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20.12.2023

ONG Prematuridade.com integra Coalizão Licença Paternidade - CoPai

A Coalizão Licença Paternidade (CoPai), é uma aliança formada por indivíduos, empresas e instituições que compartilham a visão de estender a licença-paternidade de forma remunerada e obrigatória. Em dezembro de 2023, junto ao nascimento do movimento CoPai, a ONG Prematuridade.com tornou-se signatária da iniciativa, por entender que todos saem ganhando quando o pai tem a oportunidade de estar presente e participar dos cuidados do seu bebê e, especialmente, quando essa criança nasce prematura.

Licença paternidade maior: benefícios para as crianças

O ato diário de cuidar de um recém-nascido estabelece vínculos que perduram por toda a vida. Ser assistido é um direito das crianças e um dever de ambos os pais. Neurocientistas e psicólogos, destacam que crianças com presença ativa do pai tendem a desenvolver maior autoestima e bem estar emocional, resultando em menos problemas como uso de drogas, delinquência juvenil, gravidez precoce e evasão escolar. Além disso, pesquisas recentes destacam que pais presentes também influenciam na inteligência, relações sociais, desenvolvimento da fala e desempenho acadêmico de seus filhos.

Benefícios para as familias

A licença paternidade estendida favorece que os pais exerçam seu papel, apoiando sua esposa e os filhos num momento tão especial e ao mesmo tempo desafiador para a família. O aumento da presença do pai na família ao longo da vida melhora a relação com a criança e do próprio casal. Estudos demonstram redução na quantidade de separações, casos de depressão pós parto e violência doméstica.

Benefícios aos pais

Estamos acostumados a acreditar que somente as mães estão programadas biologicamente para sentir o amor incondicional por seus filhos. Contudo, estudos recentes desmistificam essa crença revelando que pais também experimentam alterações hormonais e cerebrais semelhantes quando estão ativamente envolvidos na vida de seus filhos. E, sim, eles também se beneficiam dos sentimentos positivos que esse amor incondicional proporciona. Por exemplo, a ocitocina, comumente chamada de hormônio do amor e da felicidade, também foi encontrada em níveis semelhantes em pais que mantém um bom contato físico com seus bebês. Outra descoberta que pode surpreender alguns é a de que pais cuidadores apresentam aumento na satisfação com seu trabalho, com sua vida pessoal e com a vida sexual.

Benefícios para as mães

A sobrecarga, causada principalmente pela desigualdade nas tarefas do cuidado, é uma das principais causas do adoecimento mental das mulheres. Elas dedicam o dobro do tempo a essas tarefas, gastando em média 21 horas por semana, enquanto os homens gastam apenas 10.9 horas. A frase "Estou exausta" é comum, refletindo o peso das responsabilidades das mães, que cuidam das crianças, da casa, de parentes idosos e trabalham fora. Apesar de algumas mulheres escolherem não trabalhar para dedicar-se aos seus filhos, a grande maioria não têm essa opção por questões financeiras. Atualmente, mais de 50% dos 75 milhões de lares no Brasil são chefiados por mulheres. Além disso, mulheres que dependem economicamente de seus parceiros têm menos recursos para se desvencilhar de relacionamentos abusivos. Uma divisão mais equilibrada das responsabilidades do cuidado também diminui a discriminalização às mulheres no mercado de trabalho.

O recente Prêmio Nobel de Economia destacou a "Penalidade Materna". A conhecida diferença salarial entre gêneros foi constata estar diretamente relacionada à maternidade, especialmente pela dificuldade de conciliação entre os cuidados com filhos e um trabalho intenso. Um estudo dinamarquês ilustra bem essa questão e mostra que o salário médio das mulheres cai drasticamente após se tornarem mães, enquanto os pais não sofrem impactos. Licenças obrigatórias para pais e mães, também torna o critério de gênero menos relevante na contratação e momentos de promoção. Quando homens e mulheres compartilham as responsabilidades parentais, criamos a base para um mercado de trabalho mais justo e inclusivo.

Benefícios para Sociedade e a Economia

O envolvimento ativo do pai nos primeiros 3 anos de vida da criança é crucial para promover seu desenvolvimento integral. Esse período molda a arquitetura cerebral, influenciando habilidades como aprendizado, autoestima e desempenho acadêmico. Pais presentes geram cidadãos mais preparados, reduzindo taxas de evasão escolar, delinquência juvenil e problemas relacionados a drogas e violência doméstica. O investimento resulta em jovens mais educados, prontos para o mercado de trabalho, fortalecendo a economia e reduzindo custos sociais, beneficiando o Estado e a sociedade

Benefícios para as empresas

A implementação de licença-paternidade estendida nas empresas gera diversos benefícios, como maior satisfação dos colaboradores, equilíbrio efetivo entre trabalho e vida pessoal, e redução nas taxas de rotatividade. Essa medida também contribui para cultivar uma cultura organizacional voltada à igualdade de gênero, embasada por estudos que destacam o impacto positivo de políticas mais abrangentes na retenção de talentos e na promoção de ambientes inclusivos. Pesquisas na empresa Diageo revelam uma queda significativa na taxa de mulheres que deixam a empresa após a licença-maternidade, de 50% em 2018 para 30% em 2022. Na multinacional farmacêutica Sanofi, houve um aumento na adesão dos homens à licença-paternidade estendida, alcançando 71% em 2022, evidenciando a eficácia da prática na promoção da igualdade de gênero e retenção de talentos.

9 Diretrizes para uma Licença Paternidade Eficaz

1) A licença-paternidade deve ser obrigatória para que haja aderência e promoção às mudanças culturais pretendidas.

2) A licença-paternidade deve ser 100% remunerada e custeada pelo Estado a fim de favorecer sua adoção plena tanto por empregadores quanto empregados.

3) O início da licença deve ocorrer a partir do nascimento do bebê por um período de algumas semanas para que o pai esteja disponível para dar o apoio essencial à mãe puérpera e ao recém-nascido e também por ser um momento crucial para iniciar o desenvolvimento do vínculo paterno.

4) O período restante da licença-paternidade pode ser alocado de forma flexível ao longo dos primeiros 12 meses do nascimento da criança, idealmente de forma não concomitante com a licença da mãe. A oportunidade dos pais atuarem como cuidadores primários é fundamental para que se tornem co-responsáveis do cuidado dos filhos de forma permanente ao longo da vida. Além disso, tal flexibilidade também permite ao pai dar suporte ao processo de retorno da mãe ao trabalho.

5) A transformação cultural de compartilhamento da responsabilidade do cuidado entre homens e mulheres, assim como a redução da descriminação das mulheres no trabalho, será proporcional à redução da diferença entre a duração das licenças de pais e mães.

6) Um modelo progressivo de aumento da duração da licença-paternidade será fundamental para promover uma implantação de sucesso que considere a adaptação necessária dos impactos no orçamento público, assim como das crenças e hábitos associados à transformação cultural.

7) Não deve haver redução do período da licença-maternidade, o qual deve permanecer obrigatório, pois é crucial para a saúde da mãe e do bebê, sendo ainda aquém da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de tempo mínimo de amamentação de 6 meses.

8) Garantir a estabilidade de emprego aos trabalhadores, similar à estabilidade concedida durante a licença-maternidade.

9) Cursos preparatórios e campanhas de conscientização para acelerar as mudanças sociais.

Fonte: CoPai

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