26 de Abril de 2023
Ana Júlia, nossa guerreira
Quando estava com 6 meses e meio minha pressão começou a subir, iniciei com medicamento e a pressão não baixava. Fui afastada por 14 dias para ficar de repouso absoluto com os pés para cima, estava muito inchada, mal conseguia pisar no chão de tanta dor que sentia. Longos dias inchando, pressão alta e sem saber o que seria dali pra frente.
Quando meu obstetra viu que minha situação se agravou, me encaminhou para outro obstetra, plantonista, depois disso, fui encaminhada direto para a maternidade. Ouvi do médico, “interna agora vou ter que tirar sua bebê”. O desespero tomou conta, eu ainda não estava preparada pela vinda dela, mas eu já não tinha mais escolhas, era a hora e não tinha mais o que fazer.
Ana Júlia já não estava mais recebendo nutrientes, perdeu peso, a minha corrente sanguínea já não estava mais passando para ela, minha placenta já sem água, envelhecida e ela estava com o cordão enrolado no pescoço. Tudo muito rápido, assustador e angustiante.
34 semanas, dia 06/09/21 às 15:54 nascia minha pequena guerreira com 1.805kg de um parto cesárea emergência para que pudessem salvar ela e eu. Ela lutou tanto na barriga, forçou tanto o pulmão para sobreviver que precisou ir direto pra encubadora, foram longos 18 dias na UTI, considerada uma bebê PIG, pequena e abaixo do peso, ficou no oxigênio, com sonda e os bracinhos todo roxo de picadinhas. Maior dor da vida, ver nossos pequenos dentro de uma incubadora, respirando por aparelhos, tão indefesos.
Você ter alta do hospital e voltar para casa sem seu filho. Só quem passa para sentir essa dor terrível, foi assim que Deus permitiu, todos os dias era um pesadelo chegar em casa sem ela nos braços, sem ter ela comigo e com meu esposo. as lágrimas escorrem sem consolo, mas no outro dia, era tudo de novo, levanta, se arruma e forças pra enfrentar a UTI novamente. Eu e o papai não tínhamos forças mas Deus foi a nossa, muitas orações, recebemos muito apoio e carinho, o que nos fez forte e confiar de que logo tudo iria passar.
Eu continuava em perigo, com a pressão mega alta e super inchada, mas eu dei o meu melhor, eu estava ali todos os dias dentro da UTI, ao lado da minha pequena, ela precisava sentir para se recuperar bem e eu mesmo sem forças, correndo o risco de ter um AVC, eu estava ali, só pensava nela.
Hoje, estamos em casa, prestes a completar 2 meses, já está pesando 3kg, crescendo rápido demais, ela é a nossa alegria, nosso milagre, nossa guerreira. Papai e mamãe que estão passando por isso, entrega tudo nas mãos de Deus, ele sabe exatamente a hora certa de agir, é difícil, dolorido, mais passa. A tão sonhada alta vai chegar, e será só alegria, uma experiência muito dolorosa, mas que para sempre será lembrada em forma de gratidão a Deus pelo milagre recebido.
(Relato da mamãe Nájela enviado em 2021)