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28.11.2014

Combate ao estresse é prioridade na evolução de bebês prematuros


Notícia original publicada em 18 de novembro de 2014.

por Suzy Scarton

Nem todas as crianças vingam, já dizia Machado de Assis. A frase, embora não pertença ao mesmo contexto, enquadra-se a uma realidade que assusta qualquer casal que pretenda engravidar. Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2012, revelou que aproximadamente 15 milhões de bebês nascem por ano no mundo antes de completarem as 37 semanas de gestação. E o Brasil é o 10º país em um ranking que contabiliza as nações com o maior número de nascimentos de prematuros, chegando a 279 mil casos anuais. Ontem, celebrou-se o Dia Mundial da Prematuridade.

Cientes dos riscos de uma gestação interrompida antes do momento certo, os hospitais se especializam em tratar e cuidar das crianças que precisam de cuidados excessivos logo após o nascimento. O brilho no olhar das profissionais atuantes do Serviço Médico de Neonatologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, faz com que o amor que passam aos bebês que ocupam os leitos da unidade seja palpável. A médica rotineira Elizabeth Eckert Seitz dá uma amostra do cotidiano oferecido aos pequenos pacientes. “Procuramos fazer com o que o ambiente seja o mais parecido possível com o ambiente uterino”, explica. Os profissionais procuram imitar a mesma temperatura, o silêncio e até o espaço limitado ao qual a criança tem acesso dentro da barriga da mãe.

[caption id="attachment_15485" align="alignleft" width="300"]No Moinhos, recém-nascidos têm quarto com iluminação estrelada. (Foto: Marco Quintana/JC) No Moinhos, recém-nascidos têm quarto com iluminação estrelada. (Foto: Marco Quintana/JC)[/caption]

Mesmo assim, a criança precisa permanecer em repouso o máximo possível. Os médicos procuram assisti-los ao mesmo tempo em que as fraldas são trocadas e as temperaturas são medidas. “A ideia é evitar o estímulo constante. O bebê precisa ficar sossegado, em repouso. Quando submetido ao estresse, até o desenvolvimento do cérebro pode ser afetado”, esclarece Elizabeth. O hospital desenvolveu, há cerca de um mês, um programa que proporciona um momento de repouso aos pequenos, com direito à música relaxante. Durante o Relax Baby Time, oferecido três vezes ao dia por uma hora, os bebês permanecem em repouso e nenhum tipo de procedimento é realizado, a não ser em casos urgentes. Uma iluminação imita estrelas brilhando no céu das salas das incubadoras. “Os pais têm acesso e podem até segurar os bebês durante esse período. A estimulação do toque pele com pele é muito importante, tanto para a mãe quanto para o bebê. Procuramos facilitar a criação de um vínculo o mais cedo possível.”

Vinculada ao estabelecimento há 20 anos, a enfermeira-líder do setor, Edite Terezinha Moraes, relata cada procedimento adotado pela unidade como se o bem fosse feito também a ela. “Os pais aprovaram a iniciativa. Alguns aproveitam para também descansar, outros querem ficar próximos dos filhos. E os bebês ficam muito mais tranquilos”, comemora.

Depois de passarem pela UTI, os bebês vão mudando de sala conforme a evolução. Os que ficam mais próximos da porta de saída, estão perto de obter alta. Alguns, que nascem com 400 ou 500 gramas, ficam em salas de isolamento, para que tenham proteção máxima. Só para se ter uma ideia, um bebê com 37 semanas gestacionais nasce com aproximadamente três quilos e 50 centímetros.

Aos pais, é oferecido um acompanhamento com psicólogos. “É uma situação que assusta, principalmente os pais de primeira viagem. Só de ouvir a palavra UTI já se cria uma tensão, mas procuramos garantir que a estada das crianças seja a mais tranquila possível”, explica Edite.
A principal motivação dos profissionais da neonatologia é contrariar o mestre Machado e fazer com que, de fato, todas as crianças que ali chegam vinguem.

Fonte: Jornal do Comércio

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