12 de Julho de 2023
Gêmeos Piticos
Meu nome é Adriana, tenho 37 anos e sou mãe de gêmeos univitelinos (mono/di), mais conhecida como "Mamãe de Piticos". Meus "Piticos", Diogo (G1) e Lucas (G2), como carinhosamente os chamo, nasceram de 25 semanas pesando respectivamente 680g e 530g no dia 06 de Dezembro de 2018, em decorrência da síndrome da transfusão feto fetal (STFF), a qual evoluiu rapidamente de grau 1 para grau 3.
Assim que nasceram, os Piticos ficaram internados por muitas semanas na UTI Neonatal e, durante esse período, não fazia diferença se era sábado, segunda-feira ou Natal. A mamãe estava lá todos os dias para ordenhar o leite e realizar as visitas. O Diogo ficou internado 15 semanas (106 dias) e o Lucas 22 semanas (158 dias). Neste período eles foram fortes, sapecas, guerreiros, e verdadeiros milagres.
As primeiras semanas foram muito difíceis, pois eles eram muito frágeis e passaram por diversos desafios. Toda a nossa família estava tentando entender a situação, além disso, eu estava me recuperando da cirurgia, vivendo o puerpério e ainda tentando produzir algum ml de leite materno.
A amamentação foi um grande desafio e no final se tornou algo que me orgulho. Não vou dizer que foi fácil, chorei muito nas primeiras semanas pois não conseguia ordenhar nada, mas com muita persistência, dedicação e suporte, consegui depois de 3 semanas realizar a minha primeira ordenha no hospital. Depois dessa data, iniciei a rotina de visitar a sala de ordenha por meses e posso dizer com muito orgulho que eles foram quase que exclusivamente alimentados com leite materno e ainda foram para o peito até os 7 meses de vida.
Um dos principais pesadelos dos pais de prematuros são as intercorrências durante a internação e as temidas sequelas. No caso dos Piticos a lista de intercorrência/diagnósticos é relativamente longa, incluindo: inúmeras transfusões, sepse, choque séptico, hemorragia intracraniana grau III, icterícia, doença da membrana hialina, broncodisplasia pulmonar, anemia, doença osteometabólica, plaquetopenia, hipospádia, pneumonia, etc.
Ainda durante o período de internação, o Lucas fez a cirurgia para fechamento do canal arterial quando pesava somente 720g e ambos fizeram a cirurgia da hérnia inguinal com aproximadamente 100 dias de vida. Após a alta do hospital, os cuidados continuaram pois o Lucas ainda saiu do hospital com suporte de oxigênio, além de uma série de medicamentos. Atualmente eles fazem acompanhamento por diversos especialistas (neurologista, pneumologista, oftalmologista, cirurgiã pediatra, cardiologista e nutricionista) e fizeram sessões de fisioterapia motora e respiratória, que por sinal recomendo a todas as famílias.
Em 2020, ambos fizeram a cirurgia da hipospádia, porém o Lucas acabou realizando novamente a mesma cirurgia em fevereiro de 2021. O pós-operatório de 2020 foi bem na época que iniciou a pandemia e, em 2021, todos em casa pegaram covid, inclusive o Lucas que estava com a sonda.
O desafio foi grande, mas vê-los hoje saudáveis, espertos, falantes e ativos é o maior presente! Hoje fico muito feliz de compartilhar um pouco da nossa experiência e rotina, pois sei que dá esperança e ajuda outras famílias, e é uma enorme satisfação receber mensagem de outras mamães que relatam que as ajudei mesmo que de forma indireta, ao contar um pouco sobre nossa vida. Só desejo muita saúde e fé às famílias de prematuros.
(Relato enviado pela mamãe Adriana em 2022)