12 de Setembro de 2013

Cecília: a riqueza da mamãe Stephanie

“Bom, a princípio corria tudo bem, não tive nenhum sintoma da gestação e, por não menstruar com regularidade, não estranhei a falta. Senti umas dores de cabeça muito fortes e muito cansaço, então, para tomar os remédios, fiz um teste de farmácia por desencargo de consciência. E... positivo! Era agosto e minha última menstruação tinha sido em novembro do ano anterior.

No dia seguinte, fui ao laboratório antes do trabalho, bem cedo para fazer o exame de sangue. O resultado saiu depois do almoço e, a partir de 25, considerava-se positivo. O meu resultado era 1000. Comecei já na semana seguinte o pré-natal com meu ginecologista de sempre, mas precisava fazer uma eco trans para verificar o tempo de gestação e DPP, também exames de sangue, urina, etc. Fomos fazer a eco e, como a gravação era opcional, até pensamos em não fazê-la, pois achamos que ia aparecer só um fundo preto. Bom que gravamos porque já estava com quase 14 semanas, com braços e pernas se movimentando bastante (mas nem sinal de barriga).

Na consulta, recebi a agenda Roteiro da Mamãe, que foi muito útil. Tomei bastante água, comi bem, cortei café, chá, refrigerantes, qualquer bebida alcoólica, enlatados, conservas, embutidos e já estava tomando a suplementação de vitaminas. Tudo ótimo, fazendo uma eco por mês antes da consulta e todos os exames, que eram precisos e foi dando tudo ótimo, perfeito. Na eco seguinte, descobrimos já que era uma menina, que seria a Cecília.

Com 29 semanas, tive um sangramento à tarde no trabalho e fui ao hospital. Examinaram-me e já estava com 2 de dilatação e precisaria ficar internada para tomar medicações. Fiquei internada uma semana no Hospital Nossa Senhora de Fátima e foi tudo excelente. Meu médico me visitava diariamente e as enfermeiras eram atenciosas, o quarto era confortável e tudo mais. O único desconforto era ter de fazer repouso absoluto e também a medicação, pois ficava 24h no soro com uma substância que dava taquicardia e falta de ar, por isso eu não conseguia dormir. Estouraram algumas vezes as veias dos meus braços e mãos, que são muito finas, aí saí com os braços bem ruins, mas só.

Tive alta e fui para casa seguir com os medicamentos e repouso. Com 34 semanas, tive contrações durante toda a tarde, mas estavam mais ou menos longe umas das outras. Ao anoitecer, foram ficando de 10 em 10 minutos e depois mais freqüentes. Aí fomos ao hospital e começaram a acontecer algumas coisas desagradáveis. Estava com 8 para 9 de dilatação, porém o N.S. de Fátima não dispunha de vaga livre na UTI Neonatal, que poderia ser preciso pela prematuridade. Infelizmente, fui encaminhada para o Santa Brigida, pois havia vaga na UTI Neo livre.

Chegando lá, já na recepção, mesmo com o encaminhamento para internação imediata em mãos, estavam perdidos, sem saber se eu seria internada ou passaria pelo pronto atendimento novamente. Foi quando decidiram que eu seria internada. Levaram-me para o pré parto, junto com uma moça que já estava lá desde às 18h sem líquido e sem dilatação, sofrendo e não faziam uma cesárea porque o obstetra dela não iria, e não fazia partos à noite. Então iriam esperar ele chegar a partir das 6h e isso já era por volta de meia noite.

Examinaram-me novamente e chegou meu médico, então me levaram para a sala de parto. Estava tudo combinado que o pai assistiria ao parto, porém, por ser um bebê prematuro, o anestesiologista decidiu, por conta própria, orientar a enfermeira que não o deixasse entrar, pois poderia acontecer alguma coisa e ele poderia se desesperar. Isso sem nem avisar meu médico, que também estava esperando o André entrar, mas nada... Aí o médico estourou a minha bolsa e a Ciça nasceu em uns 5 minutos, sem nenhuma intercorrência. Nisso, a enfermeira que viu o André lá plantado na porta feito um palhaço, saiu rindo e dizendo que a Cecília já tinha nascido e que ele nem tinha visto. Aí ele se alterou com ela, que estava brincando com uma coisa séria. Ela parou de deboche e foi levá-lo para conhecer a filha. Detalhe: ela não estava nem no berçário, nem na UTI e não sabiam onde meu bebê estava.

Ele só a conheceu quando ela foi para a UTI, e eu dei à luz sozinha, sem ninguém do meu círculo social. Levada para o quarto, fui deitada toda suja de sangue e a enfermeira disse que eu tomaria banho pela manhã apenas, que ela me ajudaria. Porém em meio àquela sujeira imensa de sangue e panos sujos, levantei, o André me ajudou a tomar banho, coloquei meu pijama e cinta limpinhos, o André trocou a roupa de cama e eu pude descansar um pouco. Eu não dormi, com saudade da minha barriga e preocupada de como ela estaria.

No dia seguinte, fui visitá-la na UTI e não esperava vê-la daquele jeito, irreconhecível. Chorei muito, muito, muito e quase não consegui me recuperar para sair da UTI e encontrar o pai dela. Ela estava completamente indefesa, e eu não sabia se estava com frio, dor, assustada, nada. Como eu já havia tomado a medicação anteriormente, logo tiraram todos os equipamentos e ficaram apenas a monitorar os batimentos. Como meu rh é negativo e do pai positivo, urgia a necessidade de um exame imediato para detectar o rh do bebê. Para saber se eu precisaria tomar uma vacina no caso da incompatibilidade, para não ter problemas em outras gestações e saber se haveria alguma rejeição do leite.

Porém, a pediatra de plantão foi me visitar no meu quarto e havia perdido o resultado do exame da minha filha! E sabem onde estava? Com meu obstetra, que pegou, me receitou a injeção adequada sem que houvesse nenhum controle do berçário (onde ficam os resultados). Não suficiente, ainda estavam nos negando algumas informações sobre o estado da Cecília na UTI, não gostavam de responder nossas perguntas, cheguei a visitá-la estando suja e, mesmo comentando com a enfermeira, a mesma disse que não trocaria a fralda dela naquele momento e ela permaneceu suja.

Frente a isto, procuramos a administração do hospital para que um pediatra particular fosse avaliá-la, e cogitamos a transferência de UTI. Aí tudo mudou, fomos otimamente tratados e recebemos todas as informações possíveis. Ela estava há algum tempo no berço e teve alta. Cecília nasceu 00h50min com 43cm e 2,200kg e teve alta com 2,180kg. Levamos ela para casa com 6 dias de vida, dois dias após meu aniversário (17/01). Sempre muito calma, não mamava no peito tão bem quanto na mamadeira, que era como ela se alimentava no hospital. Então, eu esgotava na bombinha e ela mamava bem, ganhando peso bem rápido. Cada dia mais esperta, cumpre a todas as expectativas de um bebê nascido a termo. Uma riqueza!”

Stephanie, mãe da Cecília

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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