17 de Dezembro de 2013

Heitor, um prematurinho lindo e esperto

“Quero compartilhar um pouco da minha luta e do meu guerreiro Heitor.

Foi uma gravidez altamente desejada e assistida. Até que, a partir do 5º mês de gestação, as coisas começaram a tomar rumos diferentes. A minha pressão começou a subir e tive que fazer ultrassom todas as semanas, pois o meu bebê não estava engordando o suficiente e isto tinha que ser monitorado. Cada semana era uma conquista, pois sabia que ele estava lá, guardadinho, vivo!

No 7º mês, a situação ficou incontrolável. A minha obstetra me orientou a irmos para Recife, onde ela me encaminharia para uma amiga, também obstetra, para que ela me acompanhasse para controlar a minha pressão e tentarmos chegar ao menos a 37ª semana de gestação. Nesse momento, eu estava com 33 semanas e 4 dias.

Quando cheguei em Recife, foi quando a minha luta realmente começou. A minha médica não me encaminhou para obstetra nenhuma, aliás, não conseguia nem falar mais com ela, nenhuma ligação, então tivemos que fazer tudo da nossa maneira. Fui para um hospital particular, onde não quiseram atender o meu plano de saúde por alegar que era do interior e não cobriria as minhas despesas. Foi quando uma médica, a propósito, um anjo, me atendeu de graça e viu que a minha situação era difícil. A minha pressão estava alta, em torno de 20x10, e ela disse que jamais teria condição de me liberar para ir para casa. Colocaram uma sonda para poder observar os meus rins, e ela conseguiu uma vaga na central de leitos no hospital de referência de Recife e fui encaminhada para o IMIP (hospital do SUS).

Fiquei desesperada, pois não tinha consciência da minha real situação. No meu quarto, tinham outras gestantes com a situação igual a minha, onde uma delas entrou em convulsão. Foi a coisa mais horrível que já vi, pois sabia que poderia acontecer a mesma coisa comigo, já que a pressão dela estava igual a minha e estávamos tomando anti-convulsivos.

No outro dia, às 07h da noite, a médica entrou no meu quarto e informou que teria que fazer a cesárea às pressas, porque os meus rins estavam paralisando e eu fiquei sem entender nada, pois estava ali apenas para controlar a pressão e não para ter o meu bebê. Pedi que esperassem mais dois dias, pois faria 34 semanas, mas eles me informaram que não poderiam esperar mais nenhum dia, pois eu e o meu bebê corríamos risco de vida. Então, me levaram para o bloco cirúrgico e, às 21h35min, o meu Heitor nasceu. Tão pequeno, tão frágil. O seu chorinho era tão fraquinho. Me levaram para UTI e ele para UTI Neo no mesmo momento. Só vi o meu filho no outro dia. Eu ainda estava na UTI, mas ele, graças a Deus, já tinha saído e estava no berçário.

Quando cheguei ao berçário, me segurei para conter as lágrimas. Era uma mistura de alegria e dó. Alegria por saber que o meu bebê estava vivo, mas, ao mesmo tempo, chorava de dó por achar que ele não iria sobreviver, pois era muito pequenininho e muito magrinho. Ele nasceu com 37 cm e 1,530 kg, chegando a ter apenas 1,200 kg. Esta foto é do primeiro contato que tive com meu bebê. Foi a primeira vez que nos vimos, muito emocionante!

Enfim, depois de 11 dias internada, tive alta e passei a acompanhar o meu bebê em tempo integral no berçário, pois ele teria que ganhar peso para poder ter alta. Heitor estava sendo alimentado por sonda, já que eu não tinha uma gotinha de leite. Foram exatos 35 dias ao lado de sua incubadora, dormindo sentada numa cadeira. Cadeira não, uma tortura. Não tive resguardo. Um ponto da minha cirurgia abriu e inflamou, mas seguia ali, firme... Já não tão forte, mas ouvindo com atenção o que os médicos tinham a dizer todos os dias. Chorei muito ao ver mães perdendo seus bebês, mas me alegrava vendo outras levando seus bebês recuperados para casa, era um misto de emoções.

Até que, finalmente, o meu leite começou a chegar e o Heitor aprendeu a mamar no peito, aí foi só alegria. Todos os dias ele estava ganhando peso, chegando aos 1,770 kg, quando ouvimos a frase mais esperada depois de 47 dias de internamento: O RN de Patrícia Lílian está de alta! Meu Deus, quanta alegria sair daquele hospital com o meu bebê bem e saudável.

Foi uma experiência que, mesmo que eu viva 200 anos, não vou esquecer jamais. Agradeço a Deus pela minha vida e pela vida do meu bebê.

Hoje, ele está com 6 meses, lindo, esperto, saudável, mamando feito um bezerrinho e deixando a mamãe de olheira sem dormir, mas muito, muito feliz!"

Patrícia Lílian, mãe do Heitor

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