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25.06.2019

Guia Saúde Oral dos Bebês e Crianças Nascidos Prematuros

A fase de crescimento e desenvolvimento da face e da boca é um período dinâmico que acontece dia a dia, iniciando na gestação e evoluindo ao longo de toda infância e adolescência, no qual existe uma integração entre o que herdamos da família (genética) e os fatores ambientais, comportamentais e sociais - os chamados hábitos de vida (epigenética). Assim, além das alterações genéticas e da própria imaturidade ao nascer, podem existir alterações decorrentes do período pós-natal em uma Unidade Neonatale dos hábitos orais deletérios na pós-alta hospitalar na rotina do lar.

Em uma Unidade Neonatal, a permanência prolongada em dispositivos que passam pela boca e nariz para a assistência respiratória e alimentação, apesar de serem recursos necessários a sobrevivência neonatal, podem desorganizar as funções orais e o sincronismo com a respiração nasal, favorecer a respiração oral, interferir na postura da cabeça e pescoço, e nos movimentos da língua e dos lábios. Esta condição ainda poderá ser agravada no retorno ao lar, com a presença intensa dos hábitos orais deletérios, como uso de mamadeira, chupeta e sucção digital. A somatória de fatores poderá levar a alterações nas estruturas ou disfunções orofaciais, que, quando não tratados precocemente, geram repercussões futuras no encaixe da dentição, mastigação e fala dos prematuros.

Importante alertar aos pais sobre a importância do aleitamento materno aos prematuros também pelo ponto de vista odontológico, como sendo a excelência de estímulo para a harmonia do crescimento e desenvolvimento de todo o complexo orofacial infantil. Este sublime ato de aleitamento materno evita ou minimiza o uso de aparelhos ortodônticos nas crianças nascidas prematuras.

A chegada do primeiro dente de leite é sempre muito esperada e comemorada por todas as famílias. Contudo, os pais de bebês prematuros devem lembrar de utilizar a idade corrigida para a prematuridade e não a idade cronológica para o acompanhamento da chegada de todos os dentes de leite na boca. Esses dentes de leite precisam de cuidados preventivos profissionais e caseiros, porque, embora sejam temporários, são importantes para a saúde do bebê.

Na boca dos prematuros, os problemas mais frequentemente encontrados são as alterações de formação nos dentes, apresentando manchas ou cavidades (hipoplasias e hipomaturações de esmalte dentário); céu da boca estreito e profundo (palato atrésico); alterações nas funções de sucção e deglutição em sincronismo com a respiração oral (disfunções orais); e musculatura orofacial mais flácida, incluindo língua e lábios (hipotonicidade muscular).

Diante disso tudo, a evolução do crescimento e desenvolvimento orofacial não deve ser negligenciada, sendo indicado realizar o atendimento transdisciplinar que inclua o atendimento odontopediátrico desde a fase de recém-nascido, seguindo ao longo de toda infância e adolescência, visando permitir a constatação de normalidade ou diagnóstico oportuno das patologias, alterações, desvios ou disfunções orofaciais, com a finalidade de favorecer o estabelecimento o correto encaixe dos dentes e arcos dentários, com harmonia facial, saúde e boa qualidade das funções orais. A atenção odontológica regular desde cedo também promoverá a prevenção da sensibilidade dentária, da cárie dentária, da doença na gengiva, da erosão dentária e do encaixe incorreto dos dentes e arcos dentários. Ações educativas e preventivas multiprofissionais integrados aos bons hábitos familiares de dieta e higiene oral contribuem para uma boca saudável e para boa qualidade de vida das crianças nascidas prematuras!

Escrito por Dra. Dóris Rocha Ruiz – Odontopediatra.

Faça o download do Guia Saúde Oral dos Bebês e Crianças Nascidos Prematuros da SBP.  

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