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23.06.2011

As mudanças na rotina da casa com a chegada do bebê: tire de letra!


     Da avó incoveniente ao ciúmes do irmão mais velho... saiba como se sair bem nas situações mais desgastantes após o nascimento de um filho!

     "Um bebê em casa muda tudo. E não estamos falando só do trabalho extra e das mudanças na rotina. O novo elemento transforma também as relações familiares. Do cachorro de estimação aos avós, passando pela relação do casal, todos são afetados pela criança. Se adaptar aos novos papéis e solucionar os conflitos que nascem dos diferentes pontos de vista e necessidades de cada integrante da família também faz parte da aventura da maternidade.

     Isso entre uma troca de fralda e uma mamada, o trabalho e as compras do supermercado, a falta de sono e as contas que aumentam, as roupas que não cabem mais e as solicitações constantes de ser mãe, filha, nora, esposa...

     Conciliar as opiniões e vontades de todos com as necessidades do bebê não é uma tarefa fácil, que precisa ser executada com alguma diplomacia e muita sinceridade todos os dias.

     Ficar guardando mágoas, irritações e ressentimentos para não arranjar (mais um!) problema é que piora a situação. Se você está passando por isso, respire fundo e ponha a cabeça no lugar. Sabe o provérbio popular se correr o bicho pega, se ficar o bicho come ?Há uma saída: se falar o bicho some, ilustra o terapeuta familiar Arthur Müller. Por isso, fale tudo o que você sente, seja para o seu companheiro, para a sua mãe, para você mesma. E acompanhe os bons conselhos do terapeuta para sobreviver à nova vida.


A avó intrometida

     Ela sempre sabe o que fazer. Ou pelo menos diz que sabe. Em casos extremos, a avó chega a mudar para casa do casal para ajudar, mas pode acabar criando problemas por não respeitar as decisões dos pais. Nós que não sabemos dizer não ou o outro que não se toca?, questiona o terapeuta. Talvez um pouco de cada.


     É fato que os mais velhos têm mais experiência e, conseqüentemente, maior tranqüilidade para lidar com um recém-nascido. E sim, ter ajuda extra (e de confiança) no delicado período dos primeiros meses pode ser divino. Mas é preciso estabelecer limites e mostrar que os papéis mudaram e que a mãe agora é avó.

     Como cada família é única e tem sua própria história, não existe um só remédio que solucione todos os casos. Certamente, o melhor é falar claramente na primeira pessoa do singular: como eu quero, como eu me sinto , ressalta Arthur. Se sua mãe está dominando os cuidados com o bebê, ou sua sogra dá a entender que você está fazendo tudo errado, não se sinta mal de abrir o jogo.

     Com delicadeza, mas firmemente, esclareça que você é agradecida por toda a ajuda, mas o filho é seu e, ainda que erre, é sua responsabilidade tomar decisões. Opiniões são bem-vindas, mas a escolha é sua e não estão em negociação. A avó pode até ficar ofendida e fazer drama, mas você tem que ser firme se quiser ser respeitada.

Marido e mulher versus pai e mãe
     Antes eram só vocês dois, e todo o tempo do mundo para namorar, sair, se divertir, sem grandes responsabilidades além de pagar as contas do mês. De repente, o casal vira uma família, e não sobra mais tempo, dinheiro ou energia para ter vida social. São milhares de tarefas para cumprir e decisões a tomar, noites insones, choros constantes, cansaço que não passa.


     A vida sexual pode sumir, as atenções da mãe voltam-se para o filho e o marido pode se sentir rejeitado. Ainda por cima, se não houver consenso na divisão das tarefas, alguém vai ficar sobrecarregado. E agora? A gravidez traz alterações significativas para a vida do casal , explica a terapeuta familiar Lívia Almeida, sócia fundadora da Associação Brasileira de Terapia Familiar.

     É preciso abrir um espaço físico e emocional em suas vidas e nem sempre as pessoas estão preparadas ou estão dispostas a isso. Ou seja: na teoria ou na barriga, filho e ótimo. Mas na hora de encarar a vida real, com todas as suas exigências, a coisa muda de figura. 

A solução está antes do problema começar, baseada na qualidade da relação que o casal cultiva e como se preparou para a chegada do bebê.

     Mas, se o conflito já está instalado, como superá-lo? Com uma boa comunicação entre o casal. É importante assumir os problemas, os medos, as mágoas, e conseguir falar sobre isso. Mais do que fazer cobranças, é hora de abrir o coração e ouvir o lado do outro, para juntos e reconciliados, vocês buscarem uma solução. O canal para o desabafo tem que permanecer aberto.

     Não há substitutos para os acertos de uma relação. Nem filhos, nem carro novo, nem viagem , lembra Arthur Müller. Ou seja: se esconder atrás dos novos papéis de pai e mãe até que essa fase passe não vai resolver nada. Pelo contrário, o provável é que vocês se afastem mais. Daí a importância de trabalhar para recuperar o que uniu vocês no princípio: amizade, companheirismo, carinho, sexo...

     Reservar tempo só para vocês conversarem e curtirem as coisas simples da vida de casal, como namorar no sofá, é fundamental para lembrar que, debaixo da mãe e do pai, existem ainda um homem e uma mulher que precisam de atenção. Se só com conversa vocês não se entendem, talvez seja hora de procurar um terapeuta familiar.


O irmão ciumento

     Até então ele era o rei do lar, alvo de todas as atenções da casa. Mas, com a chegada do novo integrante da família, o filho mais velho pode se sentir abandonado e rejeitado. Perceber que o irmão está enciumado não é difícil, pois a criança é muito clara ao expressar seus sentimentos. Os brinquedos quebram, a porta bate, ela perde o apetite, se machuca... , enumera Arthur. Mais uma vez, conversa e participação são essenciais. Comece a preparar o seu primogênito quando o bebê ainda estiver na barriga. Explique o quanto aquele bebê é desejado, convide-o a passar óleo da barriga da mamãe, sentir o irmãozinho chutar, arrumar o quarto novo, enfim, fazer o filho se sentir participante da nova etapa na vida da família.


     Com o bebê em casa, a convivência continua. Chame seu filho para cantar para o neném, ajudar com as fraldas, o banho, a comida, as brincadeiras. Com o cuidado de não responsabiliza-lo por mais do que tem maturidade para encarar qual o sentido de dizer a uma garotinha de quatro anos que agora ela irá cuidar do irmão? mas dando à criança deveres e cumprimentando-a por se esforçar para cumpri-las.

     Mesmo com toda a correria, esforce-se para dar um tempo sozinha com seu filho mais velho. Sim, ele vai ter que compartilhar os pais agora, mas forçar essa compreensão de uma hora para outra vai deixá-lo triste e carente.

     Evite culpar o bebê pela eventual distância e falta de tempo, com frases como agora não posso, seu irmão está chorando . Assuma que seu papel de mãe tem responsabilidades, sem nunca deixar de demonstrar o quanto ele continua sendo amado, querido e importante na família.

     É preciso ensinar o pequeno a lidar com as situações novas, enxergando-as como ganhos e não como perdas, afinal, não é só o irmão que pode disputar o espaço com o primeiro filho: um novo trabalho, um parente doente, mudança de casa... quantas novas situações podem acontecer?, questiona Arthur.

A depressão pós-parto
     A chegada do bebê ainda mais se for o primeiro é um momento que desperta emoções muito intensas como felicidade e medo na mamãe, acumuladas depois de meses, ou até anos, de espera e expectativa. Com tantas incertezas e preocupações, é normal que a mulher passe por um período de leve tristeza, sentindo-se um pouco desatenta e com sentimento de culpa por não estar feliz como ela imaginou que estaria.


     Já a depressão pós-parto é um quadro clínico grave e deve ser tratado por especialistas, alerta Arthur. Mas qual é a diferença? A depressão pós-parto geralmente começa até quatro semanas após nascimento do bebê e se caracteriza por instabilidade de humor e por outros transtornos como pensamentos obsessivos até sobre a morte.

     A mulher sente-se pesada, com muito sono ou insônia. Bate uma enorme falta de perspectivas de futuro e um forte sentimento de rejeição com o bebê. É comum ele chorar e a mãe não querer atendê-lo, evitar a criança e, em casos mais graves, até abandonar o filho.

     O tratamento deve ser feito o quanto antes, para não trazer problemas à criança, como apego excessivo, atraso na linguagem ou agressividade. O melhor é combinar a atenção de um médico e de um psicoterapeuta , explica Arthur. Uma das técnicas, na terapia familiar, é fazer a família se dar conta dos aspectos positivos que possam ajudá-los a superar os sintomas. Medicamentos antidepressivos também podem ser receitados.



O amigo peludo

    Os cães já nos aceitam como membros da sua matilha, por isso, ao perceberem a chegada de um novo integrante, assumem a posição de protetor desse filhote. Dessa forma a chegada do bebê só passa a ser uma novidade não muito agradável se o cão for privado de ter acesso a criança ou mesmo ter seu status bruscamente alterado, explica o educador animal Ricardo Machado.


     Sempre associe a presença do bebê a uma situação divertida, como o cão receber mais atenção ou algum petisco de que goste. Nunca, jamais, brigue com ele na presença da criança ou modifique sua rotina como deixar de levá-lo para passear ou impedi-lo de entrar dentro de casa, por exemplo depois da chegada do pequeno. Cães adoram rotina e estranham mudanças repentinas. Tudo o que você pretenda alterar com a vinda do bebê deve ser mudado com antecedência e não a partir da chegada da maternidade , afirma Ricardo."




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