio o lindo positivo! Logo fui começar o meu pré-natal e fazer o acompanhamento com o meu hematologista, pois tenho púrpura trombocitopênica idiopática (baixa plaquetas no sangue, maior risco de hemorragia). Tenho há uns 2 anos, vivo normalmente, sem nenhuma complicação.
No dia 1 de março, data do meu aniversário, recebi o maior presente: no ultrassom, descobri que era uma menina, minha Manu em meu ventre. Logo mais, no dia 15 de abril, com 26 semanas, sentia muita dor nas costas, a batata da minha perna parecia que ia explodir e estava muito inchada. Acreditava que tudo era normal da gravidez. Fui ao PA e, na pré-triagem, a enfermeira se esqueceu de medir minha pressão. Fui chamada ao consultório do médico, que me disse que os sintomas eram normais de uma gravidez e me passou exame de urina para eu fazer no dia seguinte. No dia 17 de abril, era consulta de rotina com o hematologista e, como de costume, ele foi medir minha pressão. Sempre foi mais baixa que alta, mas estava 15x11. Ele estranhou e fez uma carta, pedindo para eu ir urgente para o PA. Fui atendida rapidamente, não me deram nenhum remédio e, após algumas horas, a minha pressão baixou e me liberaram.
No dia seguinte, os sintomas continuavam. Após o trabalho, fui o PA novamente e logo fui internada. O inchaço aumentava cada vez mais, os exames constataram que eu estava perdendo líquido amniótico, mas eu me sentia bem e a minha Manu se mexia normalmente. Alguns médicos até falavam de alta. Até que na sexta, 19 de abril, o médico pediu para eu chamar mais alguém, pois queria conversar conosco. Nisso chegou meu marido e minha irmã, e ele foi bem claro conosco. Eu estava sofrendo de uma pré-eclâmpsia, a bebê era muito pequena, cerca de 900 gramas e tinha poucas chances. Ele disse: “Podemos ter que fazer o parto a qualquer momento. A nossa prioridade é a vida da mãe, mas cada dia desse bebê na barriga é uma vitória”. Desabei a chorar. Nunca imaginei que uma criança desse tamanho poderia não viver e tudo por culpa minha.
Domingo, 21 de abril de 2013, passamos bem, eu e minha Manu, até que comecei a sentir uma dor muito forte no rim e fui levada para fazer um ultrassom. Assim que chegou o resultado, o médico disse que eu tinha uma pequena pedra renal, mas que o meu liquido amniótico estava diminuindo e prontamente fui transferida para um hospital que possuísse uma unidade neonatal. Passei a noite e a madrugada fazendo exames e tomando injeções para amadurecer os pulmões da Manu, na Santa Casa de Limeira, onde fui sempre muito bem atendida.
Por volta das 09h30min da segunda-feira, 22 de abril de 2013, vieram me informar que o parto teria que ser feito imediatamente, pois agora o risco estava na minha vida também, não só da minha bebê. Eu estava sendo preparada e me informaram para eu não me assustar, pois a minha bebê não iria chorar, não iam me mostrar e teria que ser tudo muito rápido. Às 10h51min, a minha Manu veio ao mundo, com 27 semanas, 835 gramas, 33 centímetros, dentro da bolsa, chorou e me mostraram! Uma emoção sem fim... Mas rapidamente foi levada a UTI Neonatal. Logo o meu marido e seus avós foram vê-la.
No primeiro dia, só a vi por uma foto. Só pude vê-la no outro dia pessoalmente devido à anestesia do parto.
Eu tinha muito medo de perdê-la, de machucar... Tão pequenina, mas com uma força enorme. Sentia-me totalmente culpada por fazer minha menina passar por isso. Eu passava o dia todo no hospital e a noite ia com meu marido. Tirava leite em casa e no hospital, pois sabia o quanto era importante o aleitamento materno para um bebê, imagina para um bebê prematuro.
O primeiro colo foi no Dia das Mães. O melhor presente, um momento mágico, inesquecível! E para melhorar, o médico me deu a notícia que no dia seguinte poderia começar a fazer o método Mãe Canguru. Ah, e teve Pai Canguru também! Alguns dias depois, com a ajuda das fonoaudiólogas, comecei a amamentar a minha menina, mais um sonho realizado.
Via que o dia de ir para casa estava cada vez mais próximo, só faltava a minha pequena sair do cateter, pois o peso de 2 kg já tinha atingido. O dia que entrei e a vi sem cateter foi emocionante e, após alguns dias, a minha Manu teve alta. Ficamos mais dois dias no quarto, juntinhas para nunca mais nos separar, dormir e acordar na mesma casa.
Foram no total 72 dias de internação. A minha pequena ficou 11 dias intubada, 4 dias no CPAP, 8 dias no Halo e 45 dias no cateter. Teve icterícia, anemia multifatorial, doença da membrana hialina (Síndrome da Angústia Respiratória) e displasia broncopulmonar. Fez 3 vezes transfusões de sangue e chegou a pesar 700 gramas. Hoje está com 1 ano, sem nenhuma sequela, graças a Deus!
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado toda essa força, minha família que nunca me abandonou, meu Pai João, que mesmo lá de cima me abraçava todo dia, minha prima Michele, que me amparou também e hoje está lá com sua anjinha, a toda equipe da Santa Casa de Limeira, enfermeiras, técnicas de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, médicos. E minha menina, minha Manu por não ter desistido da vida, cada dia mais forte e hoje é a alegria dos nossos dias!”
Tábata, mãe da Manuela