27 de Janeiro de 2013

Emoções inesperadas na chegada de Alícia


Obrigada, querida Thaís por compartilhar aqui a história da tua Alícia. Beijos pra vocês e muita saúde pra pequena! 


"Olá, me chamo Thais e como muitas mulheres meu maior sonho sempre foi ser mãe.


Minha gestação foi muito tranquila, não apresentei nenhum problema como pressão alta ou diabetes, meu ganho de peso foi normal e sequer tive enjoo. Tudo corria perfeitamente bem, e eu estava planejando lavar as roupinhas de meu bebê na 34ª semana, quando teria uma consulta do pré-natal.


No dia 12/06, tive que viajar a trabalho com meu chefe. Fomos para uma cidade próxima, pouco mais de 40 minutos de viagem. Tudo transcorreu tranquilamente e chegamos novamente ao meu trabalho às 11 horas e 40 minutos. Naquele dia eu havia combinado de almoçar na casa da minha mãe e estava apenas passando uma orientação para uma colega, antes de sair, quando senti molhar a minha calcinha.

Então eu disse a ela: ''Meu Deus, estou fazendo ‘xixi’ e não consigo segurar''. Fui ao banheiro, me limpei e pensei em ligar para o consultório de meu médico, pois estava perdendo um pouco de líquido. Quando cheguei ao telefone, começou a correr líquido pelas minhas pernas, encharcando minhas calças.

Liguei para o consultório e fui orientada a seguir para o hospital. Liguei para o meu marido, que estava em um restaurante, e falei: ''Larga tudo e vem me buscar porque eu estou perdendo líquido. Parece que estou toda ‘mijada’.” E ele me respondeu: ''Mas eu estou com o prato cheio.'' Coitadinho, ficou nervoso!

Após ligar para minha mãe, lembro-me de ter pensado: ''Não tenho nada pronto''. Eu não sabia, mas não daria a mínima para isso nas próximas semanas. Às 14 horas, tomei a injeção para amadurecimento dos pulmões e remédio para retardar o trabalho de parto. Eram necessárias 48 horas para fazer efeito, mas minha princesa tinha outros planos...

Entrei em trabalho de parto à meia noite, às 3 horas estava com três dedos de dilatação, e às 6 horas e 30 minutos, com seis dedos de dilatação. Tudo isso tomando medicação para retardar o trabalho de parto, além de Buscopan para evitar as cólicas.

Como os batimentos do meu bebê caíam a cada contração, meu médico optou por uma cesárea, por segurança. Minha Alícia nasceu às 7 horas e 50 minutos, com 47 centímetros e 2.545 kg. Eu sabia que ela iria para a UTI, pois não haviam se passado nem 24 horas da injeção. Mas nada nos prepara para o que está por vir.

Na sala de recuperação, outras mamães receberam os seus bebês para amamentar e, apesar de eu saber da importância de Alícia estar na UTI e de ser grata por essa tecnologia existir, eu chorei muito pensando no que havia feito para tudo isso estar acontecendo.

A maternidade estava cheia e demorou para que eu fosse liberada para o quarto. Só pude ir à UTI ver minha filha perto das 18 horas. Foi muito difícil ver meu bebê dentro da incubadora, cheia de fios conectados a ela, e com o peito afundando para respirar. Mas eu estava esperançosa que em dois ou três dias ela estaria comigo.

Na noite anterior a minha alta, um dia depois do parto, fui com o meu marido na UTI e o médico disse que ela estava fazendo muito esforço para respirar e, se não melhorasse, eles teriam de entubar para que ela pudesse descansar. Naquela noite minha mãe dormiu comigo e, no dia seguinte, apesar de eu ter dito para ela que acordaria cedo para tirar leite a tempo de eles darem para Alícia, eu não conseguia levantar da cama. Quando fui à UTI, a haviam entubado. Foi devastador.

Liguei pro meu marido me buscar, pois estava de alta, e contei a ele. Quando chegou, ele também estava arrasado. Nem queria vê-la. Era uma sexta-feira. No sábado, o médico disse que os parâmetros estavam sendo diminuídos e que logo deveriam desentubar ela.

No domingo, quando estava começando a me acostumar e a ter esperanças, tivemos mais um golpe: os médicos tentaram tirar o tubo e ela não respirou sozinha. Foi preciso entubar novamente e pior, ela estava fazendo uma secreção que indicava infecção. Que desespero!

Nesse meio tempo eu nem havia colocado meu bebê no colo, não me sentia mãe por completo. O tempo todo eu me culpava, apesar de todos insistirem que eu não tinha culpa. Eu ia ao hospital duas vezes por dia, todos os dias. Tirava o leite para ela, ficava ao seu do lado dizendo o quanto a amava, e saía de lá chorando. Meu último pensamento antes de dormir era sempre voltado a ela. E acordava pensando em seu corpinho cada dia mais magrinho.

Na terça-feira, fiquei esperando para entrar na UTI, pois estavam em procedimento com um bebê que acabara de chegar. Fui ao Banco de Leite e quando voltei me pediram pra esperar porque estavam em procedimento. Rezei os 15 minutos que fiquei de pé esperando, sem saber que o procedimento era na minha bebê. Quando entrei, quase morri de felicidade. Haviam tirado o tubo dela.

Depois disso foi uma sucessão de alegrias. Logo a peguei no colo. Depois meu marido deu leite na seringa para ela e, por último, comecei a dar o peito. No mesmo dia ela teve alta da UTI e depois de mais três dias fomos pra casa. Foram 12 dias de UTI e mais três na pediatria.

Para quem lê, e hoje olhando para trás, 12 dias não é muito tempo, mas naquela situação eram como 12 meses. Vi casos incríveis de recuperação no hospital. Em todos esses dias, me preocupei principalmente em passar muito amor e segurança para ela e em tirar o leite para que a alimentação da Alícia fosse exclusiva com o meu leite. Foi a melhor coisa que eu fiz.

Hoje ela tem quase cinco meses e nunca ficou doente. Na última consulta com o pediatra, aos quatro meses, ela media 63 centímetros e pesava 6.860 kg. Ganhou mais de 4 kg alimentando-se exclusivamente de leite materno, que como diz o pediatra, não é só alimento, é também remédio.


Se alguma mãe estiver passando por isso agora, eu garanto uma coisa: quando tudo isso passar, vai parecer que nem aconteceu."

Thais, mãe da Alícia.

 

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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