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14.12.2014

As aventuras de um pai prematuro, parte 3


O Giovane é pai do Vicente, que nasceu de 26 semanas, com 960 gramas. Ele está contando, em 10 postagens, a sua visão sobre a prematuridade. Para quem perdeu o outros textos do Giovane, vale conferir aqui!

"Nossa última aventura falou sobre o susto da prematuridade extrema e como foram aqueles momentos de tensão durante a espera pelo parto, passada essa etapa; mesmo sem poder assistir e não ver nosso bebê logo após o parto estávamos diante de toda aquela euforia do primeiro filho, a experiência e a sensação são indescritíveis. Mas na verdade é que ainda não tínhamos noção do que era sermos pais de um prematuro extremo. Quem sabe um dia nosso Vicente leia esse texto e saiba que nosso sentimento não foi de dor, mas de recompensa!

[caption id="attachment_15596" align="aligncenter" width="620"]babyneo Fonte: Telegraph.co.uk[/caption]

Bom, chegado o dia seguinte ao parto daríamos inicio ao que podemos chamar de maior maratona de nossas vidas, era o dia de conhecer melhor nosso bebê. Uma mistura de tensão com nostalgia preenchia nossas mentes. Minha esposa tinha o visto muito rapidamente após o parto, pois ele havia sido direcionado diretamente a UTI Neonatal. Não sabíamos o que nos esperava, mesmo estávamos nos sentindo preparado! Não imaginávamos como seria um ambiente onde crianças ainda indefesas estariam lutando pela sobrevivência. Na verdade a primeira impressão foi de que as coisas não seriam nada fáceis.

Toda a rigorosidade da preparação da entrada, o procedimento de lavagem das mãos, a retirada das alianças, relógios, bolsas, o manto azul, os conselhos das enfermeiras para que evitássemos olhar as outras incubadoras. Na verdade aquilo tudo me soava mais como um ambiente hostil do que um ambiente de recuperação. Mas era somente uma impressão, assim que entramos o sorriso estampado no rosto de cada enfermeira já representava que a busca por um ambiente mais tranquilo naquele momento era o objetivo de todas ali. Chegamos perto de nosso bebê, querem saber a primeira impressão? Ficamos paralisados, somente olhando para ele. Seria mesmo a maior maratona de nossas vidas, a maratona pela sobrevivência de nosso maior legado. Ele não usava chupeta, intubado, uma fralda cobria quase todo o seu corpo, tinha a pele enrugada, mas com uma ótima tonalidade rosada. Passada as primeiras sensações ficamos ali por alguns minutos observando ele e tentando imaginar como seria seu rosto, pois estava coberto com um tampão azul e sob a uma forte luz para evitar possíveis problemas na pele.

As primeiras orientações médicas preocupavam, ele estava intocado pois ainda não conseguia e nem sabia respirar sozinho pois seus pulmões eram fracos, havia praticamente apenas duas semanas que ele haviam se desenvolvido. Diante disso tudo o que nos restava era encher novamente o peito de coragem, respirar fundo e avisar nossa família que estava tudo bem. Tínhamos como pais naquele momento o dever de nos mostrarmos firmes e fortes, pois nossa emoção também vai ajudar ou prejudicar a sua recuperação. Importante os pais passarem tranquilidade e segurança ao bebê mesmo ainda dentro da incubadora, pois estudos já dizem que essas ações ajudam no desenvolvimento do bebê.

Saímos sem ao menos tocá-lo, não pedimos; talvez por medo, talvez por insegurança inicial e ninguém nos orientou a fazer o mesmo e então preferimos naquele instante deixar essa sensação para outro momento. No mesmo dia, lembrando que já era noite, quando fomos novamente à UTI ver nosso pequenino uma enfermeira que aparentava ter muitos anos de hospital era quem estava naquela noite se dedicando ao Vicente, ela estava com um sorriso de vovó estampado no rosto e tinha uma voz serena. Ela nos observou dois grudados na incubadora e disse - Vocês podem tocar ele se quiserem? Nós queremos!!! - ela alertou para apenas tocar e não passar os dedos nele, pois a pele ainda era muito sensível. Começávamos a ter uma noção ainda maior dos cuidados especiais que precisaríamos ter. Assim fizemos, de forma ainda tímida cada um de lado da incubadora por poucos minutos seguramos suas mãos.

Saímos com a certeza de que precisaríamos manter nosso pensamento positivo, manter nossa fé e aquele velho ditado - O problema não é o problema, o problema é a forma de como você reage ao problema!"

Giovane – Pai do Vicente [ do Latim Aquele que sempre Vence ]

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