12 de Março de 2013

João Rafael: a história do menor bebê de Santa Catarina


Agradeço à Fernanda, mãe do João Rafael, por nos contatar e fazer questão de compartilhar com todos a linda história de superação, o milagre que é a vida do seu filho. Certamente esse gesto dá esperanças e fortalece muitas outras famílias que têm seus pequenos na UTI nesse momento. Obrigada, queridos Ivan e Fernanda. Um beijinho no João (lindo!!!) e votos de muita saúde pra ele, sempre!

"João Rafael Heinig Correia é o exemplo vivo de um guerreiro. Nasceu com apenas 24 semanas de gestação, 510 gramas de peso e ficou quatro meses na UTI-Neonatal. Sobreviveu a tudo isso e hoje faz a alegria dos seus pais.

“Enquanto houver vontade de lutar, sempre haverá esperança de vencer”. A frase não tem autor, mas foi escrita por uma amiga e consta no Facebook de Fernanda Heinig, mãe de João Rafael e esposa de Rafael Ivan Correia. A frase resume a luta pela qual seu filho, o pequeno João Rafael, que acaba de completar um ano de idade, passou desde que nasceu prematuramente, com apenas 24 semanas, no dia 28 de agosto de 2011.

Desde os primeiros dias da gravidez Fernanda soube que não seria fácil, Estava em uma gravidez complicada e logo teve que parar de trabalhar e ficar em repouso absoluto. Infelizmente, não foi o suficiente para segurar a gestação até os nove meses. João estava com pressa e resolveu nascer bem antes do tempo. “Eu estava grávida há apenas seis meses e era muito cedo para ele nascer. Quando comecei a passar mal, me disseram que ele não sobreviveria. Então fui para o parto já me preparando para enterrá-lo. Pedi ao meu pai que comprasse o caixão”, relembra emocionada.

João nasceu e foi levado direto para a UTI-Neonatal. Tudo estava contra o pequeno João, não havia casos de bebês que tivessem nascido de 24 semanas, com apenas 510 gramas e que tivessem resistido com saúde. O menor bebê a nascer em Santa Catarina contrariou todos os prognósticos e sobreviveu. Depois de 12 horas de vida, ele conheceu a sua mãe que não acreditava no que estava vendo.

A emoção era um misto de alegria, surpresa e também de medo e de dúvida sobre até quando ele resistiria. João provou que a medicina não é uma ciência exata e que, mesmo para quem não acredita, os milagres podem acontecer.

Depois de 48 horas as pessoas já começavam a acreditar que João sobreviveria, mesmo seu peso tendo baixado para menos de 500 gramas. Para que ele não perdesse mais peso, ele não foi mais tirado do berço, pego no colo ou levado até a banheira para tomar banho. “Todos esses pequenos gestos fazem as pessoas perderem peso e João não podia perder um grama”, diz.

Fernanda viu sua vida mudar da noite para o dia. Desde o dia 28 de agosto de 2011, quando João nasceu, ela se tornou íntima dos corredores do Hospital Santa Catarina. Todos os dias ela chegava as 9h e ficava até as 20h, quando ia para casa, pois, tinha que dar atenção para Maria Fernanda, a sua outra filha, que tem menos de 10 anos.

Durante a enchente de 2011, Fernanda ficou ilhada no hospital. Ela e mais algumas mães que passavam pelo mesmo drama, acompanhando um filho na UTI. “Tudo isso muda a sua perspectiva de vida. Todos os dias era um dia novo, a esperança era renovada. Vi crianças morrerem, presenciei pais desesperados e pais muito dedicados. Ali aprendi o que é dificuldade e que devemos ter fé sempre, por mais adversidades que surjam no meio do caminho”, declara.

De acordo com Fernanda, ficar na UTI é conviver com o medo 24 horas por dia, é ter medo da perda, da piora, do futuro incerto, do presente difícil  e da capacidade de acreditar. “Todos os dias eu conversava com o João, mesmo não podendo pegá-lo no colo para dar um beijo, eu tentava mostrar a ele que o amava e que estávamos juntos e  lutando pela sua vida. A presença das mães na UTI é muito importante para as crianças”, diz.

A UTI se transformou no segundo lar de Fernanda

Durante os quatro meses de rotina na UTI, Fernanda viveu em sobressaltos. Eram notícias boas, como quando o peso aumentava, ou ruins, quando ele pegava uma infecção. “É difícil esquecer tudo pelo que passamos, mas agora temos que nos concentrar no futuro do João, em mantê-lo saudável. O fato dele não ter ficado com sequelas já é considerado um milagre”, conta.

No dia 05 de setembro de 2011 Fernanda viveu um dos muitos momentos de emoção que teve na UTI. Depois de  oito dias de vida, João abriu os olhos, olhou para a mãe e fechou. “Foi a nossa primeira comunicação”, declara. Mais de um mês depois, ela pode pegá-lo no colo, sem estar com o tubo. Ele ficou entubado por 46 dias.

Durante o período em que esteve na UTI, mesmo entubado, João se alimentou com o leite da Fernanda. Para que ele sobrevivesse e aumentasse as suas defesas, precisava se alimentar de leite materno. Porém,  não podia ser qualquer leite, visto que era prematuro e outro tipo de leite poderia ser muito forte para o pequeno.

Para que o corpo de Fernanda produzisse leite todos os dias, ela teve que fazer uma dieta de “engorda” e a recomendação era de não ficar estressada  para que o leite não secasse. Fernanda, que sempre foi obcecada pelo peso, viu seu manequim aumentar quando engordou cerca de 10 quilos. “Eu tinha uma escolha: ajudar meu filho a sobreviver ou me manter magra. Não me arrependo nem um segundo da escolha que fiz. O João é a minha maior alegria”, conta.


Hoje, com João se desenvolvendo de forma saudável, já soma quase sete quilos, Fernanda retomou o projeto de reduzir o manequim. “Nunca mais meu corpo será igual, mas isso não importa, tenho dois filhos lindos para cuidar e um marido maravilhoso, que me apoia em todos os momentos. Tanto que o João só dorme com o pai”, conta.

Oitenta e oito dias de angústia no Hospital

João ficou 88 dias na UTI e oito dias no quarto até, enfim, receber alta para ir para casa, em dezembro de 2011. Ele estava com 2,2 quilos quando recebeu alta na véspera do Natal. Voltou algumas vezes para o hospital, mas sempre para se recuperar de pequenos problemas. Este ano (2012), recebeu uma vacina, que custa quase R$ 8 mil, que é doada pelo governo federal para reforçar a imunidade de crianças prematuras. No Vale do Itajaí ele foi à única criança a ganhar a vacina. Mas, valeu a pena, pois, ele teve apenas pequenos resfriados durante todo o Inverno.

Seu primeiro passeio na rua foi no dia 22 de janeiro, quando saiu para almoçar fora com os pais e os avós. “João não sai quase de casa e nem pode receber muitas visitas até completar dois anos. Ele ainda tem a imunidade baixa e temos que cuidar para não pegar alguma doença inoportuna”, explica.


"O João Rafael é exemplo de superação que acontece com RNs imaturos, nascidos com idades gestacionais acima de 24 semanas. Em um serviço médico especializado, como a UTINEOPED do HSC Blumenau, em conjunto com envolvimento e participação da família, estas crianças conseguem ter uma evolução favorável e sobrevivem. O João Rafael e sua família deixaram para nós a certeza de sempre continuar, apesar das adversidades, apostando na sobrevida com qualidade”, diz o Dr. Mário Celso Schmitt."

Fonte: matéria publicada na Revista Bela Vida, texto enviado pela Fernanda, mãe do João Rafael.

"Deus, obrigada por mais um dia. E se o amanhã chegar, já te agradeço hoje. E Fé não é achar que Deus fará tudo o que você quiser, Fé é crer que ele fará o que é melhor para você...

Uma das frases que eu repetia todos os dias...

Depois do nascimento do João descobri um mundo em que eu não conhecia, um mundo de pequeninhos bebês cercados de grandes profissionais que lutavam junto pela vida desses pequenos guerreiros.

Aprendi que a vida é muito mais do que é material, e sim o que é ter um problema de verdade. Dormia sem saber se acordaria com ele vivo. A cada entrada na UTI, tinha medo de novos diagnósticos. A cada exame realizado, o medo do resultado era imenso.

Que o tempo é de Deus e não nosso... Que nenhuma luta é em vão, mesmo que lhe incentivem a desistir, e que NUNCA DEVEMOS DESISTIR.

Chorei, sofri, desesperei, caí diversas vezes e tive que me levantar. Me desapeguei de todo bem material para descobrir o valor de uma vida. Me perdoei, sorri e não tive apenas momentos de tristeza. Sorri. E conheci pessoas excepcionais, pais maravilhosos e profissionais que jamais serão esquecidos."

Fernanda, mãe do João Rafael.

Assistam à reportagem da RIC TV Blumenau:


Fonte


Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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