05 de Janeiro de 2017
Miguel, um milagre de Deus
"Olá, eu sou Elaine, tenho 32 anos e quero contar minha história.
No dia 21 de abril de 2013, descobri que estava grávida. Fiquei um pouco assustada, mas muito feliz. Meu marido se emocionou, minha família comemorou, todos felizes. Foi uma gravidez tranquila, sem enjoos, que começou a complicar entre 26 a 27 semanas, quando descobri que estava com pressão alta. Comecei a tomar remédio, cortei o sal da alimentação, e minha vida se resumia em cuidar da pressão, meus pés inchavam muito. Meu médico não levou muito a sério.
Estava tão feliz por estar esperando meu príncipe Miguel. Eu e meu marido resolvemos fazer o chá de bebê. Estava muito inchada, mudei de médica, que imediatamente já pediu alguns exames de sangue, urina e o ultrassom com Doppler, disse que tinha que repousar e que na outra semana queria todos os exames nas mãos dela. Mas não deu tempo.
Depois de 14 dias do chá de bebê, fui ao hospital com uma dor de cabeça muito forte que não passava. Já era noite e, chegando lá, a minha pressão estava 17/12 e o médico disse que era caso de internação. Me internaram, passei a noite de sábado no quarto e no outro dia de tarde fui para a UTI. A pressão não baixava, mantinha-se entre 16/9 ou 15/10, mas não sentia nada, só o bebê que se mexia demais. Nosso pequeno foi muito forte, já estava lutando pela sua vida.
Lá eu fiz todos os exames que a médica havia me pedido. Eu estava de 30 semanas, meu rim e meu fígado estavam comprometidos e estava com minhas plaquetas muito baixas. Na terça-feira, o médico explicou o meu caso, dizendo que não só o bebê como eu também corria risco. Então, tomei medicação para amadurecer o pulmão da bebê. E, no dia 15/10/2013, terça-feira, às 19h30min, indo para a sala de cirurgia, na sala de espera encontrei meus familiares todos tensos, me dando força. Foi um momento inesquecível. Logo em seguida, meu bebê nasceu pesando 1,235kg e 36 cm. Ele chorou, nasceu super bem. Mesmo sendo pequenininho, estava cheia de esperança e fé que tudo ficaria bem. Mesmo voltando pra UTI, eu fiquei bem, a cesária correu tudo bem. Tive que repor sangue e mais plaquetas. Depois de 3 dias, saí da UTI e, enfim, pude ver meu Miguel. Me deparei com aquele bebê tão frágil e me perguntava o porquê. Mas, com o passar dos dias, pude perceber como ele era forte e guerreiro.
Fiquei 10 dias internada. A pior sensação foi deixar o hospital de barriga e braços vazios e com sentimentos de culpa por não ter gerado meu filho aos 9 meses. Mas cada dia era uma vitória, uma luta. Muitas vezes sai de lá em pedaços, calada, mas Deus me deu muita força pra continuar e sorrir. Depois de 17 dias, pude pegar o Miguel no colo usando o método canguru, foi uma emoção inexplicável.
Ainda no hospital, descobrimos uma hérnia inguinal. Não queria nem imaginar ele passando por uma cirurgia, correndo mais riscos de apneia, que ele teve mais de 4 vezes que eu fiquei sabendo e presenciei algumas delas. Foram 49 dias na UTI, saindo dia 03/12, com 2,030kg. Foi o dia mais feliz e mágico da minha vida, parecia um sonho! Com 3 meses e meio, ele fez a cirurgia da hérnia. Eram 2 hérnias em lugares diferentes, e aproveitou e já fez a fimose. Hoje, 15/10/2014, Miguel está exatamente com 1 ano, pesando 6,900kg e 69cm, com saúde e sem sequelas.
Aos pais que estão passando por isso, digo que o melhor é ter fé, que Deus sabe de todas as coisas e esses pequeninos são mais fortes do que nós, são grandes guerreiros.
Tive a Síndrome de HELLP, que é uma complicação obstétrica com risco de morte, sendo considerada por muitos uma variação da pré-eclâmpsia. Ambas as condições podem aparecer na gravidez ou às vezes após o parto. HELLP é a abreviação dos três principais elementos da síndrome: H - Hemólise, do inglês Hemolytic, EL - hepáticas elevadas, do inglês Elevated Liver enzymes e LP - Baixa contagem de plaquetas, do inglês Low Platelet count. Essa síndrome se acompanha de aumento da morbidade e mortalidade mãe e/ou da criança. A morbidade ou mortalidade da mãe depende do avanço e gravidade da síndrome, enquanto do feto depende de sua idade gestacional. Meu quadro estava muito grave, foi um milagre eu não ter complicações no parto e nem sequelas. O médico que me acompanhou no início da gravidez foi negligente, não me explicou sobre os riscos, não pediu exames quando a pressão começou a subir, estava tratando minha gravidez que era de risco como uma gravidez normal, eu poderia ter morrido e meu bebê também.
Agradeço a Deus por tudo que passamos, pela benção que ele nos presenteou Miguel, nosso milagre. Agradeço também aos familiares, amigos e pessoas que nem nos conhecem que oraram por nós, com palavras de apoio, nunca me senti tão amada e querida.
Nosso filho é um pequeno grande homem, guerreiro, vencedor abençoado por Deus, que amo imensamente. Sinto que tenho o coração fora do meu corpo amor, além da vida."
(relato da mamãe Elaine C. dos Santos Rocha, enviado em 2014)