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19 de Setembro de 2013
Lara: a pequena grande vitoriosa
“Olá! Meu nome é Camila e tenho 33 anos. Engravidei em outubro de 2011 e minha gestação estava muito bem. Não tive enjôo, não tive inchaço nenhum e nem engordei muito. Um dia, durante a 28ª semana, eu estava no trabalho e de repente percebi água na minha cadeira. Como estava chovendo muito, pensei que minha roupa estivesse molhada. Troquei de cadeira e continuei trabalhando. Meia hora mais tarde, mais água na cadeira. Corri para o hospital, já àquela altura imaginando ser líquido amniótico. Fui avaliada e depois de exames não conseguiram identificar nada, então me mandaram pra casa.
Uma semana mais tarde, no ultrassom de rotina, foi identificado amadurecimento precoce de placenta com restrição de crescimento fetal. Fiquei preocupada, mas supus que não fosse assim muito grave. Era minha primeira vez e, afinal, eu estava ótima e meus exames idem. Na consulta, descobri que era sim bem grave. Meu médico explicou que esta é uma intercorrência possível e que ele investigaria as causas, mas que provavelmente minha princesa nasceria em um parto prematuro e ficaria internada em UTI por mais ou menos 1 mês. Meu mundo caiu! Procurei permanecer bem firme na frente dele mas, quando saí do consultório, chorei em profundo desespero.
Passado o choque inicial, procurei seguir tranqüila na medida do que fosse possível, pois sabia que minha angústia poderia prejudicar minha pequena, que certamente precisaria do meu equilíbrio ao nascer. Continuei trabalhando, fiz uma infinidade de testes e exames para saber o que estava acontecendo e, conforme orientação do médico, fiz o primeiro ciclo de corticóide para acelerar o amadurecimento do pulmão da minha princesa.
Duas semanas depois da consulta anterior, voltei para ver o médico. Eu estava bem e o bebê também. Apesar de ruim, o quadro não tinha piorado e isso era muito bom, pois nós tínhamos ganho mais algum tempo. Desta vez o médico optou por me afastar do trabalho, tentando minimizar o efeito que o estresse poderia causar. Estávamos tentando o que fosse possível para manter a estabilidade e tentar levar o parto para o mais adiante possível.
Como controle, deveria fazer ultrassonografias e consultas semanais. Adicionalmente, o médico pediu para que eu fizesse uma cardiotocografia na manhã seguinte, já que a consulta foi no fim da tarde, para avaliar as condições do bebê naquela altura. Então, na manhã seguinte, fui ao hospital para fazer o exame acreditando que estaria em casa umas duas horas mais tarde, mas o resultado do exame não foi nada bom. Para se certificar das condições do bebê, o médico do hospital pediu um ultrassom com doppler. O exame acusou diminuição sensível do líquido amniótico, mas a bebê estava bem, apesar de minúscula para a idade gestacional. Por precaução, os médicos (o meu e o do hospital) decidiram me internar para avaliação e acompanhamento. Minha intuição de mãe surgiu neste dia: eu não sairia mais do hospital grávida! Eu a teria a qualquer momento a partir dali e quanto mais demorasse, seria melhor para ela.
Nesta mesma tarde, foi iniciado um novo ciclo de corticóides, fiz uma nova cardiotocografia (com resultado normal) e ficamos bem. As 48 horas seguintes foram melhores ainda, o quadro evoluiu satisfatoriamente e chegou-se até a falar em alta, para eu passar mais uma semana em casa. Apesar da empolgação, minha intuição continuava a me dizer que não. Meu sexto sentido, se é que dá pra chamar assim, me avisava o tempo inteiro que grávida eu não receberia alta, que a alta só se daria após o parto. E assim foi. Nesta mesma noite, com 32 semanas de gestação (quase completando 33), a cardiotocografia (eu fazia 2 por dia no hospital, além de ultrassom com doppler diário) apresentou compressão de novo e o indicativo de centralização do feto tornou-se evidente. Meu médico foi avisado e eu fui imediatamente encaminhada para uma cesárea de emergência.
Em31/05/2012, às 22h54min, nasceu minha pequena Lara, com 40cm e 1,475kg. Apesar de bem pequenina, ela nasceu com pulmões de aço! Chorou muito e respirou sozinha ainda na sala de parto, segundos depois de ser retirada da minha barriga. Apgar 9/10. Tudo ótimo, mas um mini bebê.
Passamos os 28 dias seguintes no hospital, vencendo cada uma das pequenas aventuras a que estão sujeitos os prematuros e, felizmente, sem nenhuma intercorrência. Ela surpreendeu médicos, enfermeiras, nutricionistas e fonoaudiólogas com sua garra, coragem e precocidade, não só para nascer, mas também em muitos aspectos de desenvolvimento. Recebeu alta com 1,840kg e 42,5cm em 28/06/2012.
Após o parto e biópsia na placenta, descobriu-se um enfarto isquêmico na placenta, decorrente de um ataque do meu sistema imunológico, identificado em exames de sangue específicos realizados posteriormente. Hoje, minha princesa tem 1 aninho e é meu anjinho. Um sonho de bebê! Ainda é mini, mas uma pequena grande vitoriosa. Abraços.”
Camila, mãe da Lara