13 de Maio de 2023

Ayla Caroline e sua história de vida

Eu Nadja, fui casada 20 anos com o pai do meu primeiro filho, o qual fiz um acompanhamento médico de reprodução humana para engravidar. Por eu ter endometriose, tinha dificuldade de engravidar. Aos 30 anos tive meu primeiro filho, nascido de nove meses. Perfeito e enorme! Pesando 3.7 kg, com 53 centímetros. Foi uma gestação complicada, mas meu filho nasceu com saúde. Hoje ele tem 19 anos, faz faculdade de engenharia mecânica na UNIVASF, na cidade onde ele mora com o pai. Me separei do pai dele e vim para o Rio de Janeiro. Casei novamente e jamais imaginei ou sequer pensei em engravidar. Justamente pelo fato de não poder engravidar por conta de ter hipotireoidismo. A idade também era outro empecilho. Fui surpreendida aos 45 anos com uma gravidez inesperada. Não consegui sequer acreditar que estava grávida novamente depois de ter tido uma perda um ano antes. Tive um aborto expontâneo, que me fez perder todas as esperanças de ter um dia outro filho. E a vida seguiu. Um ano e meio depois estou grávida. E eu achando que já era a menopausa chegando. Procurei o posto de saúde mais próximo. E fiquei surpreendida com a notícia de que estava grávida. Pensei logo: não tenho chances de segurar um feto. Já perdi um, não será diferente agora. E procurei fazer todos os exames e seguir as ordem da médica que começou a me acompanhar. Sofrendo muito com enjoos e irritada com tudo, inconformada por estar grávida nessa idade. E o meu marido, admitindo que não ia ter, pois não segurava mais um feto.

Assim as semanas foram passando, resolvi ir para a casa da minha mãe em outro estado e lá fiquei sendo acompanhada até passar os meses de alto risco, mesmo sabendo que a gravidez toda seria assim. Quando finalmente completei o quinto mês, resolvi voltar para casa. E voltando ao acompanhamento médico no HFB, tudo corria bem comigo e com a minha filha. Mas as coisas foram ficando complicadas depois da vigésima semana. Passei a ter momentos de raiva, desentendimento com o pai, falta de atenção dele com nós duas e eu terminei passando mal um dia. Fiquei muito triste, decepcionada e os enjôos não diminuíam, só me faziam mal. E num fim de semana ao sair do salão, percebi que minha bebê ainda não tinha mexido e eu estava me sentindo muito cansada! Resolvi ir ao hospital sozinha à noite. Chamei um Uber e fui, lá viram que eu não tinha condições nenhuma de voltar pra casa. Avisaram ao pai que eu estava internada e fiquei em observação. Começou uma jornada de tentar manter minha filha viva e fazer com que ela aguentasse mais até às 30 semanas. A equipe que me acompanhava decidiu então interromper a gravidez, pois ela estava muito abaixo do peso e não estava mais se desenvolvendo. No dia 10 de julho de 2019, precisamente às 16 horas, Ayla Caroline nasceu com 34 centímetros e com 755 gramas. Daí começou uma batalha! E eu fui me recuperar do choque. Foi como se eu tivesse interrompido a minha vida, pois já não estava com minha filha dentro de mim, dando tudo de mim pra ela crescer saudável até às 48 semanas. Fiquei arrasada! Ninguém para me confortar. O pai não acreditava que ela fosse sobreviver e isso me deixava mais triste. Confiante que a cada dia ela iria ficar bem, eu estava internada e ia visitá-la três vezes ao dia. Sem poder pegá-la no colo, olhava com ternura. E pedia a meu Deus para fortalecê-la a cada instante. E assim, foram os três meses mais longos da minha vida, esperando ela ganhar peso e ficar forte para lutar e viver. Teve dias que ela parecia partir. Os médicos me consolavam, mas eu acreditava na força que a minha filha tinha para querer viver. E assim foram os três meses mais longos da minha vida! Ela saiu da UTI, foi para UI e lá aprendeu a sugar o peito.

Foi ganhando peso e no dia da alta foi uma festa pois a Ayla, a menina terrível da incubadora número 1, teve alta. Deu trabalho para médicos e enfermeiros, pois tirava os tubos, e era preciso ficar toda enroladinha para não puxar. Hoje ela tem três anos e dez meses, estuda, é muito sapeca e conhecida como guerreirinha.Tem dificuldade para se alimentar e teve que aprender muita coisa, é bem acompanhada no HFB. Estamos felizes pelo desempenho dela. Sofri muito todos esses anos, e ao mesmo tempo sou feliz por ter minha jóia rara. Ayla Caroline Martins dos Santos, essa é minha princesa e a família também é feliz por tê-la entre nós. Obrigada pela oportunidade!

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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