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06 de Novembro de 2013
Gabriel: uma bênção de Deus
“Tenho uma filha de 12 anos, a Giovanna. Na gravidez dela, tive pré-eclâmpsia e foi feita uma cesariana de emergência, pois minha bebê estava praticamente sem líquido amniótico. Passado o susto, ficou tudo bem. Um ano depois, engravidei e perdi, pois minha pressão ficou muito alta e tive descolamento de placenta. Os médicos recomendaram não ter mais filho e o cardiologista chegou a me dar relatórios para fazer uma ligadura, mas não queria mais filhos e apenas deixei o tempo passar.
9 anos depois, minha filha começou a pedir muito um irmão. Consultei vários médicos e todos me disseram que poderia ter outra gravidez normal. Me preparei 2 anos para engravidar, fiz todos os exames: ácido fólico, vitaminas, nada de bebidas alcoólicas, mudei meus hábitos alimentares. Como não fiquei hipertensa, redobrei os cuidados para não engordar muito e manter todas as minha taxas normais. Fiz tudo como os médicos pediram, para ficar longe de uma nova pré-eclâmpsia.
Fiquei grávida em setembro de 2011. Tudo corria bem, até que, em um ultrassom de rotina, o médico descobriu um aborto retido. Estava com 7 semanas, não tinha sentido nada, minha pressão estava normal, isso aconteceu em 06 de novembro de 2011. Meu obstetra disse ser comum. Fiz vários exames no feto para saber se existia alguma anomalia genética, mas, graças a Deus, não deu nada.
O médico me deu 3 meses ou 3 ciclos para tentar uma nova gravidez, mas disse que poderia demorar e que seria normal se isso acontecesse. Em janeiro de 2012 eu estava grávida, uma benção, o meu obstetra nem acreditou. Logo comecei a sentir cólicas, nada de tão anormal. Tudo corria muito bem, mas, para não deixar a família apreensiva, mantivemos segredo: eu, minha filha e meu esposo, até o mês de abril.
Sentia muitos enjôos e, nessa época, estava afastada do trabalho por acidente de trabalho. No mês de abril, retornei restrita em minhas funções pela própria médica da empresa. Para evitar cólicas, estava utilizando Ultragestam 200 via vaginal, fazia ultrassom toda semana, cuidados apenas, pois tudo estava bem. Em junho, tive uma pequena infecção urinária que logo foi curada. Pressão arterial normal, consulta ao nutricionista, alimentação balanceada, ganho de peso normal. A única coisa que me deixava chateada era o enjôo, que nenhuma medicação fazia passar, mas tudo bem, eu estava grávida.
No dia 01 de agosto, senti cólicas e um pouco de sangue na calcinha, então fiquei em repouso total. Fiz ultra, mas nada de anormal, mesmo assim, meu obstetra achou melhor começar no dia 14 com corticóide para amadurecer os pulmões do bebê. Segundo ele, estava ficando muito estranho, minhas cólicas e o fato de minha barriga estar muito grande para 6 meses. No dia 13 de agosto, fui trabalhar com cólicas que pareciam contrações, mas tinha dúvidas, pois nunca tive na primeira gravidez. Fui fazer uma ultra e lá mesmo fiquei, nem senti que tinha perdido líquido amniótico.
A obstetra da empresa disse que eu estava muito ansiosa e que não tinha como ser contrações, afinal de contas, eu estava entrando na 29a semana, ainda assim, pediu para ir pra casa. Ela disse que seria infecção urinária, que não me preocupasse e logo cedo realizasse um exame de urina. Fui para casa e passei a noite inteira com essa cólica, mas a cada hora parecia que ela aumentava mais e mais. Às 5h da manhã eu não agüentei mais, parecia que minha barriga inflava e enrijecia. Acordei meu esposo e minha filha e me encaminhei para o Hospital Geral da minha cidade, já que meu obstetra não estava.
Quando cheguei, veio a surpresa: estava com 1 cm de dilatação. Decidi ir para outro hospital mais equipado, a intenção era evitar o trabalho de parto prematuro. A essa altura, as cólicas tornaram-se contrações, que a cada segundo pioravam mais. Entrei no hospital às 9h do dia 14 de agosto de 2012, já com 4 cm de dilatação. As chances de evitar o trabalho de parto ficavam cada vez menores. Então me apeguei a Deus e ao meu terço de Nossa Senhora de Aparecida, só orava, enquanto via meu esposo tenso e minha filha caindo em lágrimas.
Deus não iria me deixar naquele momento. Tomei várias medicações, nem sei quantas. Tive hemorragia que nada estancava, medicações para reter o parto e para amadurecer os pulmões de meu bebê, anti-hipertensivo, afinal de contas, tive pré-eclâmpsia e um parto prematuro era uma situação de estresse que poderia causar problemas. Todas as tentativas foram feitas para Gabriel ficar mais alguns dias em meu ventre, mas nada, ele era apressado. Às 21h, o médico disse que ele estava na posição indicativa de parto normal. Tive medo, muito medo, como meu bebê já poderia nascer?
Foi tudo tão rápido que nem tive tempo de pensar, mas perguntei à equipe médica os riscos de vida dele. O que ouvi não foi nada bom, ele era muito prematuro, tinha muitas chances de morrer ou nascer com uma série de seqüelas físicas e neurológicas. Ele nasceu às 22h45min, pesando 1,540 kg e medindo 43 cm. Chorou pouco, teve uma parada respiratória e, segundo o neonatologista, é um guerreiro.
Seu teste de apgar foi de 3 no 1o minuto e de 7 no 5o minuto, um sopro de vida. Foram 41 dias na UTI Neo, fez uma dose de surfactante, IMV por 2 dias, halo por 2 dias, circulante 2 dias. Sem infecção, cateterismo umbilical venoso por 3 dias, icterícia neonatal
tardia, fototerapia por 4 dias. 1 ano após tudo que passei, esse é Gabriel, um bebê saudável e feliz, sem seqüelas físicas e neurológicas, uma bênção de Deus em nossas vidas.”
Sheila, mãe do Gabriel
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