30 de Outubro de 2023

Laura, um milagre de dia das mães

Tudo começou em agosto de 2021, quando decidi interromper o uso de anticoncepcional. Como meu ginecologista sempre disse que eu teria dificuldade para engravidar, parei com o anticoncepcional com a intenção de engravidar no início do ano de 2022, pois como eu ainda trabalhava como estagiária não tinha um emprego fixo, já que meu contrato se encerraria em junho do próximo ano. Mas no final de novembro de 2021 descobri estar grávida de 6 semanas. Na primeira ultrassom, apenas o saco gestacional apareceu. Após duas semanas, pude ouvir o coração do meu bebê pela primeira vez. Desde o começo fiz acompanhamento pré-natal, tudo pelo SUS, pois na minha cidade sempre fomos bem atendidos. Uma gestação tranquila, tudo dentro dos conformes.

Mas no final de março, com 23 semanas de gestação, após uma ultrassom morfológica, descobri que tinha IIC (insuficiência istmo-cervical), o que fez com que minha gravidez se tornasse de alto risco, fazendo com que tivesse que ficar de repouso total, onde eu levantava da cama somente para minhas necessidades fisiológicas e consultas com a GO. No dia 28 de abril de 2022, em uma consulta de rotina, minha GO fez o exame de toque e disse que estava tudo certo, mas mesmo assim receitou a injeção para o amadurecimento do pulmão da minha bebê. E após uma semana, no dia 07 de maio, véspera de dias das mães, às 5hrs da manhã acordei com cólicas e por orientação da GO, procurei o hospital da minha cidade. Ao chegar, logo fui atendida e já estava com sangramento e 6 centímetros de dilatação. Foi então que começou a correria e medicação para diminuir as contrações, pois naquele hospital não havia estrutura para receber um bebê prematuro. Fui encaminhada então para o HRO de Chapecó - SC, mas ao chegar lá, mais uma preocupação, pois não havia vaga na UTI Neo. Os médicos estavam tentando vaga em qualquer hospital do estado.

A intenção era a transferência com minha bebê ainda no ventre, mas isso não foi possível. E então, às 11:33, Laura decidiu vir ao mundo com 28 + 5 semanas, pesando 1,280 kg e 38,5 centímetros. Nasceu com hemorragia cerebral de grau 1. Por não haver vaga, ela ficou em uma incubadora improvisada, na sala de parto mesmo e eu fiquei na maca, no corredor, pois também não havia vaga no quarto. Às 15:30 surgiu uma vaga na UTI Neo e ela foi levada. Fui ver minha filha somente às 20hrs. Graças a Deus, ela nasceu super bem, não precisou ser entubada. Com 11 dias após o nascimento, ela contraiu uma sepse tardia, bactéria da meningite, e foi então que meu mundo desabou. Eu sempre perguntava aos médicos se ela ficaria com sequelas e eles dizendo que só com o tempo para saber. Foram 14 dias de antibióticos e, mais uma vez, Deus agindo na vida dela, pois a bactéria estava sendo combatida. Ela precisou de transfusão sanguínea devido a uma anemia.

Eu que sou doadora de sangue, vi minha filha sendo salva pelo sangue de outra pessoa. Foram um total de 36 dias de UTIN e 10 dias de Hospital Materno, onde eu fiquei com ela no quarto. Durante os 36 dias, às 6hrs da manhã eu pegava um ônibus e ia até Chapecó para ficar com minha filha, poder amamentá-la e a noite retornava para minha casa. Era um total de 2 horas e meia de viagem por dia. E então, no dia 23 de junho de 2023, nós ganhamos alta, com ela pesando 2,135 kg. Hoje ela tem 1 ano e 5 meses de idade cronológica e 1 ano e 3 meses de corrigida. E graças a Deus ela não tem nenhuma sequela. A hemorragia foi absorvida quando ela tinha 9 meses. Apesar do susto, Laura foi o melhor presente de dia das mães que eu poderia ter ganhado naquele ano.