Notícias

Notícias

28.05.2014

Mães de prematuros lembram luta pela vida no hospital


Notícia original publicada em 10 de maio de 2014.

Tatiane Santos
Do G1 em Mogi das Cruzes e Suzano 

Se o nascimento de um bebê traz sempre ansiedade para a mãe, este sentimento se torna ainda mais forte para aquelas que precisaram passar por um parto prematuro. O medo da perda e a dor da distância também estão sempre presentes no período que vai do nascimento à alta. Duas mães de prematuros do Alto Tietê, que deram à luz na Santa Casa de Mogi das Cruzes (SP), e uma que ganhou o bebê em um hospital particular da cidade, contaram suas experiências ao G1. Elas tiveram que acompanhar a recuperação dos filhos entre fios, equipamentos e muitas vezes sem poder oferecer o aconchego do colo. Essas mães não fazem questão de embrulhos neste domingo (11). “Estar perto deles hoje é o nosso maior presente”, relatam elas.

[caption id="attachment_14274" align="aligncenter" width="620"]Raphaela Vitória passou por quatro cirurgias e ficou 5 meses internada. (Foto: Roberta Costa/Arquivo Pessoal) Raphaela Vitória passou por quatro cirurgias e ficou 5 meses internada. (Foto: Roberta Costa/Arquivo Pessoal)[/caption]

[caption id="attachment_14275" align="alignleft" width="300"]A menina teve hidrocefalia e hoje vive sem sequelas (Foto: Roberta Costa/Arquivo Pessoal) A menina teve hidrocefalia e hoje vive sem sequelas
(Foto: Roberta Costa/Arquivo Pessoal)[/caption]

Parto aos cinco meses
Uma dessas histórias é de Raphaela Vitória, filha da educadora infantil, Roberta Costa, de 32 anos. O nome Vitória representa bem a menina que nasceu com apenas 775 gramas e 31,5 cm, na Santa Casa de Mogi das Cruzes. Roberta conta que um mioma desenvolvido na gravidez acabou antecipando o trabalho de parto. A menina nasceu em agosto do ano passado, no quinto mês de gestação. “Foi um alívio ela ter nascido, mas depois veio a preocupação.”

Raphaela precisou fazer uma cirurgia com oito dias de vida porque apresentou uma perfuração no intestino. “O problema é que na operação ela teve hemorragia e parada cardíaca durante 15 minutos. Ela voltou, mas depois ficou três dias em coma”, relembra a mãe. “Tudo era muito sensível, eu acabei perdendo meu leite nesta época, foi muito difícil.”

Depois do coma, Raphaela teve hidrocefalia, que é o acúmulo de líquido no cérebro. O distúrbio pode causar lesões no tecido cerebral e aumento e inchaço do crânio. Diante desta realidade, o bebê precisou passar por mais duas cirurgias para a implantação de uma válvula na cabeça para drenar a água. A menina ficou cinco meses internada, mas o dia da alta foi uma grande emoção não só para os pais, mas para todo o hospital. “Todos os médicos e enfermeiros fizeram um grande corredor parabenizando pela sua vitória. Foi lindo e marcante”, conta Roberta.

[caption id="attachment_14277" align="alignleft" width="300"]Raphaela Vitória ficou cinco meses internada. (Foto: Roberta Costa/Imagem Pessoal) Raphaela Vitória ficou cinco meses internada.
(Foto: Roberta Costa/Imagem Pessoal)[/caption]

A educadora conta que hoje a filha, agora com quase 3 quilos, passa bem e faz fisioterapia para fortalecer o tronco. “Ela não terá sequelas, a cabeça está voltando ao tamanho normal e não há mais presença de água”, esclarece a mãe que se diz radiante até agora. “Agradeço a Deus todos os dias por ela estar comigo. Ele me deu o melhor presente que eu poderia ganhar. A Raphaela Vitória é a maior vitória que eu tenho em minha vida. Eu só desejo que todas as mães tenham um Dia das Mães repleto de bênçãos e realizações assim como o meu”, finaliza Roberta orgulhosa de sua história.

[caption id="attachment_14278" align="alignright" width="300"]Lucas Miguel ficou 84 dias internado na Santa Casa de Mogi (Foto: Letícia Aparecida Rodrigues/Arquivo Pessoal) Lucas Miguel ficou 84 dias internado na Santa Casa
de Mogi (Foto: Letícia Aparecida Rodrigues/Arquivo
Pessoal)[/caption]

Batalha aos 18
Letícia Aparecida Rodrigues, de 18 anos, de Santa Isabel, é mãe de primeira viagem. A jovem mãe contou ao G1 que a preocupação começou junto com a descoberta da gravidez por causa da pressão alta que ela teve. Quando estava grávida de 29 semanas, o parto precisou ser feito rapidamente e o pequeno Lucas Miguel nasceu com apenas 910 gramas na Santa Casa de Mogi das Cruzes.

“Foi horrível, eu recebi alta depois de 5 dias, mas durante todo este período no hospital ele precisou ficar internado na UTI. Só pude vê-lo de perto após dois dias. Depois que fui embora não conseguia visitá-lo todos os dias por causa da cesária e da minha pressão. Também necessitava de repouso”, relembra ela.

[caption id="attachment_14279" align="alignright" width="300"]Hoje com 3 kg o menino passa bem. (Foto: Letícia Aparecida Rodrigues/Arquivo Pessoal) Hoje com 3 kg o menino passa bem.
(Foto: Letícia Aparecida Rodrigues/Arquivo Pessoal)[/caption]

Lucas Miguel ficou 84 dias internado na Santa Casa de Mogi das Cruzes. Letícia lembra que o dia da alta foi marcado por muita festa. As enfermeiras fizeram um café da manhã logo cedo para se despedir do bebê. “Não via a hora de ele sair e elas me fizeram esta surpresa porque eu não sabia que meu filho ia ser liberado naquele dia pelos médicos. A sensação foi de muita felicidade”, diz ela.

Este é o primeiro ano de Letícia como mãe. “A bênção que Deus me deu, de ele ter sobrevivido, eu só tenho que agradecer. Este Dia das Mães para mim será muito especial e marcante”, revela a jovem mãe. Lucas Miguel hoje está bem e com pouco mais de 3 quilos.

Superação dupla
Outro exemplo de determinação e superação é de Gláucia Santos Ishii, de 29 anos, de Biritiba-Mirim. Ela ganhou o casal de gêmeos Cícera e Bryan no dia 19 de janeiro, também na Santa Casa. Gláucia contou ao G1 que não sabia que seriam duas crianças. “Somente o primeiro ultrassom indicou dois, depois, todos os outros mostravam apenas um. Eles não se mexiam”, relata. Os bebês ficaram com o batimento cardíaco enfraquecido e o parto teve que ser feito às pressas. As crianças nasceram de 6 meses e meio e ficaram internadas até que ficassem fora de perigo. “Minha reação foi de desespero, eu não pude vê-los. Só vi cinco dias depois do nascimento”, conta.

Gláucia é mãe de mais três filhos, além dos gêmeos, mas isso não amenizou a tristeza de ter que ir embora sem os mais novos bebês. “Foi horrível, é a pior experiência para uma mãe, parece que você está abandonando as crianças, uma sensação muito estranha”, detalha ela, que recebeu alta três dias após o parto, mas voltava ao hospital diariamente. “Eu chegava às 15h30 e só ia embora às 21h, mas eu não podia nem amamentar, só os via de longe, na incubadora”, relembra.

Depois de dois meses vivendo distante da família, Cícera que nasceu com 1,285 kg e Bryan com 1,425 kg, ganharam peso e com a saúde em dia enfim puderam dar adeus ao hospital. “Eu acompanhei o tratamento, sei que eles foram muito bem cuidados lá, mas ainda assim a maior alegria que tem é ver os dois dentro de casa. O Dia das Mães vai ser especial este ano”, revela a mãe.

Partos prematuros
A Santa Casa de Mogi das Cruzes faz cerca de 450 partos por mês. Destes, de acordo com o Setor de Ginecologia e Obstetrícia, 3,4% são prematuros extremos (abaixo de 34 semanas) e 9,32% nascem de 34 de 37 semanas e também são considerados prematuros.

De acordo com o médico Gilberto Lozano, coordenador do setor, infecções são a principal causa de trabalho de parto prematuro. Os bebês têm condições de sobreviver a partir da 24ª semana de gestação.

O parto prematuro, segundo o médico, é mais frequente em gestantes com baixo nível sócio-econômico e adolescentes. "Ambas [causas] são caracterizadas por baixa aderência ao pré-natal e há outras ligadas ao sistema de saúde que poderia se resumir no não cumprimentos dos 10 passos para o Pré-Natal de Qualidade". Entre os itens listados pelo Ministério da Saúde para um acompanhamento de qualidade, de acordo com o médico, estão o início do pré-natal até a 12ª semana de gestação, realização de exames preconizados, garantir ao parceiro o direito de acompanhar tudo de perto e que a gestante conheça previamente o local onde dará à luz.

Fonte: G1

    Compartilhe esta notícia

    Histórias Reais

    Veja histórias por:

    Receba as novidades

    Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que acontece no universo da prematuridade.